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sábado, 5 de maio de 2012

Artigos: O Complexo de Édipo


Alguns conceitos em psicologia são particulares de algumas abordagens psicológicas e o complexo de Édipo é um conceito fundamental para a psicanálise, entendido, inclusive, como sendo universal e, portanto, característico de todos os seres humanos. O complexo de Édipo caracteriza-se por sentimentos contraditórios de amor e hostilidade. Metaforicamente, este conceito é visto como amor à mãe e ódio ao pai, mas esta idéia permanece, apenas, porque o mundo infantil resume-se a estas figuras parentais ou aos representantes delas.


A idéia central do conceito de complexo de Édipo inicia-se na ilusão de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, o que é reforçado pelos cuidados intensivos que o recém nascido recebe por sua condição frágil. Esta proteção é relacionada, de maneira mais significativa, à figura materna. Mais ou menos aos três anos, a criança começa a entrar em contato com algumas situações em que sofre interdições. Estas interdições são facilmente exemplificadas pelas proibições que começam a acontecer nesta idade. A criança não pode mais fazer certas coisas porque já está “grandinha”, não pode mais passar a noite inteira na cama dos pais, andar pelado pela casa ou na praia, é incentivada a sentar de forma correta e controlar o esfíncter, além de outras cobranças. Neste momento, a criança começa a perceber que não é o centro do mundo e precisa renunciar ao mundo organizado em que se encontra e também à sua ilusão de proteção e amor total. O complexo de Édipo é muito importante porque caracteriza a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem se dedicar somente a ela porque possuem outros compromissos, como é o caso do trabalho, de amigos e de todas as outras atividades.
A figura do pai representa a inserção da criança na cultura, é a ordem cultural. A criança também começa a perceber que o pai pertence à mãe e por isso dirige sentimentos hostis a ele. Estes sentimentos são contraditórios porque a criança também ama esta figura que hostiliza. A diferenciação do sujeito é permeada pela identificação da criança com um dos pais. Na identificação positiva, o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe. O menino tem o desejo de ser forte como o pai e ao mesmo tempo tem “ódio” pelo ciúme da mãe. A menina é hostil à mãe porque ela possui o pai e ao mesmo tempo quer se parecer com ela para competir e tem medo de perder o amor da mãe, que foi sempre tão acolhedora. Na identificação negativa, o medo de perder aquele a quem hostilizamos faz com que a identificação aconteça com a figura de sexo oposto e isto pode gerar comportamentos homossexuais. Nesta fase, a repressão ao ódio e à vontade de permanecer em “berço esplêndido” é muito forte e o sujeito desenvolve mecanismos mais racionais para sua inserção cultural. Com o aparecimento do complexo de Édipo, a criança sai do reinado dos impulsos, dos instintos e passa para um plano mais racional. A pessoa que não consegue fazer a passagem da ilusão de superproteção para a cultura, psicotiza.

Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, que elaborou uma extensa teoria sobre o desenvolvimento sexual da infância do ser humano, acreditava que esse desenvolvimento estaria diretamente ligado à vida afetiva do adulto, principalmente no que tange à escolha de parceiro. É predominante nessa teoria o "Complexo de Édipo" que, de maneira bastante sucinta, pode ser definido como o "conflito em que é vivida uma representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo." (Vocabulário da Psicanálise)
A explicação desse complexo apavora e deixa indignada muita gente. Não é raro questionamentos desse tipo: "- Como uma criança pode ter desejo sexual, e ainda por cima pelo pai ou pela mãe? Que horror!" Tal revelação realmente causa espanto quando não é analisada de forma correta e vista fora do contexto em que deve estar inserida.
 


A questão é que meninos e meninas têm como seu primeiro objeto de amor a mãe, pessoa que cuida, que alivia a dor, que alimenta, proporcionando-lhes, assim, sensação de bem estar e prazer. No decorrer do desenvolvimento a menina transfere para o pai a energia afetiva que até então direcionava para a mãe. Nessa época passa a apresentar sentimentos hostis, não conscientes, para com a mãe, visto que precisa dividir com ela as atenções dispensadas por seu pai. O menino mantém o mesmo objeto de amor desde o nascimento apenas intensificando-o em determinada fase, quando torna-se, hostil para com o pai, pois o encara como um rival. Aquela pessoa tão maravilhosa e que a criança tanto deseja com exclusividade é proibida para ela.
Futuramente vão percebendo, ainda de maneira inconsciente, que não têm como disputar com seu pai ou sua mãe e, então, tendem à identificação com a figura parental do mesmo sexo que o seu. Isso ocorre na fantasia da criança, pois imagina que já que o pai ou a mãe são tão interessantes um para o outro, ela deverá se parecer com aquele do seu mesmo sexo para, assim, também ser igualmente interessante aos olhos do outro. Dessa forma, a menina passa a admirar a mãe e o menino passa a admirar o pai até que criem identidade própria e façam escolhas afetivas fora do ambiente familiar, mas, com resquícios desta fase do desenvolvimento infantil, pois em seus relacionamentos amorosos emerge o primitivo.
Diante disso pode-se dizer que as escolhas que as pessoas fazem dos seus parceiros e a manutenção da relação tem ligação direta com essas questões da infância. Tendem a se relacionar com réplicas de seus pais, figuras não conquistadas, outrora, da maneira desejada. Quando a criança não consegue superar satisfatoriamente a fase do Complexo de Édipo costuma repetir com parceiros diferentes a relação dos pais em sua vida adulta, independente da qualidade desta relação. É nesse complexo e na proibição que o caracteriza que é identificada a principal fonte das dificuldades de relacionamento entre homem e mulher. A postura materna e paterna é muito importante para a elaboração do Complexo de Édipo, no sentido de estabelecer para a criança os verdadeiros papéis de cada um na vida familiar.
Alguns daqueles que não fizeram essa elaboração na infância vêm realizá-la posteriormente pela via da dor psíquica. São amadurecidos pelo sofrimento de relações desastrosas. Essas experiências, juntamente com a psicoterapia, fazem com que as repetições diminuam e que possa haver um enlace amoroso satisfatório.
São muitas as questões que permeiam os encontros e desencontros entre homem e mulher, mas o fato é que a mulher existe enquanto ser humano e se configura como tal frente ao homem, assim como este se faz homem diante da mulher. Um é o complemento do outro por serem diferentes. Um procura no outro aquilo que não tem. A mulher precisa desenvolver seu lado masculino para se completar, ao passo que o homem, seu lado feminino.
É na relação que o humano atua e se revela, tornando-se feliz ou triste, por isso o amor continua sendo o tema preferido de tantos poetas, criaturas tão sensíveis.