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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Artigos: O Poder Transformador da Educação



O que têm em comum países tão diferentes como Finlândia, Coréia e Espanha? Não são os costumes nem a localização. O que os aproxima hoje é a prioridade absoluta que dão à educação. São bons exemplos de uma transformação radical no cenário econômico mundial ao longo das últimas décadas: a revolução provocada pela educação. Esse trio pôs em prática uma nova cartilha de políticas educacionais contínuas (os governos mudam, mas não o compromisso de mantê-las) e focadas: passaram a selecionar com mais rigor os professores, reformaram as leis educacionais e ampliaram o tempo de permanência na sala de aula. Como fruto disso, os três colhem intenso desenvolvimento social. A competição econômica, a globalização e o surgimento de uma civilização baseada no conhecimento fazem com que o papel fundamental da educação saia do plano da retórica, circule nos gabinetes de governo, invada as rodas de empresários e passe a integrar a agenda de todo cidadão. 

Basta pensar no que vem acontecendo em nossas próprias casas. De repente, siglas como Enem, Pisa, Ideb e MBA passaram a fazer parte do planejamento do futuro dos filhos. Embora uma pesquisa realizada em 2006 pelo Ibope indique que a educação é apenas a sétima preocupação do brasileiro, atrás de drogas e desemprego, convém ficar de olho: em breve, estará entre as primeiras. O país começa a despertar para essa nova corrida do ouro. 

Afinal, por que a educação faz tan ta diferença? “Porque é uma dimensão da vida em sociedade que afeta todas as demais. Incide sobre a qualidade da representação política, a distribuição de renda, o desenvolvimento econômico e a justiça social”, responde o ministro da Educação, Fernando Haddad. Talvez o impacto mais visível seja sobre a renda. Segundo um estudo realizado em 2007 pelo economista Marcelo Néri, da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, o salário médio de um médico pós-graduado chega a ser 22 vezes maior que o de um analfabeto. Melhorar o nível de educação de um país incide até mesmo sobre o planejamento familiar. Aos 50 anos, uma mulher que completou ao menos o ensino básico tem, em média, um filho a menos do que o conjunto das mulheres dessa fai xa etária.

O ministro destaca ainda a mudança de demandas dos menos favorecidos. “Com educação, a tendência é que as famílias exijam mais qualidade.” Nossos vizinhos acordaram antes: em 1960, cerca de 21% da população do Chile tinha ensino superior; hoje, são 36%. No caso brasileiro, passamos de pouco mais de 12% para minguados 16% no mesmo período – menos da metade dos 36% que a Argentina registrava já em 1995, segundo dados da Unesco, o órgão das Nações Unidas para a educação e a ciência.
O caso da China é também emblemático. “A China imperial do século 14 atingiu níveis econômicos que o império britânico só alcançaria três séculos depois”, lem bra o economista Samuel Pessoa, da Fundação Getulio Vargas. Uma característica marcante da sociedade chinesa dessa época foi a meritocracia. Na elite dos mandarins, os altos funcionários públicos, a aquisição do conhecimento era condição básica para ascender. Hoje, projeções mostram que a China quintuplicará o número anual de graduados do ensino superior até 2015, passando de 1 milhão para 5 milhões de pessoas – o dobro dos Estados Unidos. 

No Brasil, a preocupação com a educação só virou política de governo nos anos 30, com Getúlio Vargas, que criou o primeiro Ministério da Educação. “Começamos 100 anos depois de outros países latino-americanos, 150 anos depois da Europa”, lamenta o ex-ministro Paulo Renato de Souza. Como resultado, amargamos indicadores vergonhosos: em 1960, 46% da população brasileira era analfabeta e metade das crianças e jovens de 7 a 14 anos estava fora da escola. Hoje, o analfabetismo está em torno de 11% e não há crianças fora da escola, mas a briga é pela qualidade. Paradoxalmente, o Brasil foi um dos países que mais cresceu ao longo do século 20. Para Paulo Renato, isso ocorreu porque o desenvolvimento se centrou em atividades primárias, como a agricultura e a exportação de minérios, que exigem pouca qualificação, e na manutenção de uma economia muito fechada. O fato de não termos uma população majoritariamente educada levou à construção de uma das sociedades mais desiguais do planeta.

A educação é a saída para mudar esse cenário: hoje, sabe-se que o caminho não é crescer e investir em educação, mas educar para crescer. “Todos os países que passaram de subdesenvolvidos a desenvolvidos investiram muito em educação, sendo que a educação veio antes do progresso.