FOTOGRAFIAS

AS FOTOS DOS EVENTOS PODERÃO SER APRECIADAS NO FACEBOOCK DA REVISTA.
FACEBOOK: CULTURAE.CIDADANIA.1

UMA REVISTA DE DIVULGAÇÃO CULTURAL E CIENTÍFICA SEM FINS LUCRATIVOS
(TODAS AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NAS PUBLICAÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DE QUEM NOS ENVIA GENTILMENTE PARA DIVULGAÇÃO).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Artigos: Perspectivas e Desequilíbrios da Globalização



processo produtivo mundial é formado por um conjunto de umas 400-450 grandes corporações (a maioria delas produtora de automóveis e ligada ao petróleo e às comunicações) que têm seus investimentos espalhados pelos 5 continentes. A nacionalidade delas é majoritariamente americana, japonesa, alemã, inglesa, francesa, suíça, italiana e holandesa. Portanto, pode-se afirmar sem erro que os países que assumiram o controle da primeira fase da globalização (a de 1450-1850), apesar da descolonização e dos desgastes das duas guerras mundiais, ainda continuam obtendo os frutos do que conquistaram no passado. A razão disso é que detêm o monopólio da tecnologia e seus orçamentos, estatais e privados, dedicam imensas verbas para a ciência pura e aplicada. 

Politicamente a globalização recente caracteriza-se pela crescente adoção de regimes democráticos. Um levantamento indicou que 112 países integrantes da ONU, entre 182, podem ser apontados como seguidores (ainda que com várias restrições) de práticas democráticas, ou pelo menos, não são tiranias ou ditaduras. A título de exemplo lembramos que na América do Sul, na década dos 70, somente a Venezuela e a Colômbia mantinham regimes civis eleitos. Todos os demais países eram dominados por militares ( personalistas como no Chile, ou corporativos como no Brasil e Argentina). Enquanto que agora , nos finais dos noventa, não temos nenhuma ditadura na América do Sul. Neste processo de universalização da democracia as barreiras discriminatórias ruíram uma a uma (fim da exclusão motivada por sexo, raça, religião ou ideologia), acompanhado por uma sempre ascendente padronização cultural e de consumo.

A ONU que deveria ser o embrião de um governo mundial foi tolhida e paralisada pelos interesses e vetos das superpotências durante a guerra fria. Em conseqüência dessa debilidade, formou-se uma espécie de estado-maior informal composto pelos dirigentes do G-7 (os EUA, a GB, a Alemanha, a França, o Canadá, a Itália e o Japão), por vezes alargado para dez ou vinte e cinco, cujos encontros freqüentes têm mais efeitos sobre a política e a economia do mundo em geral do que as assembléias da ONU. 

Enquanto que no passado os instrumentos da integração foram a caravela, o galeão, o barco à vela, o barco a vapor e o trem, seguidos do telégrafo e do telefone, a globalização recente se faz pelos satélites e pelos computadores ligados na Internet. Se antes ela martirizou africanos e indígenas e explorou a classe operária fabril, hoje utiliza-se do satélite, do robô e da informática, abandonando a antiga dependência do braço em favor do cérebro, elevando o padrão de vida para patamares de saúde, educação e cultura até então desconhecidos pela humanidade. 

O domínio da tecnologia por um seleto grupo de países ricos, porém, abriu um fosso com os demais, talvez o mais profundo em toda a história conhecida. Roma, quando império universal, era superior aos outros povos apenas na arte militar, na engenharia e no direito. Hoje os países-núcleos da globalização (os integrantes do G-7), distam, em qualquer campo do conhecimento, anos-luz dos países do Terceiro Mundo.

Ninguém tem a resposta nem a solução para atenuar este abismo entre os ricos do Norte e os pobres do Sul que só se ampliou. No entanto, é bom que se reconheça que tais diferenças não resultam de um novo processo de espoliação como os praticados anteriormente pelo colonialismo e pelo imperialismo, pois não implicaram numa dominação política, havendo, bem ao contrário, uma aproximação e busca de intercâmbio e cooperação.


O processo de globalização e integração econômica em blocos regionais constitui o elemento dinâmico "construtivo" do atual movimento de reordenação das relações internacionais, rumo a uma Nova Ordem Global. A globalização tem sido apresentada como um fenômeno de abertura simultânea das economias nacionais, gerando como resultado uma mundialização homogeneizada. Contudo, a globalização é seletiva, pois visa a determinadas regiões, atividades e segmentos sociais a serem integrados mundialmente. Desta forma, enquanto certas áreas e grupos são integrados globalmente, outros são excluídos desta gigantesca transformação, conduzindo a uma diversificação cada vez maior do espaço mundial e agravando a concentração de riqueza em termos nacionais e sociais. O colapso do Campo Soviético e o fim da Guerra Fria aprofundaram sobremaneira tais tendências no início dos anos 90, com a ausência de um inimigo externo fomentando ainda mais a competição internacional.

Na falta de oposição significativa, o capitalismo desenvolve forte tendência a radicalizar suas formas, antigamente condicionadas externamente pela Guerra Fria e internamente pela social-democracia. Este fenômeno propicia uma aceleração do processo de reestruturação econômica e, consequentemente, da concorrência e rivalidade interpólos. Uma manifestação desta situação foi a rápida formalização de novos processos de integração, como o Mercosul e o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), bem como o aprofundamento da União Européia e o estabelecimento de alianças entre alguns em detrimento de outros. 

Apesar da situação vulnerável da economia mundial, o Pacífico apresenta-se como uma região de promissor crescimento econômico, já o Atlântico Norte configura um quadro diverso, com lento crescimento da produção tanto em sua margem americana como européia. Os Estados Unidos, o maior e mais importante país capitalista do planeta, do qual depende a segurança político-militar do sistema, tornou-se, desde fins dos anos 60, uma nação importadora de produtos manufaturados, inclusive alguns bastante sofisticados. Numa fase de relativa estagnação que atinge vários setores, o american way of life é, cada vez mais, sustentado pelo consumo de mercadorias importadas e pelo endividamento externo e interno. 

Para fazer frente aos desafios de seus aliados-rivais, econômica e comercialmente mais dinâmicos, além de tecnologicamente mais avançados, bem como à conjuntura do fim da Guerra Fria, os EUA buscam, desde fins dos anos 80, reorientar sua economia, de forma a retomar o crescimento e a competitividade. Um dos aspectos estratégicos desta política consiste na redução das despesas armamentistas, como forma de incrementar os investimentos produtivos. Neste sentido, Washington vive um dilema angustiante: sem reduzir sua presença internacional, os EUA não lograrão reorientar sua economia; mas, sem manter sua liderança mundial, o país não conseguirá obter os meios necessários para retomar o crescimento e a dianteira tecnológica.

Além disso, a crescente globalização da produção das finanças e a intensificação do comércio internacional não se encontram associadas ao multilateralismo (redução em nível global das barreiras ao fluxo de bens e serviços entre as nações).