A obra Além do Bem e do Mal, escrita pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, surgiu praticamente junto com o processo de criação de “Assim Falou Zaratustra”, a partir das meditações do autor ao longo desta gestação. Pode-se afirmar que este ensaio marca uma radical mudança na sua visão de mundo, que se torna mais negativa e corrosiva.
O filósofo alemão tem uma afeição particular por este livro que, ao lado de Assim Falava Zaratustra, constitui sua principal criação, englobando uma vasta gama temática. Sua etapa mais circunspecta está toda resumida nesta obra, desde a análise da sede de poder e tudo que deriva desta paixão, até sua teoria perspectivista, o julgamento moral, a visão psicológica dos aspectos religiosos, a concepção de um ser mais sublime.
Nietzsche também censurava o ponto de vista nacionalista e a prática do anti-semitismo, ponto polêmico de sua teoria, pois muitos atribuem ao filósofo a gestação de idéias nazistas, mas na verdade, apesar dele defender a supremacia de uma raça, esta deveria ser composta por uma mistura entre os integrantes da nobreza que povoava a Europa e membros da etnia judaica, que detinha um poder econômico cada vez maior.
Em sua obra principal o autor igualmente desmente a famosa moral da aristocracia, seus matizes e sua posição antagônica em relação ao Cristianismo, alvo de diversos textos do filósofo. Este ensaio é concluído brilhantemente com um de seus mais tocantes poemas, intitulado Das Altas Montanhas.
Em 1886, quando é lançada esta obra, Nietzsche começa a gestação do livro que pretendia ser uma sequência de Além do Bem e do Mal, Genealogia da Moral, na qual ele aborda um dos pontos mais delicados e contundentes de sua produção filosófica, a provável ‘morte’ do Deus cristão.