FOTOGRAFIAS

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Mostra "Um Olhar sobre o Brasil"


`A Fotografia na construção da Imagem da Nação` chega ao CCBB do Rio
Exposição organizada pelo Instituto Tomie Ohtake é a mais abrangente do gênero, com centenas de registros importantes da história e da vida brasileiras, do século XIX até 2003


Brasilia em 1972 (da série cartões antipostais), 1972Gelatina/prata (cópia fotográfica a partir de negativo 35 mm)
Boris Kossoy / Acervo Boris Kossoy
          Com mais de 300 imagens de diferentes acervos públicos e coleções privadas, chega ao Rio a exposição “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, realizada pela Fundación Mapfre, com a colaboração do Instituto Tomie Ohtake, que esteve em cartaz em São Paulo até o dia 27 de janeiro. O projeto inédito, de pensar 170 anos de história do país (1833-2003) a partir do registro fotográfico, tem curadoria do especialista em história da fotografia Boris Kossoy e curadoria adjunta da antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz.
          A mostra, com cenografia assinada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, percorre caminhos de luz e sombra, costurando história e iconografia. Tomando como ponto de partida o momento próprio de invenção da técnica fotográfica, a exposição revisita o olhar “científico” que guiava as expedições estrangeiras, o gosto de D. Pedro II pelo novo suporte e os registros de revoltas populares como a de Canudos, até chegar à grande multiplicação de temas, ângulos, acontecimentos e reviravoltas que compuseram o longo século 20.

Chegada do dirigível Hindenburg no Rio de Janeiro, ca. 1936
Reprodução / Fotógrafo não identificado / Iconographia
          Cada fotografia se faz acompanhar por um pequeno texto; na verdade, sua micro-história, com informações que vão muito além da tradicional legenda (título, data, autor). Esse diferencial é conseqüência da ampla pesquisa realizada para a mostra, tanto referencial quanto iconográfica (essa última assinada por Vladimir Sacchetta). Ao refletir sobre as fotos escolhidas, o curador destaca o esforço em ”valorizar o simbólico, tentar evitar a redundância, destacar o anônimo e o cotidiano naquilo que têm de aparente e oculto, rever criticamente as imagens conhecidas e ideologicamente comprometidas com as histórias oficiais.”
A mostra
          Para organizar o grande número de imagens, a curadoria estruturou o material a partir de quatro grandes eixos temáticos: política, sociedade, cultura/artes e cenários. Ao mesmo tempo, os 170 anos foram divididos em sete períodos, demarcados por fatos marcantes da história nacional. 
  • 1833–1889 | Luzes sobre o Império
  • 1889–1930 | Urbanidade, conflitos, modernidade
  • 1930–1937 | Ideologias, revoluções, nacionalismos
  • 1937–1945 | Autoritarismo, repressão, resistência
  • 1945–1964 | Industrialização, desenvolvimento, anos dourados
  • 1964–1985 | Tempos sombrios
  • 1985–2003 | O reacender das luzes

D. Maria Bibiana do Espirito Santo, 1950
Reprodução / Pierre Verger / Fundação Pierre Verger
          Escolhida como ponto de partida da exposição, a data de 1833 refere-se às experiências precursoras de Antoine Hercule Romuald Florence (1804–1879), levadas a efeito na vila de São Carlos (Campinas) e que o conduziram a uma descoberta independente da fotografia, pioneira nas Américas e contemporânea às que se realizavam na Europa, na mesma época.
          Pensando ainda no século 19, Lilia Schwarcz ressalta os fotógrafos itinerantes que varreram o país de ponta a ponta - motivados, a princípio, pelo desejo de conhecer esse Império dado a costumes, climas e políticas em tudo tão distintos. “Enquanto imenso ‘gigante tropical’ habitado por muitas raças e grupos de origens variadas, o Brasil representava um verdadeiro porto de chegada (e de partida): um posto avançado para a observação naturalista e científica de um concentrado natural e, ademais, racial”, escreve a historiadora.
          Hobby do imperador D.Pedro II, a fotografia tornou-se ferramenta para registrar um número cada vez maior de famílias da elite, em cenas devidamente posadas.  Junto com o registro da paisagem urbana, rural e natural, os retratos de estúdio introduziram a prática fotográfica no cotidiano das sociedades em todo o mundo.

Cafezal em diagonal, 1949
Gelatina /prata tiragem contemporânea
Haruo Ohara / Acervo Instituto Moreira Salles
          Ao longo de todo o século 20 e com cada vez mais intensidade, a nova arte tomou as páginas das revistas e dos jornais, diversificou seus temas e, saindo às ruas, acompanhou os momentos mais marcantes da vida brasileira - alguns gloriosos, outros bastante sombrios. De seu papel no fortalecimento do Estado Novo à participação da FEB na Segunda Guerra Mundial; da construção de Brasília, amplamente documentada, à foto de multidões clamando pelas Diretas, a fotografia teve papel crucial na formação da imagem de governantes que mobilizaram as massas, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Leonel Brizola e Luiz Inácio Lula da Silva – enfim, líderes populares de grande expressão.
          ”Não há como lembrar das Diretas sem recordar o instantâneo que registrou os políticos de vários partidos, todos de braços levantados, aguardando que o fotógrafo tornasse imortal e memorável (no sentido de ficar retido na memória) um ato resumido a poucos instantes e que seria, por si só, apagado pela lógica das circunstâncias. Por isso tantas vezes é difícil separar o que de fato ocorreu e o que o ato fotográfico imortalizou”, sugerem os curadores.
          Técnica documental, mas também plataforma da criação e profusão de sentido, a fotografia fez parte da construção da identidade nacional desde a época de sua invenção não só retratando, mas também contribuindo para definir costumes, numa intrincada rede de relações. “Ela é, a um só tempo, produto e produção, reflexo e estabilização de hábitos; reação e vanguarda; elemento cultural, mas também argumento político, social e econômico. Nada lhe escapa assim como tudo lhe escapa, pois a fotografia apenas finge que preenche a realidade e assim capta sua totalidade”.

A temporada lírica do Theatro Municipal, 1918
fotomontagem reproduzida da Revista A Estação Teatral
Fotógrafo não identificado / Acervo Boris Kossoy
Os curadores
  • Boris Kossoy é professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP; foi diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do IDART - Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo. Criou, dentro da mesma universidade, o Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Imagem e Memória - NEIIM. É membro do conselho consultivo da Coleção Pirelli-MASP de Fotografia, entre outras instituições culturais. Como fotógrafo, tem obras nas coleções permanentes de instituições como o Museum of Modern Art (N.Y), o George Eastman House (Rochester, N.Y), o Smithsonian Institution (Washington, D.C.), a Bibliothèque Nationale de Paris e o Museu de Arte de São Paulo, para citar apenas alguns. É autor dos livros: Viagem pelo Fantástico, Hercule Florence, a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil; Origens e Expansão da Fotografia no Brasil - Século XIX; Fotografia e História; Realidades e Ficções na Trama Fotográfica; Os Tempos da Fotografia: O Efêmero e o Perpétuo, entre outros.
  • Lilia Moritz Schwarcz é professora titular no Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP). Foi Visiting Professor em Oxford, Leiden, Brown, Columbia e é atualmente Global Professor pela Universidade de Princeton. É autora, entre outras obras, de Retrato em branco e negro; O espetáculo das raças; As barbas do Imperador – D. Pedro II, um monarca nos trópicos,; Símbolos e rituais da monarquia brasileira e Registros escravos. Coordenou, entre outros, o volume 4 da História da Vida Privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea, com André Botelho, e Um Enigma sobre o Brasil. Dirige atualmente a História do Brasil Nação. Mapfre/ Objetiva em 6 volumes (Prêmio APCA, 2011).

Cobertura do condomínio Vitória Régia, 1956Gelatina/prata tiragem contemporânea
Hans Gunter Flieg / Acervo Instituto Moreira Salles
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ServiçoUm olhar sobre o Brasil - A fotografia na construção da imagem da Nação01 de março a 07 de abril
Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB
Rua Primeiro de Março, 66 – 2º andar - Rio de Janeiro
Tel: (21) 3808-2020
http://twitter.com/CCBB_RJ
Horário: de terça a domingo, das 9h às 21h
Entrada franca
Patrocínio: Mapfre Investimentos