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domingo, 12 de junho de 2011

Exposição Criativos da Casa


A coletiva inaugura o espaço Clark Art Center com fotografias de Alexandre Grand e Nuno Ramos, street art de Filipe Agnelli e Guilherme Santos, esculturas inspiradas na cidade de Kaku Kofke, entre outros trabalhos. A casa também abriga o acervo de Lygia Clark - uma das mais importantes artistas brasileiras - disponível para pesquisa.



Abertura do Lygia Clark Center, em Botafogo - Alessandra Clark. Foto Mônica Imbuzeiro
O pedido da designer Alessandra Clark era estranho, mas a família acatou a missão: cada um deveria queimar no forno de casa duas placas de restos de plásticos coloridos para que eles ficassem com um aspecto "salpicado". Avó, irmã e pais fizeram, cada um, sua parte. Até que todos os fornos quebraram. Alessandra é neta de Lygia Clark (1920-1988), um dos maiores nomes da arte brasileira, e, para resolver o problema, decidiu pedir ajuda profissional. Em uma semana todas as placas de plástico estavam prontas e penduradas na fachada da casa de três andares da Rua Teresa Guimarães 35, em Botafogo.

Alessandra organiza os últimos detalhes para a abertura do Clark Art Center, espaço dedicado ao design e à associação cultural O Mundo de Lygia Clark. Ela inaugura  a exposição "Criativos da casa", do grupo de designers colaboradores do espaço. A associação cultural, que ocupa o segundo piso do prédio, abre suas portas ao público, em especial a pesquisadores. O Mundo de Lygia Clark disponibiliza a documentação da artista e ainda pretende reeditar as atividades coletivas propostas por ela. O que é melhor, sem cobrar por isso.
- Nossa ideia é justamente dar acesso para todo mundo, de graça. A gente acha que essa é a forma correta de propagar a obra da Lygia. Não queremos botar num livro e cobrar R$ 200 por ele. Isso não seria dar acesso a suas obras - diz Alessandra, que parece responder a críticas do meio artístico e acadêmico.


Polêmica sobre direitos autorais
Os direitos autorais são uma questão polêmica que gira em torno da família Clark. O amigo e crítico de arte inglês Guy Brett, em palestra no ano passado, em Londres, por exemplo, teria lançado uma pequena farpa ao mostrar uma foto de Lygia feita por ele. Ao aparecer no telão a imagem da artista, ele disse que hoje em dia ele não pode mais mostrar essa foto, mesmo tendo sido ele o autor.
A questão de pagamentos de direitos autorais também deixou o projeto educativo do MAC mais pobre, durante a exposição "Abrigo poético. Diálogos com Lygia Clark", de 2006. Para trabalhar com as crianças, havia fotos de obras da artista. Mas a família impediu que isso fosse usado pelo MAC.
No centro de Botafogo, dois computadores estão à disposição dos pesquisadores para a consulta de mais de 16 mil páginas de documentos e 6 mil imagens de Lygia. Há dez anos, digitaliza-se essa documentação. Nos planos de Alessandra está disponibilizar esse material na internet em breve. Para isso, deve assinar uma parceria com uma universidade brasileira nas próximas semanas.
A data-limite para ter esse banco de dados pronto é 2013, quando o nova-iorquino Museum of Modern Art (MoMA) faz uma retrospectiva da artista. A seleção das obras está sob a responsabilidade do curador de arte latino-americana do museu, Luis Pérez-Oramas, que também responde pela 30 Bienal de São Paulo, de 2012. O venezuelano já anunciou Lygia Clark no Pavilhão Ciccillo Matarazzo.
- A associação vive dos direitos autorais, mas nos seus primeiros cinco anos esse dinheiro foi gasto para pagar advogados, recuperar as coisas da Lygia que estavam no MAM >ita<(em regime de comodato, segundo a família, ou doadas, na versão do MAM, de onde foram retomadas depois de batalha judicial) e digitalizar tudo. Depois, demos uma respirada. Costumo dizer que a associação tem cinco anos, porque foi quando começamos a trabalhar em prol da Lygia Clark de verdade - explica Alessandra.
 O Clark Art Center tomou forma quando a família vendeu uma casa em Petrópolis. Para aplicar o dinheiro, resolveram montar o espaço de design. Com a autorização da prefeitura para construir mais um andar na casa que compraram, decidiram levar a associação para Botafogo. Assim, ela não precisaria mais pagar aluguel.
- Estamos cedendo este espaço para os pesquisadores e em contrapartida vamos realizar eventos relacionados às obras de Lygia para o público - explica Alessandra que, segundo ela, irá pagar direitos autorais à associação por usar o nome de Lygia Clark.

Botafogo Clark Art Center Até 29 jun 2011
seg, ter, qua, qui e sex 11:00 até 17:00 | dom e sáb 12:00 até 17:00
Grátis
Horários: de seg a sex, das 11h às 17h | sáb e dom, das 12h às 17h.