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domingo, 19 de junho de 2011

Exposição CARTOON de Ana Linnemann

O mundo invisível por Ana Linnemann

            
A exposição "Cartoon", da carioca Ana Linnemann, tem curadoria do crítico Fernando Cocchiarale

A Galeria Laura Alvim, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura [SEC], apresenta a exposição individual "Cartoon", da carioca Ana Linnemann, sob curadoria do crítico Fernando Cocchiarale, a partir de quarta-feira, 15 de junho, às 19h.
A mostra conta com 30 peças de diferentes grupos de produção da artista
Uma grande estante articulada percorre as várias salas da Galeria Laura Alvim, com prateleiras nem sempre contínuas, às vezes em ziguezague ou em degraus, abrigando 30 peças de diferentes grupos de produção da artista, e livros, que se organizam linearmente como em um cartoon - daí o título da mostra.
O móvel funciona como um elemento de pontuação da arquitetura da galeria, assim como um arquivo dos diferentes pensamentos que orientam a produção da artista.
A estante se torna pouco visível quando recebe livros e objetos das séries O mundo como uma laranja, Os invisíveis, Pedras bordadas [XS], e ítens avulsos, como folhas secas com zíper, livros vestidos de organza de seda, dado, feltro com pérolas, globos sustentando prateleiras em ziguezague, entre outros.
O Mundo como uma laranja, produção iniciada em 2002, engloba objetos do cotidiano, como tênis, xícara, relógio, guarda-chuva, luminária, globo terrestre, fatiados, divididos, isto é, tratados como frutas e legumes numa bancada de cozinha. Os ítens são cortados como se descascaria uma laranja num único e habilidoso movimento.
- A invisibilidade é uma das fronteiras da visualidade investigadas pela produção de Linnemann. Ainda que de fato ela não exista (senão não poderíamos ver os trabalhos) a invisibilidade é aludida ora pela súbita mudança de estado de objetos no espaço expositivo, ora pela revelação do espaço interior de objetos. É este o caso do conjunto O mundo como uma laranja, deixando-nos entrever o que não víamos anteriormente nesses utensílios, diz o curador.
Da série Os invisíveis há objetos motorizados e submetidos a movimentos rápidos e discretos, com intervalos regulares: uma garrafa de Coca-Cola, sobre uma pilha de livros, desliza para a esquerda e volta para a direita; uma parede da qual brotam artificialmente bolhas e uma intervenção urbana supresa na Av. Vieira Souto, em frente à galeria, em Ipanema. As situações são tão banais que se tornam invisíveis. Dar-lhes movimento marca sua presença no espaço.
- As peças existem para serem percebidas com o canto do olho, por seu movimento inusitado. Nem todos as notam, mas uma vez percebidas, o inesperado de sua performance faz com que esses objetos se façam duvidar e, coloca o espectador em alerta, como um caçador à espreita da presa pressentida, mas não exatamente detectada, argumenta Linnemann.
A série Pedras bordadas [XS], iniciada em 1994 e mostra pela primeira vez na Rotunda Gallery, em Nova York, ficou adormecida até o ano passado, quando foi retomada. Nesta exposição, a artista apresenta dez exemplares, feitos de fatias de pedra sabão - refugo das grandes pedreiras de Minas Gerais - que, furadas, tornam-se entretelas para bordados de flores em ponto de cruz, com linha de seda e algodão coloridos. Os desenhos foram tirados de manuais do gênero. Neste conjunto, o foco não é mais a invisibilidade, mas o cruzamento de materiais de espécies opostas, pedra e seda.
Ana Linnemann é formada em Design pela PUC-RJ e Mestre em Escultura pelo Pratt Institute, em Nova York, onde residiu de 1990 a 2006. Atualmente, conclui o doutorado em Linguagens Visuais, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Expôs na seção Art Projects|Art Basel Miami Beach [Miami, 2008], Oslo Kunstforening [Oslo, 2007], Museu Imperial de Petrópolis [Rio de Janeiro, 2007], Galeria Nara Roesler [São Paulo, 2007], Long Island University [Nova York, 2005], Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro [2007], Rockland Center for the Arts [Nyack, 2006], Galeria Mercedes Viegas [Rio de Janeiro, 2005], Sculpture Center [Nova York, 2004] e no Gabinete de Arte Raquel Arnaud [São Paulo, 2003], entre outros.
No início dos anos 2000, Linnemann fez exposições no Museo del Barrio [Nova York, 2001], no MALBA [Buenos Aires, 2002], Paço Imperial [Rio de Janeiro, 2000].
Em 2004, recebeu as bolsas Vitae [São Paulo] e Pollock-Krasner [Nova York].
"Cartoon" fica em cartaz até 31 de julho, de terça a domingo, das 13 às 21h. Grátis.
Galeria Laura Alvim
Av. Vieira Souto 176
Ipanema - RJ
21 2332 2017