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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Projeto Foyer- Tropical, Exposição de Pedro Varela



As cores fortes e animadas deram lugar ao azul – do turquesa ao profundo. Materiais prosaicos e cotidianos (adesivo em vinil, caneta esferográfica…) foram substituídos pela tinta. Mas a inquietação do artista plástico Pedro Varela continua lá. E estará, a partir do dia 12 de fevereiro, preenchendo as paredes do foyer do MAM com três telas de 2m x 2m. A exposição Tropical abre o segundo ano do Projeto Foyer, uma parceria do museu com a Belvedere que aproxima jovens e talentosos artistas do público e de colecionadores. O projeto começou no ano passado com Daniel Lannes, que exibiu um políptico composto por sete telas de dimensões variadas.
Este ano, as marcas da mostra Tropical são a ruptura – de suporte (do chão e paredes para a tela) e de técnica (dos materiais nada ortodoxos à tradicional pintura acrílica) – e os contrastes: um tema tradicionalmente histórico, a natureza-morta, é revisitado através do pincel de Pedro Varela e aos poucos se torna quase uma abstração; o título da mostra sugere uma ode ao tropicalismo, mas os muitos tons de azul “mortificam” a tropicalidade. O encontro entre similares que parecem opostos – e vice-versa.
“A idéia é trazer algo novo para este simbolismo anacrônico e universal. Quero revisitar e reaproveitar conceitualmente a natureza-morta. Fazer com que se perca a noção do momento em que a planta deixa de ser planta e vira uma forma, uma abstração. Esse processo de mistura é muito intenso nesta série”, diz o artista, que teve a curadoria de Felipe Scovino para a exposição.
A escolha pela acrílica é outra ruptura: “A pintura é complicada para mim porque sua história é muito pesada, e lidar com essa história é sempre um desafio. O que proponho é buscar um frescor, mesmo usando técnicas conhecidas há séculos pela história da arte”, explica Varela. Isso se dá, por exemplo, na textura leve, quase de aquarela ou de desenho das telas, em oposição às sobreposições de camadas. Os contrastes, as sombras e os volumes se dão pelos tons, todos de azul, mais do que pela pincelada.
Sobre a mostra Tropical, Felipe Scovino escreve:
“A natureza morta é algo que se confunde com a própria história da arte, e com a ideia de moderno, se nos detivermos ao exemplo de Cézanne. Contudo, na obra de Varela o “modelo tradicional” de natureza morta é substituído por uma vegetação que habita uma zona fronteiriça entre fantasia e realidade. Perguntamo-nos se estas plantas existem. Provavelmente, mas existe uma chance. Elas poderiam existir, talvez, a léguas e léguas no fundo do mar, e portanto nunca teríamos certeza da existência delas. Varela nos apresenta, pouco a pouco, a cartografia de um mundo imaginário, como se em algum momento e de alguma forma ele pudesse existir, que acaba por se conectar com as “fabulações produzidas pelo mundo real”, tais como a literatura (fantástica, passando por Júlio Verne) ou o cinema (os filmes de ficção científica ou os chamados “filmes de aventura”). Essa contradição – da aparição da forma – é explorada pela própria dificuldade histórica em se encontrar o pigmento azul.”

Projeto Foyer – Tropical, exposição de Pedro Varela – Foyer do Museu de Arte Moderna-RJ
Av Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo – Tel.: 2240 4944
Vernissage: dia 11 de fevereiro, às 16h.
Abertura para público: 12 de fevereiro, a partir do meio-dia.
De 3ª a 6ª, do meio-dia às 18h; sáb., dom. e feriados, do meio-dia às 19h. Até 15 de abril.