Páginas

segunda-feira, 2 de abril de 2012

René Descartes

René Descartes


















René Descartes nasceu na França, em 31 de março de 1596, e herdou do pai recursos suficientes para manter uma vida confortável, com busca do conhecimento intelectual e viagens. De 1604 a 1612, freqüentou uma escola jesuíta, onde estudou matemática e ciências humanas. Demonstrava também grande talento para a filosofia, física e fisiologia. Devido à fragilidade da sua saúde, Descartes era dispensado das missas matutinas e era-lhe permitido dormir até a hora do almoço, hábito que manteve por toda a vida. Foi durante essas tranqüilas manhãs que desenvolveu suas idéias mais criativas.

Ao completar a educação formal, decidiu experimentar os prazeres da vida parisiense. Com o tempo, acabou entediado e decidiu levar uma vida mais calma, dedicando-se ao estudo da matemática. Aos 21 anos, serviu como voluntário nos exércitos da Holanda, da Bavária e da Hungria e ficou conhecido como um espadachim ousado e habilidoso. Adorava dançar e jogar e provou ser um talentoso jogador devido a sua habilidade matemática. Seu único romance mais duradouro foi o relacionamento de três anos com a Holandesa Helene Jans, que deu a luz a sua filha Francine. Descartes adorava a criança e ficou arrasado quando ela faleceu em seus braços, aos 5 anos. Um biógrafo relatou que Descartes ficou inconsolável e vivenciou “a mais profunda dor da sua vida”. Permaneceu solteiro pelo resto da vida.

Descartes tinha profundo interesse em aplicar o conhecimento científico às questões práticas. Pesquisava meios para evitar o embranquecimento dos cabelos e tentou aperfeiçoar as manobras de uma cadeira de rodas para deficientes físicos.

Durante o período em que serviu o exército, Descartes teve vários sonhos que mudaram sua vida. Conforme seu relato, passou um dia 10 de novembro em um quarto sozinho com aquecedor, mergulhado em pensamentos sobre a matemática e ciência. Acabou adormecendo e, no sonho, que mais tarde ele mesmo interpretou, foi repreendido pela sua ociosidade. O ”espírito da verdade” invadiu sua mente e convenceu-o a dedicar o trabalho da sua vida á proposta de aplicação dos princípios matemáticos a todas as ciências, produzindo, assim, o conhecimento inquestionável. Resolveu duvidar de tudo, principalmente dos dogmas e das doutrinas do passado e aceitar como verdade apenas o que tivesse absoluta certeza.

De volta a Paris, mais uma vez achou a vida dispersiva demais; resolveu vender as propriedades herdadas do pai e mudou-se para uma casa de campo na Holanda. Sua necessidade de isolamento era tanto que, em 20 anos, morou em 13 cidades e em 24 casas diferentes, mantendo em segredo o endereço, revelando apenas para os amigos mais íntimos, com quem mantinha correspondência freqüente. Parece que sua única exigência era ficar próximo de uma igreja católica romana e de uma universidade. De acordo com um biografo, o lema de descartes era: “Vive bem aquele que vive bem escondido”.

Descartes escreveu muitos trabalhos relacionados com a matemática e a filosofia e sua crescente fama chamou a atenção da jovem princesa Cristina, da Suécia, na época com 20 anos, que lhe pediu para ministrar-lhe aulas de filosofia. Embora relutasse muito em abrir mão de liberdade e da privacidade, e temesse acabar falecendo na Suécia, sempre teve grande respeito pelas prerrogativas reais. Um navio de guerra foi enviado para buscá-lo no outono de 1649. a princesa insistia em ter aulas às cinco da manhã, em uma biblioteca muito mal aquecida, durante um inverno extremamente rigoroso. Descartes escreveu a um amigo dizendo: “Não me sinto feliz aqui e a única coisa que desejo é paz e tranqüilidade”. O jovem Descartes suportou as madrugadas e o frio intenso por quase quatro meses até contrair pneumonia. Morreu em 11 de fevereiro de 1650 em Estocolmo, Suécia, onde estava trabalhando como professor a convite Rainha. Como um católico num país protestante, ele foi enterrado num cemitério de crianças não baptizadas, em Adolf Fredrikskyrkan.

Um interessante relato pós-morte de um homem que, dedicou boa parte do tempo a estudar o problema da relação entre a mente e o corpo, diz respeito ao ocorrido com o próprio corpo. Após 16 anos da morte de Descartes, seus amigos decidiram que seus despojos deveriam voltar a França. Enviaram a Suécia um caixão que, no entanto, era pequeno demais para conter os restos mortais. Assim, as autoridades suecas decidiram cortar a cabeça e enterrá-la até que outras providências fossem tomadas.

Enquanto os restos mortais de Descartes eram preparados para a viagem de retorno a casa, o embaixador francês na Suécia resolveu guardar um souvenir e cortou-lhe o dedo indicador direito. O corpo, agora sem a cabeça e sem um dedo, foi sepultado em Paris na Igreja de Sant Genevieve-du-Mont em meio a muita pompa e cerimônia. Foi novamente desenterrado durante a Revolução francesa, para ser enterrado entre os pensadores franceses ilustres no Panteón. Seu túmulo está hoje na igreja de St. Germain-des-Près.

Obs. Um oficial do exército sueco desenterrou o crânio de Descartes e guardou-o de lembrança. Durante 150 anos, ele passou de um colecionador sueco para outro até ser finalmente enterrado no Panteón.

Os cadernos e os manuscritos de Descartes foram enviados para Paris depois da sua morte. Porém o navio afundou pouco antes de atracar e os papéis estiveram submersos por três dias. O trabalho de restauração levou 17 anos para tornar possível a publicação desses documentos.