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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Artigos: O "Boom" da Agricultura no Brasil



Nos últimos vinte anos o salto da produção agropecuária brasileira não teve paralelo em nenhum país do mundo. Mais que a produção, a produtividade e qualidade de culturas e da pecuária atingiram, e em alguns casos superaram o de outras nações, grandes produtoras de alimentos.
Vários fatores contribuíram para que isso ocorresse. O primeiro foi a reorganização institucional da pesquisa agropecuária, cujo ponto principal foi a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. Paralelamente fortaleceu-se as instituições estaduais de pesquisa agropecuária, as Universidades e os sistemas estaduais de assistência técnica e extensão rural. Nesse período houve um investimento muito grande na qualificação dos pesquisadores tanto no Brasil como no exterior. Essa iniciativa continua até o momento. Com a oferta de mais tecnologias, nestas últimas três décadas, o país consolidou-se como um dos mais importantes produtores mundiais de soja, milho, leite, carne, laranja, aves, suínos, entre vários outros produtos.
A cultura da soja, por exemplo, conquistou todas as regiões do país. Tornou-se um dos carros chefes na nossa pauta de exportação agrícola e redefiniu de forma indiscutível o conceito de agricultura tropical a partir da adaptação de uma espécie exótica, originalmente cultivada em ambientes de latitude elevada, hoje, chegando a ser cultivada em regiões equatoriais, graças aos esforços de nossos melhoristas. Entre o ano de 1970 e hoje, a área cultivada com a soja cresceu de 2,2 milhões para 17,9 milhões de hectares, enquanto a quantidade total produzida aumentou de 1,9 milhão para 49,7 milhões de toneladas de grãos.
Não menos importante foram as centenas de cultivares e híbridos de milho, feijão phaseolus e feijão vigna, algodão, mandioca, tomate, cenoura, maçã, pêssego, trigo, arroz, frutas tropicais, entre outros, disponibilizadas para uso pelos agricultores de todo o Brasil. O avanço da genética, juntamente com as boas práticas de manejo do solo e das pragas, mecanização, irrigação, armazenamento e transporte fizeram com que o país chegasse a 2003 com uma produção de 120 milhões de toneladas de grãos, e um superávit comercial no agronegócio de 22 bilhões de dólares.
No que se refere ao meio ambiente, exemplos como o manejo sustentável florestal, para a região norte, o manejo da caatinga, para a região nordeste, a recuperação de pastagens degradadas e o Projeto Silvânia, nos cerrados e outras áreas, e o Zoneamento Agrícola em regiões e estados da federação são marcos significativos.
Um outro aspecto relevante foi o avanço obtido pelo país, e particularmente pela Embrapa, na área da biotecnologia. São dezenas de laboratórios especializados em cultura de tecidos, biologia molecular, modificação de plantas, clonagem animal, genômica e bioinformática que geram conhecimentos estratégicos para toda a nação.
Se a pesquisa agropecuária teve papel destacado na evolução de nossa produção e produtividade agrícola, a maior agressividade de nossos empresários rurais também foi fator preponderante. Investimentos em novas tecnologias, modernização dos métodos de administração do agronegócio e o melhor desempenho na comercialização contribuíram decisivamente para o crescimento de nossa produção.
Paralelamente, houve a modernização de nosso parque de implementos e máquinas agrícolas, da indústria de insumos e dos demais fatores de produção. O Governo Federal, em maior ou menor, escala também teve uma atuação decisiva com ações de fomento. Toda essa série de ações conjuntas explica o nível de excelência conquistado por quase todos os setores da agricultura empresarial.
Temos ainda um grande desafio pela frente. Inserir os milhões de pequenos e médios produtores, que não têm conseguido utilizar os conhecimentos desenvolvidos pela pesquisa agropecuária, na escala e na intensidade com que gostaríamos de ver. Para isso, a Embrapa, sem deixar de realizar pesquisas para o agronegócio, vai dar uma atenção especial à agricultura familiar visando integrar este segmento rural à economia brasileira.