A Galeria Moura Marsiaj, Pinheiros, São Paulo, SP, exibe “Vendeta”, exposição individual de pinturas de Fábio Baroli. A apresentação da mostra traz a assinatura de Bitu Cassundé. Mineiro, Fábio Baroli nasceu em Uberaba, em 1981. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduou-se em bacharelado pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília, UnB. Desenvolveu monografia sobre os conceitos da apropriação e do erotismo em sua obra. Ao longo de sua carreira participou de diversas exposições individuais e coletivas. O artista recebeu prêmios em salões e concursos de arte, e teve a obra publicada em catálogos e revistas como a Poets and Artists de setembro de 2009.
Sobre “o duelo, a vendeta e a guerra” Georges Bataille no Erotismo, discute o desejo de matar e indica que em todo homem existe um possível matador, que esse ato se localiza na instância do proibido e que isso alimenta o ímpeto de transgredir a regra, o mandamento de “não matar”. Estabelece um paralelo entre sexo, morte e desejo latente e aponta que o ato de matar é admissível no duelo, na vendeta e na guerra, violando assim uma condição. E acerca da Vendeta sentencia: “A vendeta, como o duelo, tem suas regras. É, em suma, uma guerra cujos campos não são determinados pelo habitat em um território, mas por se pertencer a um clã”.
No entanto, na poética de Fábio Baroli Vendeta rege uma coreografia, a do duelo que se estabelece entre territórios conflituosos, num jogo sequencial de ações que encena um confronto armado, uma batalha conduzida por crianças, numa avassaladora ironia que confronta pureza e crueldade, bélico e lúdico, ingênuo e perverso. O conjunto de imagens coloca o espectador dentro de um duelo, interagem e reordenam posições, trazendo para o doméstico e o cotidiano questões bélicas.
A série de pinturas que compõem Vendeta subverte signos de guerra, ali as armas são de brinquedos e são carregadas por crianças, reconfigura ações expansionistas, territórios. Os soldados dessa batalha lúdica, que se estabelece no ambiente familiar, encenam uma agressividade, que saltam aos olhos como comentários pontuais acerca do nosso tempo, práticas e posturas.
Até 29 de agosto.