Buscando entender isso, o evento tem como objetivo colocar frente a frente, mas não de forma antagônica, os conceitos de "história da arte dos excluídos" e a "história da arte oficial", exercitando a reflexão sobre essa questão fundamental na construção da disciplina como um todo.
Os interessados devem se inscrever pelo e-mail historiaegeografiadarte@gmail.com. Serão conferidos certificados de participação no colóquio.
O evento acontece no auditório do Museu da República, na Rua do Catete, 157.
História e geografia da arte - Um texto que comentava a mostra de Nan Goldin
no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro citou Walter Benjamin e a
“exigência de uma história escrita pelos vencidos”. Verdadeiramente, não só
o trabalho dessa fotógrafa como grande parte das obras de arte contemporânea
tem servido como palco de um novo modo de lidar com a história e, mais
especificamente, com a história da arte. Ao que tudo indica a História da
Arte formulada a partir das grandes civilizações, dos estilos de época e até
mesmo por meio das inovações das Vanguardas tornou-se insuficiente para
costurar o universo de conexões construído pelas obras de arte mais
recentes. Grande parte do que a História da Arte deixou de fora tem sido
foco de inclusão por parte dessa produção. No entanto, seria ingênuo afirmar
que a arte contemporânea tenha conseguido reabilitar a visibilidade para os
excluídos do discurso dessa “história oficial”. O mesmo artigo afirma que a
Arte ao rever e afrontar seus próprios fundamentos revela, ao mesmo tempo,
sua força e sua fragilidade, ou seja, a produção artística dedicou-se a
apresentar um problema e não uma solução.
Parece evidente e inegável que a noção e os limites da História da Arte tem
sido não só alterados, mas também postos em crise. É provável que os
fundamentos desse processo se encontrem manifestos em locais e épocas
diversas: o orientalismo do século XIX, o interesse pela arte africana no
início do século XX, o ready-made de Duchamp, as novas mídias, a
globalização, etc. O que parece certo é que se trata de um processo complexo
e repleto de contradições. Portanto, os novos limites históricos e
geográficos que a arte possa adquirir não devem ser encarados de modo
simplista e transformados em normas que devam ser implantadas a fim de
substituir a antiga ordem. Como dissemos acima, essa expansão é muito mais
um problema do que uma solução. É claro que não devemos entender por
“problema” algo inconveniente que deva ser solucionado e excluído, mas como
um questionamento que nos sirva para enriquecer os discursos que compõem o
campo da arte. Queremos sugerir que esses novos limites, que tem sido postos
em questão, devam ser investigados com maior atenção, não para serem
julgados como certos ou errados, mas para que se transformem em reflexão e
produzam conhecimento e não apenas um novo dogma. É certo que não estamos
sugerindo uma discussão inédita. A produção artística contemporânea não
constitui o único indício dessas retrações, expansões e contradições da
história e da geografia da arte. Vários teóricos já abordaram essa questão.
A morte da arte e da história da arte, por exemplo, já se tornaram alvo de
grandes reflexões e temas de livros famosos. Entretanto, Após o fim da arte
de Arthur Danto e O Fim da História da Arte de Hans Belting, ou mesmo
qualquer outro título que tenha abordado o assunto, não parecem propor
soluções positivas capazes de revelar com clareza algum novo modelo
didático. Não podemos nos esquecer que o signo da fragmentação que norteia
grande parte do pensamento estético contemporâneo é um indicador movediço.
Isso significa que a bibliografia utilizada no ensino básico de história da
arte (Janson, Gombrich, Argan, etc.) espelhava um modelo estreito, mas
controlável. A “história da arte dos excluídos”, por ser fundamentalmente
descentrada, exige uma reflexão redobrada ou correrá o risco não apenas de
se tornar um método de ensino caótico, mas de se realizar apenas como
clichê.
Por outro lado não parece certo estabelecer um antagonismo absoluto entre a
“história da arte oficial” e a “história da arte dos excluídos”, pois apesar
de, a primeira vista, o modelo tradicional eurocêntrico ser preciso, linear
e excludente e o novo modelo impreciso, rizomático e acolhedor, não podemos
nos esquecer que esse último germinou no interior do primeiro. W.J.T.
Mitchell defende que a famosa ruptura difundida pelo discurso da Arte
Moderna possui características muito mais próximas de uma auto-reflexão da
própria arte do que de um rompimento definitivo. O próprio Mitchell sugere
que no âmbito da arte contemporânea isso se torna ainda mais evidente.
Portanto, a substituição de modelos dentro do campo da produção artística
tem sido muito mais complexa do que um mero rompimento. Assim sendo, um novo
modelo histórico que pretenda enriquecer as conexões estéticas dentro dessa
produção pode estar mais próximo de uma auto-reflexão do que de uma nova
fórmula redentora. Desse modo, não basta decretarmos que de agora em diante
a história da arte será tecida como uma teia labiríntica e que as limitações
impostas pela linearidade estão vencidas. A mera substituição indiscriminada
de um modelo por outro é uma atitude linear. Seria incoerente que essa
mudança de abordagem fosse atingida por meio de algum tipo de decreto
oficial.
A recente implantação de uma graduação específica para o ensino de História
da Arte na EBA/UFRJ produz, quase que espontaneamente, a necessidade de
discussão do tema. O que pensa o corpo docente do departamento de História
da Arte? Devemos não só ouvi-lo, mas também tentar estabelecer um diálogo
que extrapole as fronteiras da nossa instituição. Certamente o intuito desse
diálogo não é reviver dicotomias retrógradas, tal como “tradição e
inovação”, nem deve possuir qualquer intenção imediatista de construir algum
tipo de gramática de normas didáticas. Visamos, acima de tudo, exercitar a
reflexão sobre essa questão fundamental para a história da arte.
PROGRAMA
Quinta-feira, 08 de novembro 2012
09h00 - 10h00
Inscrições e Credenciamento
10h00 - 10h30 – Abertura
Representante da Escola de Belas Artes
Prof. Dr. Carlos Terra – Diretor da EBA
Representante do Curso de História da Arte EBA/UFRJ
Profa.Dra. Ana Cavalcanti – EBA/UFRJ
Coordenação do Colóquio
Prof. Dr. Rubens de Andrade – EBA/UFRJ
Prof. Dr. Marcus Vinicius de Paula – EBA/UFRJ
10h30 - 12h30 – História e geografia da arte
Conferência de abertura
Prof. Dr. Peter Pál Pelbart (PUC-SP)
Mediadora: Profa. Dra. Verônica Damasceno (EBA/UFRJ)
12h30 – Livre
14h00 - 17h30 - Sessão I
A História da arte internacional e as culturas regionais
Mediadora: Profa. Dra. Patricia Correa (EBA/UFRJ)
14h00 Prof. Dr. Marcelo Campos (UERJ)
14h40 Profa. Dra. Rosana Freitas (EBA/UFRJ)
15h30 Prof. Dra. Viviane Matesco (UFF)
16h20 Intervalo
16h40 Debate
Sexta-feira, 09 de novembro 2012
10h00 - 17h30 – Sessão II
A História da arte erudita e a massificação da imagem
Mediador: Prof. Dr. Gamba Junior (PUC-RIO)
10h10 Prof. Dr. Marcus Vinícius de Paula (EBA/UFRJ)
11h30 Profa. Dra. Sonia Gomes Pereira (EBA/UFRJ)
12h00 Profa. Dra. Beatriz Lagoa (ECO/UFRJ)
12h20 Debate
12h40 - Livre
14h00 - 17h30 – Sessão III
A História da arte instituída e os discursos marginais
Mediador: Prof. Dr. Cezar Bartholomeu (EBA/UFRJ)
14h00 Profa. Dra. Kenny Neoob de Carvalho (EBA/UFRJ)
14h40 Dra. Marisa Flórido Cesar (Curadora e Crítica de Arte)
15h30 Profa. Dra. Tatiana da Costa Martins (EBA/UFRJ)
16h20 Intervalo
16h20 Debate
Conferência de encerramento
16h40 Profa. Dra. Glória Ferreira (Curadora e Crítica de Arte)
18h00 – Encerramento
LOCAL: Auditório do Museu da República
Rua Catete, 157 – Catete/Rio de Janeiro
Inscrições: historiaegeografiadarte@gmail.com
profissionais: R$ 40,00│ alunos: R$ 20,00
Serão concedidos certificados de participação no colóquio
Instituição Realizadora do colóquio
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola de Belas Artes
Coordenação
Prof. Dr. Marcus Vinícius de Paula
Prof. Dr. Rubens de Andrade
Colaboradores
Bianca Jurema Ferreira Brito
Carlos Rodrigo Laranjeira Cunha
Edwilhan Carvalho de Oliveira
Joana Pinho
Leticia Teixeira Rocha
Thaís Busko
Sharon dos Santos Borgatte
no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro citou Walter Benjamin e a
“exigência de uma história escrita pelos vencidos”. Verdadeiramente, não só
o trabalho dessa fotógrafa como grande parte das obras de arte contemporânea
tem servido como palco de um novo modo de lidar com a história e, mais
especificamente, com a história da arte. Ao que tudo indica a História da
Arte formulada a partir das grandes civilizações, dos estilos de época e até
mesmo por meio das inovações das Vanguardas tornou-se insuficiente para
costurar o universo de conexões construído pelas obras de arte mais
recentes. Grande parte do que a História da Arte deixou de fora tem sido
foco de inclusão por parte dessa produção. No entanto, seria ingênuo afirmar
que a arte contemporânea tenha conseguido reabilitar a visibilidade para os
excluídos do discurso dessa “história oficial”. O mesmo artigo afirma que a
Arte ao rever e afrontar seus próprios fundamentos revela, ao mesmo tempo,
sua força e sua fragilidade, ou seja, a produção artística dedicou-se a
apresentar um problema e não uma solução.
Parece evidente e inegável que a noção e os limites da História da Arte tem
sido não só alterados, mas também postos em crise. É provável que os
fundamentos desse processo se encontrem manifestos em locais e épocas
diversas: o orientalismo do século XIX, o interesse pela arte africana no
início do século XX, o ready-made de Duchamp, as novas mídias, a
globalização, etc. O que parece certo é que se trata de um processo complexo
e repleto de contradições. Portanto, os novos limites históricos e
geográficos que a arte possa adquirir não devem ser encarados de modo
simplista e transformados em normas que devam ser implantadas a fim de
substituir a antiga ordem. Como dissemos acima, essa expansão é muito mais
um problema do que uma solução. É claro que não devemos entender por
“problema” algo inconveniente que deva ser solucionado e excluído, mas como
um questionamento que nos sirva para enriquecer os discursos que compõem o
campo da arte. Queremos sugerir que esses novos limites, que tem sido postos
em questão, devam ser investigados com maior atenção, não para serem
julgados como certos ou errados, mas para que se transformem em reflexão e
produzam conhecimento e não apenas um novo dogma. É certo que não estamos
sugerindo uma discussão inédita. A produção artística contemporânea não
constitui o único indício dessas retrações, expansões e contradições da
história e da geografia da arte. Vários teóricos já abordaram essa questão.
A morte da arte e da história da arte, por exemplo, já se tornaram alvo de
grandes reflexões e temas de livros famosos. Entretanto, Após o fim da arte
de Arthur Danto e O Fim da História da Arte de Hans Belting, ou mesmo
qualquer outro título que tenha abordado o assunto, não parecem propor
soluções positivas capazes de revelar com clareza algum novo modelo
didático. Não podemos nos esquecer que o signo da fragmentação que norteia
grande parte do pensamento estético contemporâneo é um indicador movediço.
Isso significa que a bibliografia utilizada no ensino básico de história da
arte (Janson, Gombrich, Argan, etc.) espelhava um modelo estreito, mas
controlável. A “história da arte dos excluídos”, por ser fundamentalmente
descentrada, exige uma reflexão redobrada ou correrá o risco não apenas de
se tornar um método de ensino caótico, mas de se realizar apenas como
clichê.
Por outro lado não parece certo estabelecer um antagonismo absoluto entre a
“história da arte oficial” e a “história da arte dos excluídos”, pois apesar
de, a primeira vista, o modelo tradicional eurocêntrico ser preciso, linear
e excludente e o novo modelo impreciso, rizomático e acolhedor, não podemos
nos esquecer que esse último germinou no interior do primeiro. W.J.T.
Mitchell defende que a famosa ruptura difundida pelo discurso da Arte
Moderna possui características muito mais próximas de uma auto-reflexão da
própria arte do que de um rompimento definitivo. O próprio Mitchell sugere
que no âmbito da arte contemporânea isso se torna ainda mais evidente.
Portanto, a substituição de modelos dentro do campo da produção artística
tem sido muito mais complexa do que um mero rompimento. Assim sendo, um novo
modelo histórico que pretenda enriquecer as conexões estéticas dentro dessa
produção pode estar mais próximo de uma auto-reflexão do que de uma nova
fórmula redentora. Desse modo, não basta decretarmos que de agora em diante
a história da arte será tecida como uma teia labiríntica e que as limitações
impostas pela linearidade estão vencidas. A mera substituição indiscriminada
de um modelo por outro é uma atitude linear. Seria incoerente que essa
mudança de abordagem fosse atingida por meio de algum tipo de decreto
oficial.
A recente implantação de uma graduação específica para o ensino de História
da Arte na EBA/UFRJ produz, quase que espontaneamente, a necessidade de
discussão do tema. O que pensa o corpo docente do departamento de História
da Arte? Devemos não só ouvi-lo, mas também tentar estabelecer um diálogo
que extrapole as fronteiras da nossa instituição. Certamente o intuito desse
diálogo não é reviver dicotomias retrógradas, tal como “tradição e
inovação”, nem deve possuir qualquer intenção imediatista de construir algum
tipo de gramática de normas didáticas. Visamos, acima de tudo, exercitar a
reflexão sobre essa questão fundamental para a história da arte.
PROGRAMA
Quinta-feira, 08 de novembro 2012
09h00 - 10h00
Inscrições e Credenciamento
10h00 - 10h30 – Abertura
Representante da Escola de Belas Artes
Prof. Dr. Carlos Terra – Diretor da EBA
Representante do Curso de História da Arte EBA/UFRJ
Profa.Dra. Ana Cavalcanti – EBA/UFRJ
Coordenação do Colóquio
Prof. Dr. Rubens de Andrade – EBA/UFRJ
Prof. Dr. Marcus Vinicius de Paula – EBA/UFRJ
10h30 - 12h30 – História e geografia da arte
Conferência de abertura
Prof. Dr. Peter Pál Pelbart (PUC-SP)
Mediadora: Profa. Dra. Verônica Damasceno (EBA/UFRJ)
12h30 – Livre
14h00 - 17h30 - Sessão I
A História da arte internacional e as culturas regionais
Mediadora: Profa. Dra. Patricia Correa (EBA/UFRJ)
14h00 Prof. Dr. Marcelo Campos (UERJ)
14h40 Profa. Dra. Rosana Freitas (EBA/UFRJ)
15h30 Prof. Dra. Viviane Matesco (UFF)
16h20 Intervalo
16h40 Debate
Sexta-feira, 09 de novembro 2012
10h00 - 17h30 – Sessão II
A História da arte erudita e a massificação da imagem
Mediador: Prof. Dr. Gamba Junior (PUC-RIO)
10h10 Prof. Dr. Marcus Vinícius de Paula (EBA/UFRJ)
11h30 Profa. Dra. Sonia Gomes Pereira (EBA/UFRJ)
12h00 Profa. Dra. Beatriz Lagoa (ECO/UFRJ)
12h20 Debate
12h40 - Livre
14h00 - 17h30 – Sessão III
A História da arte instituída e os discursos marginais
Mediador: Prof. Dr. Cezar Bartholomeu (EBA/UFRJ)
14h00 Profa. Dra. Kenny Neoob de Carvalho (EBA/UFRJ)
14h40 Dra. Marisa Flórido Cesar (Curadora e Crítica de Arte)
15h30 Profa. Dra. Tatiana da Costa Martins (EBA/UFRJ)
16h20 Intervalo
16h20 Debate
Conferência de encerramento
16h40 Profa. Dra. Glória Ferreira (Curadora e Crítica de Arte)
18h00 – Encerramento
LOCAL: Auditório do Museu da República
Rua Catete, 157 – Catete/Rio de Janeiro
Inscrições: historiaegeografiadarte@gmail.com
profissionais: R$ 40,00│ alunos: R$ 20,00
Serão concedidos certificados de participação no colóquio
Instituição Realizadora do colóquio
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola de Belas Artes
Coordenação
Prof. Dr. Marcus Vinícius de Paula
Prof. Dr. Rubens de Andrade
Colaboradores
Bianca Jurema Ferreira Brito
Carlos Rodrigo Laranjeira Cunha
Edwilhan Carvalho de Oliveira
Joana Pinho
Leticia Teixeira Rocha
Thaís Busko
Sharon dos Santos Borgatte