O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Maria-Carmen Perlingeiro – Luz de Pedra”, com trabalhos da artista carioca que vive em Genebra, Suíça. A mostra reúne oito obras diferentes: “Dois irmãos”, “Corações”, “Solados”, “Hot Ice”, “A bela e a fera”, “Micas”, “As Horas” e “Os Cones”, cada uma delas composta por vários elementos, totalizando 79 peças. A artista retorna ao MAM 30 anos depois de sua exposição “Bicho de 7 cabeças”, realizada em 1982.
A exposição reúne obras produzidas nos últimos anos, várias inéditas. A curadoria é de Cristina Burlamaqui, que salienta o “caráter artesanal” das esculturas, “seu envolvimento espacial instigante, alcançado por meio da transparência das pedras esculpidas e perfuradas, numa diluição provocada pela luz”.
Para a historiadora e crítica de arte Lionnel Gras, que assina o texto de apresentação da exposição, o público verá um “…panorama ao mesmo tempo denso e preciso do trabalho prolífico desenvolvido há vários anos pela artista na área da escultura…Com uma coerência constante e um rigor absoluto, a artista pratica intuitiva e metodicamente seu ofício em Genebra há mais de vinte anos”.
Grande parte das obras é produzida em alabastro – pedra que a artista vem utilizando há bastante tempo em seu trabalho – e folha de ouro. Algumas obras têm, além desses elementos, pele de cabra. Também será apresentada uma série de trabalhos intitulada “Hot Ice”, com obras produzidas entre 2010 e 2011, em selenita e ouro. Na série “Hot Ice”, a artista fura e grava em ouro em uma alquimia de sintonia intuitiva. As peças materializam o vazio, e a luz perpassa a solidez da selenita como um Menir, monólito pré-histórico, que incorpora a escala monumental não pelo tamanho, mas pela sua translucidez, quando a peça se agiganta em uma efêmera experiência de tempo-espaço.
A instalação inédita “Cones”, de 2012, composta por 18 peças em alabastro, com medidas variadas, também fará parte da mostra. A exposição terá, ainda, trabalhos da série “As horas”, com esculturas feitas em alabastro e folhas de ouro que formam uma espécie de ponteiro que marca as horas.
A série de obras “Solado”, “estruturas que lembram pés descalços subindo os paredões crus de cimento do museu, tentando galgar o impossível”, como define Cristina Burlamaqui, estarão na entrada da exposição. Serão apresentados onze trabalhos dessa série, produzidos entre 2002 e 2012.
Também estarão na exposição sete painéis de acrílico, de 100cm x 70cm, com pedras Mica agrupadas. “
Sobre a artista
Nascida no Rio de Janeiro, 1952, vive e trabalha em Genebra, Suíça. Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduou-se na École Supérieure d’Art Visuel, onde mais tarde veio a lecionar. Na década de 1980 mudou-se para Nova York, onde estudou na Art Student’s League. Ao visitar o ateliê de Sergio Camargo em Carrara, Itália, apaixonou-se pela densidade, resistência e peso do mármore. Na década de 1990 descobriu o alabastro, em Volterra, na Toscana, cuja transparência e camadas onduladas dão origem a obras de séries como “Lunáticas”, “Montanhas” e “Piercings”.
Em 1996 conquistou o primeiro prêmio em concurso internacional para intervenção artística no prédio do UNI Dufour, em Genebra. Em 2000 recebeu o 1º Prêmio no concurso “Lausanne Jardins 2000”, com o projeto paisagístico “As Lanças de Uccello”. Em 2007, a editora suíça InFolio lançou um livro com textos de Ronaldo Brito e Michael Jakob, registrando a produção de Maria-Carmen desde a década de 1980.
Dentre as principais exposições individuais estão as mostras no Scantinatti della Pinacoteca Civica di Volterra e Artrium, em Genebra; Espace Topographie de l’art, Paris, e no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, ambas em 2007; no Paço Imperial, Rio de Janeiro, em 2006; Centro Cultural Banco do Brasil, em 1999; Château de Villa, Sierre, em 1991, entre outras.
As principais exposições coletivas são: “Réflexion forme lumière”, na Galeria Denise René Paris, este ano; a mostra no Espace Topographie de l’art, em Paris, em 2011; na Fonte de San Felice, em Volterra, em 2005; no Museo Cantonale d’Arte, Lugano Art for the World, em 2002; no MAM São Paulo, em 2001; no Musée de la Croix Rouge, em Genebra, em 2000; no Musée Rath e no Musée d’art et d’histoire, ambos em Genebra, em 1999; no Palais de l’Athénée, em Genebra, em 1991; na Escola de artes visuais, Parque Lage, e 1978; XIV Bienal International de São Paulo, em 1977, e XIII Bienal International de São Paulo, em 1975, entre outras.