O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Cultura/ Prefeitura do Rio, a Petrobras, a Light e a Organização Techint apresentam, de 10 de novembro de 2012 a 13 de janeiro de 2013, a exposição “Maria-Carmen Perlingeiro – Luz de Pedra”, com trabalhos da artista carioca que vive em Genebra, na Suíça. A mostra reúne oito obras diferentes: “Dois irmãos”, “Corações”, “Solados”, “Hot Ice”, “A bela e a fera”, “Micas”, “As Horas” e “Os Cones”, cada uma delas composta por vários elementos, totalizando 79 peças. Maria-Carmen Perlingeiro retorna ao MAM 30 anos depois de sua exposição “Bicho de 7 cabeças”, em 1982.
A exposição reúne obras produzidas nos últimos anos, várias inéditas. A curadoria é de Cristina Burlamaqui, que salienta o “caráter artesanal” das esculturas, “seu envolvimento espacial instigante, alcançado por meio da transparência das pedras esculpidas e perfuradas, numa diluição provocada pela luz”.
Para a historiadora e crítica de arte Lionnel Gras, que assina o texto de apresentação da exposição, o público verá um “panorama ao mesmo tempo denso e preciso do trabalho prolífico desenvolvido há vários anos pela artista na área da escultura”. “Com uma coerência constante e um rigor absoluto, a artista pratica intuitiva e metodicamente seu ofício em Genebra há mais de vinte anos”.
Grande parte das obras é produzida em alabastro – pedra que a artista vem utilizando há bastante tempo em seu trabalho – e folha de ouro. Algumas obras como “A bela e a fera”, de 2009, e “Ziegenfell”, de 2008, têm, além desses elementos, pele de cabra. “Maria-Carmen Perlingeiro, essencialmente escultora, percebe o mundo dos volumes tridimensionais esculpidos pela luz natural e integra sua poética em uma experiência visual e tátil, imprimindo referências sutis em ritmo de pura beleza”, diz a curadora.
Também será apresentada uma série de trabalhos intitulada “Hot Ice”, com obras produzidas entre 2010 e 2011, em selenita e ouro. “As recentes criações em grandes blocos de selenita, pedra mexicana volumosa, mas igualmente translúcida, semelhantes ao gelo, recebem perfurações transversais e gravações em ouro, provocando um olhar vertiginoso entre o cheio e o vazio, o de dentro e o de fora. Na série ‘Hot Ice’, a artista fura e grava em ouro em uma alquimia de sintonia intuitiva. Ali, circula-se o centro luminoso como que atravessando o infinito. As peças materializam o vazio, e a luz perpassa a solidez da selenita como um Menir, monólito pré-histórico, que incorpora a escala monumental não pelo tamanho, mas pela sua translucidez, quando a peça se agiganta em uma efêmera experiência de tempo-espaço. Em um jogo quase sensual , os dois Torsos crus e nus, talhados com extrema força e leveza, remetem à tradição da escultura e tornam-se atemporais”, ressalta a curadora Cristina Burlamaqui.
A instalação inédita “Cones”, de 2012, composta por 18 peças em alabastro, com medidas variadas, também fará parte da mostra. “Cada obra pode surgir, brilhar e reluzir, subtrair-se novamente e, progressivamente, iluminar-nos um pouco. Entre minimalismo formal e sugestões figurativas, plenitude e abertura, brutalidade e preciosidade, fração e união, claro e obscuro, as obras se apresentam às vezes como verdadeiros oximoros visuais. Antes de mais nada, convidam-nos a viajar ao âmago das comunhões visuais e semânticas criadas pela artista, que logra, ao mesmo tempo, fazer-nos sorrir, pensar e sonhar”, diz Lionnel Gras.
A exposição terá, ainda, trabalhos da série “As horas”, com esculturas feitas em alabastro e folhas de ouro que formam uma espécie de ponteiro que marca as horas. Os trabalhos vão de 1am até 12am, e de 1pm até 12pm.
A série de obras “Solado”, “estruturas que lembram pés descalços subindo os paredões crus de cimento do museu, tentando galgar o impossível”, como define Cristina Burlamaqui, estarão na entrada da exposição. Serão apresentados onze trabalhos dessa série, produzidos entre 2002 e 2012. “A mostra se inicia com uma série de baixos-relevos em forma de ‘palmilha’, convidando o público a deslocar-se mentalmente, dentro e para além da exposição”. “A exposição permite ao olhar efetuar idas e vindas entre uma observação atenta das obras minuciosamente trabalhadas e a percepção de um vasto universo a ser explorado. Da opacidade à transparência, em graus e camadas sucessivas, dá a descobrir um mundo surpreendente, por vezes silencioso e tranqüilizador, uma poética da essência”, afirma Lionnel Gras.
Também estarão na exposição sete painéis de acrílico, de 100cm x 70cm, com pedras Mica agrupadas. “De aparência também brilhosa, as criações em mica irradiam muita luminosidade, quando em escala pequena. Estas fatias amarradas nas placas de acrílico se dinamizam em jogos geométricos sem lógica matemática como as construções ambivalentes de Joseph Albers, pois Maria-Carmen introduziu nas placas de acrílicos shapes de luz triangulares como fachos luminosos”, conta a curadora.
MARIA-CARMEN PERLINGEIRO
(Rio de Janeiro, 1952. Vive e trabalha em Genebra, Suíça).
Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduou-se na École Supérieure d’Art Visuel, onde mais tarde veio a lecionar. Na década de 1980 mudou-se para Nova York, onde estudou na Art Student’s League. Começou a trabalhar o barro, mas ao visitar o ateliê de Sergio Camargo em Carrara, na Itália, apaixonou-se pela densidade, resistência e peso do mármore. Na década de 1990 descobriu o alabastro, em Volterra, na Toscana, cuja transparência e camadas onduladas dão origem a obras de séries como “Lunáticas”, “Montanhas” e “Piercings”.
Em 1996 conquistou o primeiro prêmio em concurso internacional para intervenção artística no prédio do UNI Dufour, organizado pelo Banco Darier Hentsch & Cie, em Genebra, concorrendo com 249 artistas de todo o mundo. Em 2000 recebeu o 1º Prêmio no concurso “Lausanne Jardins 2000”, com o projeto paisagístico “As Lanças de Uccello”. Em 2007, a editora suíça InFolio lançou um livro com textos de Ronaldo Brito e Michael Jakob, registrando a produção de Maria-Carmen desde a década de 1980.
Dentre as principais exposições individuais estão as mostras no Scantinatti della Pinacoteca Civica di Volterra e Artrium, em Genebra, na Espace Topographie de l’art, Paris, e no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, ambas em 2007; no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2006; no Centro Cultural Banco do Brasil, em 1999; no Château de Villa, Sierre, em 1991, entre outras.
As principais exposições coletivas são: “Réflexion forme lumière”, na Galeria Denise René Paris, este ano; a mostra no Espace Topographie de l’art, em Paris, em 2011; na Fonte de San Felice, em Volterra, em 2005; no Museo Cantonale d’Arte, Lugano Art for the World, em 2002; no MAM São Paulo, em 2001; no Musée de la Croix Rouge, em Genebra, em 2000; no Musée Rath e no Musée d’art et d’histoire, ambos em Genebra, em 1999; no Palais de l’Athénée, em Genebra, em 1991; na Escola de artes visuais, Parque Lage, e 1978; XIV Bienal International de São Paulo, em 1977, e XIII Bienal International de São Paulo, em 1975, entre outras.
Serviço: Maria-Carmen Perlingeiro – Luz de Pedra
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Abertura: 10 de novembro de 2012, às 16h
Exposição: até 13 de janeiro de 2013
Realização: MAM Rio
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
De terça a sexta, das 12h às 18h Sábado, domingo e feriado, das 12h às 19h [A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação].
Ingresso: R$12,00
Estudantes maiores de 12 anos R$6,00
Maiores de 60 anos R$6,00
Amigos do MAM e crianças até 12 anos entrada gratuita
Quartas-feiras a partir das 15h entrada gratuita
Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$12,00
Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85
Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140
Telefone: 21.2240.4944