De acordo com Bruno Bettelheim, a versão de “Chapeuzinho Vermelho” escrita pelos Irmãos Grimm tem – entrelinhas – um apelo e caráter psicológico. Este, muitas vezes, não identificado por um adulto, porém, normalmente, fácil de ser internalizado por uma criança.
O autor compara “Chapeuzinho Vermelho” com “João e Maria” algumas vezes. Essa comparação é feita para mostrar a inocência infantil dos irmãos indo de encontro à “maturidade” (referente às crianças) da menina com capuz vermelho. Essa maturidade, que se encontra entre a infância e a puberdade da garota, é exemplificada quando ela nota alguma coisa de diferente na avó –quando o lobo passa-se por ela -, mas logo confunde-se e não dá importância, tendo em vista que o animal veste as roupas da parente.
Bettelheim cita também a questão masculina, tendo como personagens: o lobo e o caçador; suas personalidades são relacionadas, respectivamente, com sedução, violência e proteção, altruísmo. O caçador, de acordo com o autor, “é a figura mais atraente, tanto para os meninos como para as meninas, porque salva os bons e castiga o malvado”.
Finalmente, como é do caráter dos contos de fadas, a justiça e a lição estão presentes no momento em que a barriga do lobo é recheada com as pedras, isto é, como ele colocou indevidamente Chapeuzinho Vermelho e sua avó na barriga, comendo-as, assim que o caçador retirou-as de dentro do animal, este pôs os pedregulhos no lugar delas.