O oráculo interpreta o que foi dito, pois ele nada produz para ser reconhecido, mas para ser interpretado. Diz uma verdade que aceita a interpretação e a alteração pelos que tomam conhecimento da verdade que foi dita, que podem, assim, tentar controlar o destino.
Os que escutam o Oráculo sabem que o que foi dito, precisa ser interpretado corretamente. Se for uma desgraça, tentarão evitá-la, mas se for algo de bom Farão de tudo para que não haja nada que impeça a previsão acontecer. No Entanto, a fala do oráculo, mesmo que seja simples, deve ser interpretada com cuidado e de forma correta.
Normalmente, nas narrativas sobre os oráculos, o que foi dito, realmente ocorre, mas de uma maneira inesperada. Mesmo assim, não se sabe se o que foi dito, realmente ocorreu, haja vista que, depois do desfecho, pode-se interpretar o que ocorreu como sendo o real aviso do oráculo.
Um exemplo é o de Sócrates que, ao escutar o que dizia o Oráculo, afirmando que ele é sábio, parte para negar tal afirmação. Procurando outros mais sábios, ele interpreta que aquilo que o oráculo concluiu não era a mesma conclusão a que ele chegou inicialmente.
No início, Sócrates interpreta que não sabia, mas, ao menos, sabia que não sabia, enquanto que muitos outros afirmavam saber coisas que, na verdade, não sabiam. Já com mais idade, Sócrates conclui que a interpretação correta feita pelo oráculo foi a de ele ter filosofado como filosofou, fazendo com que a cidade inteira se questionasse.
Sócrates, ao final da vida, interpreta que era isso que o Oráculo de Delfos queria dele. Assim, o que disse o oráculo, se realizou, foi uma verdade, mas não como Sócrates pensou. O oráculo confirmou a verdade de que, ao final, Sócrates era o mais sábio, quando diz que ser sábio não era responder as perguntas e, sim, fazer as indagações. Por isso, para Sócrates, a frase com a qual se é sábio é “uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”.