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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Arena Jovelina Perola Negra recebe o espetáculo "A Negra Felicidade" nos dias 11 e 12 de abril


A peça, dirigida por Moacir Chaves, tem apresentações gratuitas na Pavuna

O espetáculo teatral "A Negra Felicidade" é baseado na história real da escrava Felicidade, que em 1870 entrou na Justiça para que fosse reconhecido seu direito à liberdade. Indicado ao Prêmio Shell na categoria Melhor Direção e ao Prêmio Questão de Crítica nas categorias Melhor Direção e Melhor Espetáculo, "A Negra Felicidade" tem duas apresentações gratuitasna Arena Jovelina Pérola Negra, nos dias 11 e 12 de abril (sexta-feira e sábado). A direção e dramaturgia são de Moacir Chaves.
A peça se passa em 1870, na cidade do Rio de Janeiro, uma negra de nome Felicidade move uma ação em juízo pleiteando sua liberdade. Sua mãe, a preta livre Maria Anna de Souza do Bonfim, solicitou a um terceiro que, por compra ou por qualquer outra transação, conseguisse a vinda de sua filha, Felicidade, para o Rio de Janeiro, para então poder pagar por sua liberdade. Assim, mãe e filha começaram a criar dívidas com as quais não puderam arcar.

A peça teatral é construída a partir de dois pilares de composição: documentos históricos da época da escravidão no Brasil e textos literários que refletem sobre a natureza humana. Os documentos históricos são anúncios de comercialização de escravos, retirados do Jornal do Comércio, datados de 1870, e os autos de um processo judicial, também de 1870, em que uma escrava, registrada com o nome de Felicidade, moveu uma ação na justiça do Rio de Janeiro pleiteando sua liberdade. Os textos literários são constituídos por um trecho da peça O Jardim das Cerejeiras, de Tchekov, em que o personagem Trofimov fala da importância de se expiar um passado construído à custa do trabalho servil, e pelo Sermão de Santo Antonio aos peixes, do padre Antonio Vieira, grande defensor da igualdade entre os seres humanos e da abolição da escravatura. O contraponto entre a coisificação máxima do ser humano - a escravidão - e o profundo respeito à vida humana defendido por Vieira e Tchekov é a base do espetáculo.

A COMPANHIA ALFÂNDEGA 88
A Alfândega 88 fundamenta sua pesquisa cênica no questionamento de nosso passado, estudando teoricamente nossas raízes culturais e históricas e dividindo questões através do experimento de materiais não convencionais de dramaturgia. O nome da companhia é inspirado no episódio histórico que deu origem ao espetáculo A Negra Felicidade, em que a escrava de nome Felicidade moveu uma ação em juízo pleiteando sua liberdade. Sua mãe, a preta livre Maria Anna de Souza do Bonfim, solicitou a um terceiro que, por compra ou por qualquer outra transação, conseguisse a vinda de sua filha para o Rio de Janeiro, para que então pagasse por sua liberdade. Para liquidar a dívida, ambas tiveram que permanecer durante anos em trabalho na Rua da Alfândega nº 88.

Com patrocínio do FATE (SMC - Prefeitura do Rio de Janeiro, 2011-2013), a companhia reabriu um teatro particular histórico, o Teatro Serrador, que, no século passado, recebeu estreias de Nelson Rodrigues, Procópio Ferreira, Eva Todor, entre outros. A Cia. implementou seu projeto de manutenção de grupo no espaço, que foi revitalizado e recebeu mais de 20 espetáculos, além de oferecer uma série de atividades gratuitas à comunidade. Por este projeto, a companhia Alfândega 88 ganhou o Prêmio Shell na Categoria Especial.

A trajetória dos espetáculos da Alfândega 88 traduz o objetivo da Cia. com seus trabalhos: manter suas montagens vivas pelo maior tempo possível, valorizando, desta forma, os esforços empreendidos na criação da obra pelos artistas e apoiadores da cultura, possibilitando sua divulgação para as mais diferentes plateias e permitindo o amadurecimento do espetáculo e sua realização de forma plena.


FICHA TÉCNICA
Textos extraídos de:
- Autos de um processo de 1870, movido por Felicidade, negra, escrava, contra seu senhor para que fosse reconhecida a sua liberdade
- Anúncios do Jornal do Comércio do ano de 1870
- Trecho da peça teatral O Jardim das Cerejeiras, de Tchecov, fala do personagem Trofimov
- Sermão de Santo Antonio aos Peixes, do Padre Antonio Vieira

Direção e Dramaturgia: Moacir Chaves
Elenco: Andy Gercker, Adriana Seiffert, Danielle Martins de Farias, Edson Cardoso, Elisa Pinheiro, Fernando Lopes Lima, Leonardo Hinckel, Rafael Mannheimer, Rita Fischer e Silvano Monteiro.
Figurinos: Inês Salgado
Iluminação: Aurélio de Simoni
Direção musical: Tato Taborda
Projeto gráfico: Maurício Grecco
Assistência de direção: Danielle Martins de Farias
Produção: Notórias Produções

SERVIÇO
Data: 11 e 12 de abril
Horário: 19h e 20h
Local: Arena Jovelina Pérola Negra (Praça Ênio S/N - Pavuna - ao lado da Escola Telêmaco)
Capacidade: 330 pessoas
Telefone: 2886-3886
Classificação: Livre
Duração: 70 minutos
Entrada gratuita