Em abril, o Oi Futuro BH recebe 14 atrações, entre espetáculos convidados, selecionados e peças da Cia Burlantins
Entre os dias 16 e 27 de abril, a Mostra Benjamin de Oliveira – que chega à sua 2ª edição – apresenta um leque diverso de manifestações artísticas que vão de intervenções urbanas a exibição inédita de um vídeo sobre uma Guarda de Congado de Belo Horizonte, passando por espetáculos teatrais, de dança e circo. Entre eles, alguns inéditos na capital mineira, como In Conserto, do Teatro Anônimo (RJ), uma das atrações que abrem a Mostra no Teatro Oi Futuro Klaus Vianna.
Ao todo, são 14 atrações gratuitas tendo a cultura-afro como tema ou elenco predominantemente composto por negros, vindas não só da capital mineira, mas também de Lagoa Santa (MG) e Rio de Janeiro. A Mostra, que em sua primeira edição, em 2013, foi sucesso de público e crítica, neste ano chega ainda mais diversa e englobando outros públicos. Além das exibições e espetáculos, haverá uma tarde de contação de histórias folclóricas e um encerramento com um cortejo do Boi da Manta. “Ao longo desses 10 dias, a riqueza cultural dos negros brasileiros torna-se protagonista. Esta edição, em especial, traz uma programação extensa e plural, com diferentes linguagens e propostas, unindo uma produção contemporânea sem perder de vista a pesquisa e a tradição”, afirma o idealizador da Mostra, Maurício Tizumba, da Cia Burlantins.
Para compor um rico panorama artístico-cultural, além dos espetáculos Clara Negra e Oratório – ambos da Cia Burlantins – e de outros cinco convidados, uma curadoria formada por Leandro Belilo e Alexandre de Sena selecionou trabalhos por meio de um chamamento público. Segundo Alexandre, é necessário ressaltar um caráter importante desse chamamento: “É uma ação que estimula a nós negros a escrevermos projetos e também, enquanto curadoria, a lançar um olhar sobre o que é produzido por corpos negros em formação e em diálogo com a tradição”, afirma. “Estivemos atentos a pesquisas – como a do grupo Zap18 – que dizem, por exemplo, de um jovem negro hoje, não somente em relação à sociedade, mas que passa também por de onde ele veio. Em certa medida, a manutenção de uma tradição viva em diálogo ou mesmo contaminado por questões contemporâneas”, completa.
O nome da Mostra já revela seu eixo temático. Benjamin de Oliveira, patrono da Burlantins desde a fundação do grupo, nasceu em 1870 e foi o primeiro palhaço negro do Brasil. É considerado o criador do circo-teatro brasileiro, gênero que levava para as ruas paródias de operetas, contos de fadas teatralizados e grandes clássicos da literatura. Nos entreatos, cantava lundus, chulas e modinhas em companhia de seu violão. Ao escolher o nome daquele que era conhecido como “Rei dos Palhaços”, a companhia reitera seu desejo de valorizar a riqueza cultural dos negros brasileiros.
Confira programação completa:
Todas as atrações serão realizadas no Oi Futuro BH (Av. Afono Pena, 4001 | Mangabeiras).
Cultura Urbana – se essa rua fosse nossa (Coletivo Breaking no Asfalto/Belo Horizonte)
Dia 16/04, quarta-feira, 19h
O coletivo irá realizar uma intervenção urbana em frente ao Oi Futuro. Por meio do Rap, Djing, Graffiti, e focando, sobretudo, na prática do break e nos valores do hip hop, o Coletivo chama a atenção para a construção dialógica da arte de rua, que parte do espaço, dos sujeitos e da interação desses elementos com a arte em si.
Exibição "Os Carolinos" (filme)
Dia 16/04, quarta-feira, 20h
O filme acompanha a Irmandade Os Carolinos em uma viagem a Aparecida do Norte, São Paulo, para a festa do santo negro cozinheiro São Benedito, que reúne diversas guardas de congado do país. Os Carolinos é uma das mais tradicionais irmandades de congado de Belo Horizonte, sendo sua fundação datada de 1917.
In Conserto (Teatro Anônimo / Rio de Janeiro)
Dia 16/04, quarta-feira, 21h
Um trio de palhaços se prepara para dar um concerto público, mas muitas trapalhadas acontecem até que consigam executar suas peças. A estrutura do espetáculo mora no jogo clássico dos velhos palhaços, apreendida em uma das mais tradicionais famílias ligadas à arte da palhaçaria – a Colombaioni. O Teatro de Anônimo teve a possibilidade de aprender com o mais ilustre representante da quinta geração, o mestre Nani Colombaioni e executar esta partitura com excelência é um dos maiores desafios dessa pesquisa do grupo: reproduzir ou recriar o universo já experimentado por nobres palhaços de todo o mundo, em todos os tempos.
Kàdárà (Anderson Feliciano, Denilson Tourinho, Meibe Rodrigues e Reinaldo Café/Belo Horizonte)
Dia 17/04, quinta-feira, 21h
A montagem constitui um “evento paisagem” a partir de uma dramaturgia cênica pautada em fragmentos autobiográficos de seus integrantes. Aliado a esses fragmentos, a proposta explora todas as dimensões do espaço, contando para isso com a participação de um DJ, criando uma espécie de teia que capturará o espectador pela subjetividade, pelo afeto. Um ardil e um convite, uma construção dinâmica, viva e, portanto frágil de um lugar que será provisoriamente habitado e o mais importante co-habitado. O trabalho intitulado Kàdárà (destino em Ioruba) é a oportunidade que o coletivo de artistas negros encontrou para, a partir de suas pesquisas cênicas, com outros artistas interessados no assunto, discutirem a relevância de questões relacionadas a temáticas raciais e ainda refletirem, discutirem e analisarem sobre a possibilidade da construção de outras estéticas negras.
A morte de Antônio Preto (Sérgio Pererê e Eneida Baraúna/ Belo Horizonte)
Dia 18/04, sexta-feira, 21h
O espetáculo é um romance em forma de cordel que une música, poesia e contação de história com fortes referências em manifestações da cultura popular mineira, como a marujada e o catopê. Músicas já conhecidas de Sérgio Pererê se unem a cantigas populares.
Clara Negra (Cia Burlantins / Belo Horizonte)
Dia 19/04, sábado, 21h
Homenagem a Clara Nunes, artista eclética, com várias facetas musicais. As músicas são intercaladas com frases célebres da cantora e informações sobre sua vida e trajetória artística, como a mudança do interior de Minas para Belo Horizonte e da capital mineira para o Rio de Janeiro, até o reconhecimento e sucesso em todo o país.
Definitivo é o fim (Rui Moreira Cia de Danças / Belo Horizonte)
Dia 20/04, domingo, 19h
Partindo de princípios reflexivos sobre a impermanência do tempo, Rui Moreira iniciou uma delicada investigação sobre o corpo sensível. As percepções de variados momentos desta investigação foram organizadas e se transformaram em performance cênica. Em ‘Definitivo é o fim’ alguém vem do nada e vai em direção a lugar algum, e a variação de humores, sons e ambiências deste trajeto provocam encontros e desencontros que acabam se situando no imponderável “acaso”. Este alguém, que não se sabe quem, é fruto das memórias e vivências diversificadas de um andarilho errante imaginário.