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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Pesquisa aborda o risco cardiovascular precoce

"As doenças cardiovasculares (DCV) apresentam surgimento cada vez mais precoce dos fatores de risco, tendo o excesso de peso como pilar para as alterações. Estudos apontam maior suscetibilidade para presença de excesso de peso e alterações metabólicas em crianças e adolescentes com história familiar (HF) para esses mesmos agravos. Assim, o conhecimento da HF de doenças e fatores de risco cardiovasculares é relevante, capaz de determinar maior ou menor sensibilidade às doenças." A constatação é do estudo da aluna do mestrado acadêmico em Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP Isabela dos Santos Souza. A pesquisa avaliou a influência da história familiar de doenças e fatores de riscos cardiovasculares selecionados, segundo grau de parentesco, no perfil de risco cardiovascular de crianças e adolescentes atendidas em um ambulatório de nutrição pediátrica do Rio de Janeiro.
 
A história familiar, segundo a aluna, pode ser usada como importante ferramenta na compreensão do risco a saúde de um indivíduo, podendo ser beneficiado com recomendações de mudanças no estilo de vida, já que os sujeitos de uma mesma família partilham genes, comportamentos, estilos de vida e ambientes que podem influenciar a sua saúde e no risco de doença. “É sabido que a expressão dos genes pode ser modificada por hábitos comportamentais. A nutrigenômica é um exemplo disso, pois estuda, ao longo do tempo, a influência da dieta na estrutura e expressão dos genes, favorecendo condições de saúde ou de doença”, explicou.
 
De acordo com a aluna, as doenças cardiovasculares apresentam fatores de risco em comum, entre as quais se destacam o tabagismo, consumo de bebida alcoólica, excesso de peso, inatividade física, dieta com elevado teor de gorduras saturadas, baixo consumo de frutas e hortaliças, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, dislipidemia e estresse psicoemocional. “Estes fatores, também chamados de fatores de risco modificáveis, são considerados como os principais relacionados ao estilo de vida e apresentam grande impacto sobre o desencadeamento e o prognóstico destas doenças”, apontou Isabela.
 
O estudo da aluna foi realizado em uma população ambulatorial de crianças e adolescentes atendidas no setor de Nutrição Pediátrica do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. A população foi composta por crianças de 2 a 10 anos incompletos e adolescentes de 10 a 19 anos atendidos no ambulatório da referida instituição no período de março de 1997 a março de 2013.
 
A fonte de obtenção de dados foi um banco pré-existente contendo informações padronizadas de primeira consulta, sendo discriminadas informações quanto ao modo de ingresso, idade, sexo, escolaridade materna, local de moradia, peso, estatura, IMC, circunferência de cintura, pressão arterial, perfil lipídico, peso ao nascer, idade gestacional, aleitamento materno, prática de atividade física e histórico familiar de doenças e fatores de risco em parentes de primeiro e segundo grau.
 
A história familiar foi registrada considerando a presença ou ausência de parentes de 1º e/ou 2º grau com as seguintes enfermidades: hipertensão arterial, dislipidemia, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, outras cardiopatias, obesidade e diabetes mellitus. Para isso, considerou-se como ‘parentes de 1º grau’ mãe e/ou pai e/ou irmão(s) e ‘parentes de 2º grau’ sendo avó(s) maternos e/ou paternos.
 
Quanto aos resultados observados, Isabela destacou que ao considerar a história familiar de obesidade, o aumento no número de parentes com a condição determinou um maior risco estimado de excesso de peso nas crianças e adolescentes, especialmente ao considerar a história familiar em parentes de primeiro grau. Com isso, o estudo possibilitou concluir que há uma influência independente entre história familiar de obesidade e dislipidemia e a presença de alterações similares na geração de crianças e adolescentes.
 
Isabela dos Santos Souza é graduada em nutrição pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Sua dissertação de mestrado acadêmico em Saúde Pública e Meio Ambiente, intitulada História familiar para fatores de risco cardiovascular e perfil lipídico e antropométrico em crianças e adolescentes: estudo transversal em unidade ambulatorial do Rio de Janeiro, foi apresentada na ENSP no dia 25/7, sob orientação da professora Rosalina Jorge Koifman.