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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Publicação celebra primeiras clínicas da família do RJ

A reforma da Atenção Primária no Rio de Janeiro é complexa, pois abrange mudanças de grandes proporções nas áreas administrativa, organizacional e do modelo de atenção. Ainda que recém-implantada na cidade, a reestruturação está dando resultados. Para celebrar a nova realidade do município, acaba de ser lançado o livro 50 primeiras Clínicas da Família da cidade do Rio de Janeiro. A pesquisadora da ENSP e coordenadora da implementação das Clínicas, Elisabete Dorigheto, é organizadora da publicação, junto com a também integrante da equipe de implementação, Roberta Mota. O livro aborda não só a construção das unidades, a padronização de equipamentos e mobiliários, mas também a composição das equipes, a história dos homenageados e das comunidade em que as clínicas foram implantadas.
 
Durante a cerimônia de lançamento, o diretor da ENSP, Hermano Castro, falou a respeito da grande satisfação pela parceria entre a Escola e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, além de apontar a publicação como um marco da história de sucesso das Clínicas da Família. Além de Castro, Elisabete Dorigheto, Roberta Mota e o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, também compuseram a mesa.   
 
Após enaltecer a parceria, Hermano lembrou que, no momento em que assumiu a direção da Escola, no início de 2013, a cobertura de saúde da família no município necessitava de ampliação. “Naquela época, cobrei avanços; e hoje, apesar das inúmeras conquistas, reitero a minha fala: o Rio de Janeiro deve sempre melhorar a qualidade e expadir a cobertura. Precisamos alcançar um número de unidades que atenda 100% da nossa população. Esse deve ser o nosso alvo, a nossa meta. Com certeza, a ENSP estará sempre somando e sendo parceira naquilo que for necessário e possível, principalmente, no que se refere ao ensino e pesquisa, que é a nossa missão”, disse ele. 
 
Dentre as cinquenta primeiras Clínicas, Hermano Castro destacou a unidade que está localizada no complexo de Manguinhos, cujo homenageado é o professor emérito e pesquisador da ENSP, Victor Valla, falecido no ano de 2009. Valla foi um lutador das causas sociais e um dos maiores incentivadores do enfrentamento às desigualdades em nosso país. Citando Victor Valla, o diretor da ENSP disse que “devemos colocar a academia na rua”. Para ele, esse é o papel da relação entre serviço, ensino e pesquisa. Precisamos transformar o conhecimento científico em conhecimento aplicado, revertendo-os em produtos e benefícios para a saúde e bem-estar da população brasileira.
 
O secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, afirmou que a publicação do livro é um dever de retorno à sociedade, à população carioca. “Para sua construção, contamos com a colaboração de cada um dos integrantes das clínicas, pois todos participaram desse processo ativamente no dia a dia”, analisou. Atualmente, comentou Daniel, o município possui 72 Clínicas da Família, e a pretensão é chegar a 140 unidades até 2016. “Muito se construiu até chegarmos nas 50 primeiras clínicas, mas ainda temos muito o que avançar. Este é um processo que não tem fim. Esperamos que elas não sejam somente uma estrutura física com boa locação, materiais e estruturas para trabalhar, mas sim um potencializador do modelo de sistema de saúde que queremos construir. Um modelo baseado na saúde da família, único e que requer formação específica voltada para a medicina de família e comunidade”, explicou. 
 
O secretário lembrou que a inspiração para as mudanças ocorridas na atenção primária do Rio de Janeiro e também para a publicação de um livro foi a reforma dos Cuidados Primários de Portugal. Segundo ele, o país foi um modelo. Vários outros países do mundo já atingiram 100% de cobertura de saúde da família e a cidade do Rio de Janeiro também vai chegar. 
 
As clínicas da família têm como pontos-chave a delimitação da sua lista de usuários definida com base territorial e a proximidade com o cidadão, que conhece pelo nome o profissional responsável pelo seu cuidado ao longo do tempo, favorecendo melhor desempenho clínico e uma relação de confiança. Além da ampliação do acesso, outra característica da Clínica da família é resolver os problemas na atenção primária por meio de uma carteira básica de serviços que contempla as situações de saúde mais frequentes, incluindo pequenas urgências e exames complementares.