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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

EXPOSIÇÃO “¡MIRA! ARTES VISUAIS CONTEMPORÂNEAS DOS POVOS INDÍGENAS” RETORNA A BELO HORIZONTE NO ESPAÇO DO CONHECIMENTO UFMG

Exibindo Exposição Mira_08 foto de Kayke Quadros.jpg


Exposição apresentada no museu terá enfoque sobre a construção dos saberes, processos criativos e os próprios artistas que integram a mostra

No dia 25 de setembro, às 19h, o Espaço do Conhecimento UFMG recebe a exposição ¡MIRA! Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas, mostra que reúne trabalhos de artistas indígenas de cinco países da América Latina – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Inaugurada em 2013 no Centro Cultural UFMG, a ¡Mira! traz expressões artísticas variadas, como telas e esculturas, além de vídeos que contam a história da concepção das obras, propondo uma nova leitura. A exposição é resultado das pesquisas do núcleo Literaterras e de realização do Espaço do Conhecimento UFMG e da DAC - Diretoria de Ação Cultural da UFMG. A exposição estará aberta a visitações até o dia 4 de janeiro. A entrada é gratuita.

Pensar a construção do conhecimento a partir de outras perspectivas culturais é uma das propostas da exposição. A professora Leda Martins, Diretora da DAC - Diretoria de Ação Cultural da UFMG, enfatiza a importância da inclusão dos diversos olhares dos povos indígenas na produção cultural contemporânea.
"A bela exposição ¡Mira! é parte das ações contínuas da UFMG na afirmação e inclusão dos indígenas em inúmeros projetos culturais, assim como em programas de ensino, extensão e pesquisa. A exposição se destaca por sua importância, originalidade e valor estético, e essa relevância é também evidenciada pela sua repercussão nacional e internacional, assim como pelos inúmeros convites que tem recebido para circulação por países da América Latina. ¡Mira! nos permite realçar a urgência em incorporarmos os olhares, pensamentos e práticas dos povos indígenas aos circuitos de produção de conhecimentos acadêmicos, contribuindo efetivamente para a visibilidade e valorização que há muito merecem", destaca.

Para Maria Inês de Almeida, curadora da ¡Mira!, a exposição traz um olhar contemporâneo sobre as obras dos artistas indígenas – que, embora tratem de temas ligados às suas respectivas culturas, não podem ser classificadas simplesmente como arte indígena.
“É um olhar sobre a obra, uma inserção dessa produção no cenário artístico contemporâneo. A partir delas o público terá acesso ao pensamento dessas populações sobre questões como guerras, espiritualidade e violência.”
A curadora acrescenta que, para os povos indígenas, a ideia de produção da arte só surge a partir do contato com o mundo globalizado. “Porque antes, na cultura destes povos, a arte e a vida eram uma coisa só, não havia essa separação. Ao mesmo tempo, o olhar indígena está impresso em cada uma das obras, uma vez que são trabalhos que demonstram a integração dos artistas às suas raízes culturais.”

O diretor científico-cultural do Espaço do Conhecimento UFMG, René Lommez Gomes, corrobora esse raciocínio em relação à natureza identitária dos trabalhos que integram a exposição e reflete sobre o processo de construção desta.
“É preciso entender que a ideia principal da ¡Mira!, no momento da sua concepção, era fazer um mapeamento da produção artística indígena. Durante o processo, quando vieram informações sobre quem são esses artistas e como eles produziam seus trabalhos, algumas ideias pré-concebidas foram descartadas, a exemplo do conceito de que a arte indígena é uma ‘retomada de tradição’. É um aspecto presente, claro, mas o mais importante da ¡Mira! é essa desconstrução que ela provoca, trazendo à tona a ideia de que esses indígenas não são ‘povos parados no tempo e isolados no mundo’. Eles são pessoas que mantêm identidades indígenas, mas vivem no mundo contemporâneo”, reforça.

René Lommez acrescenta ainda que o universo dos artistas que integram a mostra é complexo, e essa tradução está entre os desafios da mostra.

“Alguns deles ainda vivem em aldeias, nas suas comunidades, e outros já estão completamente inseridos no universo urbano, inclusive com formação universitária. Há alguma conexão com a tradição e as questões indígenas atuais, mas não é uma característica predominante e nem tão visível. Então, a ¡Mira! contribui para a queda desses estereótipos”, diz.

Nova abordagem
Como se trata de uma exposição que já percorreu espaços como o Centro Cultural UFMG, a Casa da Cultura da América Latina da UnB e o Museu Nacional dos Correios, os dois últimos em Brasília, o retorno à capital mineira traz também uma nova abordagem da mostra.
“A ¡Mira! é uma exposição fluida, que se adapta aos locais onde é recebida e, no Espaço do Conhecimento UFMG, ela terá um enfoque maior na construção dos saberes a partir do olhar dos artistas que registram suas visões de mundo. Quando foi inaugurada no Centro Cultural UFMG, o foco era a história dos povos indígenas; desta vez ela está mais centrada nas diversas formas de tradução do universo indígena para o mundo contemporâneo”, explica Maria Inês.

René Lommez fala da leitura feita pelo museu a partir da trajetória da exposição: “A ¡Mira! vir para o Espaço agora é muito significativo. Como se trata de uma remontagem da exposição de 2013, não vamos simplesmente fazer a mesma exposição. O objetivo é tentar refletir um pouco sobre as novas questões que apareceram e sobre a própria circulação da exposição, e tentar dar um enfoque maior no processo de construção dessas obras. Além de expô-las queremos mostrar quem são os artistas, o que e como eles produzem”, enfatiza.

A nova montagem da exposição ¡MIRA! Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas é uma realização do Espaço do Conhecimento UFMG e da DAC – Diretoria de Ação Cultural da UFMG.
Apoio: Núcleo Literaterras, Faculdade de Letras da UFMG e Centro Cultural UFMG

O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes através da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a operadora TIM e a UFMG e conta com o apoio da Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG e da DAC – Diretoria de Ação Cultural da UFMG

Serviço:
¡MIRA! Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas
Período: 25 de setembro a 4 de janeiro 
Local: Espaço do Conhecimento UFMG - Praça da Liberdade, 700

Entrada franca
Mais informações: www.espacodoconhecimento.org.br
Informações para a Imprensa: (31) 3409-8366