A trajetória de queda da confiança do consumidor e do empresário no Brasil se aprofundou nos últimos meses, alcançando mínimas históricas e dificultando qualquer expectativa de recuperação para a economia brasileira no curto prazo. De acordo com a FGV, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apresentou queda de 4,9% em fevereiro, passando de 89,8 para 85,4 pontos, onde qualquer coisa abaixo de 100 é pessimismo. A piora se deve tanto ao aumento da inflação, que retira poder de compra do trabalhador, quanto ao aumento dos juros e o medo de o ajuste recessivo afetar o mercado de trabalho. Já a confiança empresarial medida pela CNI apresentou queda de 4,2 pontos em fevereiro, chegando a 40,2 pontos, onde qualquer número abaixo de 50 representa pessimismo. A queda foi puxada pela indústria de construção, que apresentou retração de 4,8 pontos, mas praticamente todos os outros setores industriais também apresentaram queda na confiança. |
O clima econômico no Brasil se deteriorou rapidamente desde de meados de 2014 até o início de 2015. Mesmo já apresentando algumas dificuldades em 2013, particularmente devido às manifestações de junho daquele ano, que fizeram despencar a confiança no Brasil, a queda vertiginosa da confiança registrada em 2014 possui tanto um componente econômico (devido aos maus resultados da economia) quanto um componente político (dado o clima de incerteza e conflito social causado pela eleição). A superação do processo eleitoral e a nomeação da nova equipe econômica traziam consigo a expectativa de recuperação da confiança empresarial, tendo em vista o alinhamento da nova equipe com o discurso defendido por integrantes do mercado financeiro e de setores industriais ao longo da eleição de 2014. Por enquanto, não houve a recomposição das expectativas, o que afeta cada vez mais a confiança do consumidor em razão da sequencia de notícias negativas sobre o desempenho atual e futuro da economia. A recuperação do otimismo depende de medidas claras e bem comunicadas do governo no sentido de recompor o crescimento econômico, fato dificultado pelas propostas de ajuste fiscal em curso, que podem deprimir a atividade econômica. |
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