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terça-feira, 31 de março de 2015

Galpão Gamboa recebe o infantil "O moço que casou com a megera"

Espetáculo da Cia de Teatro Medieval é uma adaptação dos contos "A megera domada", de Shakespeare, e "O moço que casou com mulher braba", do espanhol Don Juan Manuel
A transformação do comportamento humano é o tema principal do espetáculo "O moço que casou com a megera". Em cena, uma mulher braba, uma verdadeira megera, se transforma em uma mulher extremamente dócil. Com texto de Marcia Frederico e direção de Fabianna de Mello e Souza, a peça terá apresentações no projeto Gamboavista, doGalpão Gamboa, nos próximos dias 04 e 05 de abril (sábado e domingo), às 16 horas.

Gamboavista tem curadoria do ator e diretor Cesar Augusto e direção artística de Marco Nanini e Fernando Libonati. O projeto vai até o mês de maio e conta com espetáculos teatrais (adultos e infantis) e shows.

O moço que casou com a megera

Uma adaptação inédita, "O moço que casou com a megera" mistura duas histórias: "O moço que casou com mulher braba", um conto medieval do escritor espanhol Don Juan Manuel, e "A megera domada", de William Shakespeare.No elenco, Diego Braga, Marcia Frederico, Marnei Kaufmann e Rogério Freitas.

O espetáculo reflete sobre a ideia de transformação do humano e a ótica que cada época atribui a esta capacidade. No primeiro texto, tipicamente medieval, o modelo é mais simplista e o uso da "violência" é uma importante "arma" educativa. Neste caso, o moço faz um "teatro", uma farsa e se finge de louco falando com os animais e os matando quando não o obedecem; diante da crescente violência, a mulher resolve atender às solicitações do marido antes que tenha a mesma sorte dos bichos. Já o mesmo não se dá com a mãe da moça, que é muito pior que ela, pois, como dizia o Conde Lucanor: "Sê firme desde o início com as mulheres, senão, não poderás quando quiseres"... Ou seja, "é de cedo que se torce o pepino", a ideia de que educação só é eficaz quando é constante desde a infância ou, neste caso, desde que se constrói uma nova relação.

No segundo texto, o de Shakespeare, os tempos eram outros; o renascimento trazia o homem para o centro do universo e o grande gênio da dramaturgia construía personagens com mais densidade psicológica e tridimensional, não apenas uma alegoria, um arquétipo, como nos tempos medievais. Neste caso, fica a dúvida no texto final de Catarina, a megera domada, se ela de fato mudou, ou se também resolveu entrar no jogo da farsa criado por Petruccio, o moço, e assim ele pensa que está mandando e ela finge que obedece.

Com olhares mais românticos, alguns atribuem à força do amor à possibilidade de mudança do ser humano; ou seja, ocorreu entre o casal uma espécie de "amor à primeira vista" que teria dado ao moço a resolução de, mesmo contra todos, manter sua ideia de se casar com tal mulher, e, a ela, mesmo sendo como é, agir de forma diferente para "manter" o casamento.

Para a criança fica a divertida brincadeira da farsa, que é o teatro dentro do teatro, em que ela percebe o jogo que um personagem faz, achando que está ludibriando o outro, e ela, como espectador, é cúmplice desta deliciosa brincadeira que é o teatro.

"Quantas ‘Catarinas’ não encontramos por aí? Crianças consideradas geniosas, de temperamento forte, que deixam os pais enlouquecidos sem saber como "domar" essas pequenas "ferinhas". Quantos pais não cansam de repetir que criaram iguais a todos os filhos e não entendem porque são tão diferentes? E quantos irmãos não escutam os adultos comparando um com o outro? Estas e muitas outras questões fazem com que a atualidade da peça O Moço que Casou com a Megera ofereça muitas reflexões, de forma muito divertida, é claro!", comenta Marcia Frederico.

A Companhia
A Companhia de Teatro Medieval comemora quase 25 anos de carreira. E, há mais de 25 anos, Marcia Frederico, uma das integrantes da Cia., encenou um dos textos desta adaptação, a farsa medieval "O moço que casou com mulher braba", ainda estudante da CAL, sob a batuta do crítico e professor de teatro Yan Michalski. Dizia ele que as farsas medievais serviram de inspiração para muitos autores como Shakespeare, Molière e tantos outros, e ela, bebendo nesta fonte, traçou sua trajetória. De lá pra cá nasceu a Cia. que percorreu muitos caminhos e, nos últimos anos, se dedicou a levar o seu teatro a todos os cantos do país.

Composta por Marcia Frederico, Heloisa Frederico e Marcos Edom, a Companhia de Teatro Medieval, desde o início, não pensa um teatro que se convencionou para "crianças"; pensa em um teatro que possa trazer toda a família para uma experiência com a arte, com a cultura, com outras épocas e histórias.

Ficha técnica
Texto: Marcia Frederico
Direção e preparação corporal: Fabianna de Mello e Souza
Elenco:
Diego Braga - ator coringa
Marcia Frederico - Catarina, a megera, e mãe de Catarina
Marnei Kaufmann - Petrucchio
Rogério Freitas - Pai de Catarina
Produção: Marcia Frederico
Direção de arte (cenário, figurino e adereços): Heloisa Frederico
Trilha sonora original: Roberto Alemão Marques
Iluminação: Fábio Schuenke

Serviço:
Datas: 04 e 05 de abril (sábado e domingo)
Horário: 16 horas
Local: Galpão Gamboa - Teatro
Capacidade: 80 lugares
Endereço: Rua da Gamboa, 279 - Centro - RJ
Telefone: (21) 2516-5929
Classificação: Livre
Tempo de duração: 50 minutos
Ingressos: R$ 10 (inteira)/R$ 5 (meia)/R$ 2 (para moradores dos bairros da Zona Portuária, apresentando comprovante de residência)
Vendas de ingressos:
- No Galpão: Terça a quinta: das 14h às 19h (Nos dias de espetáculo a bilheteria funciona das 14h até a abertura da sala ou até esgotarem os ingressos)