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terça-feira, 5 de maio de 2015

Café Controverso debate o lugar da fotografia química na era digital - dia 9 de maio no Espaço do Conhecimento UFMG


O lugar da fotografia química em debate no Espaço do Conhecimento Exibindo Café Controverso - a fotografia Química na era digital.pngUFMG

A era digital e a popularização de aparelhos celulares equipados com câmeras tornaram o ato de fotografar muito mais presente no cotidiano das pessoas, possibilitando o registro de situações ordinárias da vida. Neste contexto da superabundância da produção de imagens digitais, qual é o lugar da fotografia feita por meios analógicos? Quais mudanças comportamentais vieram com a popularização da fotografia? Essas e outras questões fazem parte do debate proposto pelo Café Controverso A Fotografia Química na Era Digital, com as presenças do professor da Escola Guignard Tibério França e o fotógrafo da Escola de Belas Artes da UFMG Cléber Falieri. Ambos os convidados são coordenadores do Núcleo de Imagem Latente, grupo responsável pela realização anual do Pinhole Day em Belo Horizonte.
O debate será realizado na cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG, sábado, dia 9 de maio, a partir das 11h. A entrada é franca.

A fotografia surgiu há cerca 175 anos atrás, a partir dos experimentos de diversos pesquisadores, como Joseph Nicephore Niepce e Fox Talbot. A evolução do meio veio com a invenção da primeira máquina fotográfica – também conhecida como “Daguerreótipo” - por Louis Daguerre e, por fim, ganhou maior popularidade com a criação da Kodak, empresa de George Eastman, responsável pelo desenvolvimento e fabricação em larga escala das primeiras câmeras portáteis. Desde então as fotografias estão cada vez mais presente na vida das pessoas, inicialmente servindo como registros de momentos considerados importantes, até se transformarem em formas de comunicação instantânea, com o advento da tecnologia digital.

O professor Tibério França lembra que as antigas máquinas fotográficas que utilizavam película, dependendo do filme produziam até 36 poses, o que obrigava o fotógrafo a ser muito seletivo em relação aos objetos que escolhia retratar. “No formato digital essa limitação quase não existe. Podem ser produzidas quantas imagens forem necessárias. "Basta apagar a ultima que não deu certo", lembra. França analisa que a facilidade gerou o que ele chama de “alienação do processo” já que fotografar tornou-se um ato quase automático no contexto atual. “Sou um defensor da fotografia digital. A minha crítica é que essa facilidade resulta também em uma desvalorização do registro. As fotos são prontamente descartadas se não atendem a uma expectativa imediata, sem que se permita o tempo necessário para uma avaliação posterior dos valores estéticos e históricos daquela imagem”, diz.
Tibério França chama a atenção também para a repetição dos quadros, o que, segundo ele, é consequência de um olhar que se habituou às mesmas situações e aponta o perigo da falta de reflexão que isso pode trazer: “Cito como o exemplo as várias fotografias de pôr do sol, ou mesmo os selfies. Não há tanta preocupação por parte das pessoas em procurar outras perspectivas. Falta ponderação sobre o tipo de ideologia que é vendida e a serviço de quem ou do quê elas estão colocadas. Entender como as imagens são construídas é uma forma de nos proteger da influência de determinadas ideologias que alimentam preconceitos e estereótipos dos mais diversos”, completa.


Cléber Falieri, fotógrafo da Escola de Belas Artes da UFMG , acrescenta que devido a possibilidade ampliada de alterações e intervenções posteriores, a fotografia digital traz dúvidas recorrentes em relação à fidelidade das imagens.
“Quando você olha para os dois tipos de fotografias, a química e a digital, já está colocada a ideia de que a segunda sofreu alguma manipulação, o que é uma prática normal nos dias de hoje, enquanto a primeira, provavelmente, tende a ser mais fiel ao registro. Entretanto, com o padrão estético criado a partir das imagens digitais não é possível utilizar uma foto analógica hoje sem que ela passe pelo processo de reedição digital”, problematiza.

Café Controverso
A construção do conhecimento raramente passa pelo consenso e se faz, sempre, pelo diálogo. Nos Cafés Controversos, os temas são amplos e diversificados, e não se detêm aos tratados no interior do Espaço do Conhecimento: abordam diferentes setores da cultura, das artes e da ciência. Um espaço de debate e troca de ideias e perspectivas.

Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes através da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a operadora TIM, a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, da Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG e da DAC – Diretoria de Ação Cultural da UFMG.