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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Exposição "Made in Brasil"

`Made in Brasil`, Casa Daros, RJ



 can you hear me, José Damasceno, 2006
Em sua primeira exposição dedicada exclusivamente à arte brasileira, a Casa Daros reúne cerca de 60 obras emblemáticas dos artistas Antonio Dias, Cildo Meireles, Ernesto Neto, José Damasceno, Miguel Rio Branco, Milton Machado, Vik Muniz e Waltercio Caldas, pertencentes à Coleção Daros Latinamerica, de Zurique, Suíça.

missão_missões, Cildo_Meireles, 1987
A Casa Daros apresenta de 21 de março a 9 de agosto de 2015 a exposição “Made in Brasil”, com cerca de 60 importantes obras de artistas brasileiros com projeção internacional pertencentes à Coleção Daros Latinamerica, de Zurique, Suíça. Com curadoria de Hans-Michael Herzog e Katrin Steffen, esta é a primeira mostra dedicada somente a trabalhos de artistas brasileiros na Coleção, constituindo-se uma rara oportunidade para o público usufruir de obras emblemáticas da produção de Antonio Dias, Cildo Meireles, Ernesto Neto, José Damasceno, Miguel Rio Branco, Milton Machado, Vik Muniz e Waltercio Caldas.
A mostra ocupa toda a área expositiva no primeiro andar da Casa Daros. No térreo, no Espaço de Documentação, o público pode assistir a depoimentos inéditos dos artistas, colhidos especialmente para esta ocasião. Uma característica que permeia a Coleção Daros Latinamerica é a de reunir obras essenciais dos artistas ali representados, o que pode ser apreciado pelo visitante.

pulmão, Milton Machado, 1976
“A exposição foi concebida como uma homenagem ao magnífico ambiente artístico do Brasil, do qual nos sentimos muito felizes em poder participar. Esta florescente paisagem artística fornece a base necessária para uma nova análise de outros fenômenos artísticos latino-americanos apresentados na Casa Daros. Com nossa abrangente coleção de obras de artistas brasileiros, parece perfeitamente adequado dedicar uma exposição exclusiva à arte brasileira em seu país de origem”, explicam os curadores.
Hans-Michael Herzog e Katrin Steffen destacam que as qualidades individuais dos artistas são muito singulares para que resultem em uma visão geral homogênea. Ao contrário, eles têm um perfil variado, e representam o gigantesco cenário da potência artística brasileira dos anos recentes, “que aqui é evidenciado na soberba série de trabalhos de cada um deles”.

`giacometti`, Waltercio Caldas, 1997
PERCURSO DA EXPOSIÇÃO
Já na sala de recepção, o público encontra a instalação “Faça você mesmo: Território liberdade (Do It Yourself: Freedom Territory, 1968/2015)” de Antonio Dias.
Ao entrar na exposição, a obra que ocupa a primeira grande sala da é a videoinstalação “Entre os olhos, o deserto” (1997), de Miguel Rio Branco. Com 40 minutos de duração e trilha de Ronaldo Tapajós, que inclui “Trois Gymnopédies”, de Erik Satie (1866-1925), feita especialmente para o projeto “inSITE 97”, Tijuana/San Diego, a videoinstalação traz a poesia e a denúncia social que caracterizam o trabalho do artista nascido em 1946 nas Ilhas Canárias, Espanha, filho de diplomata brasileiro. Pintor, fotógrafo, diretor de cinema, criador de instalações multimídia, vive e trabalha no Rio de Janeiro. O público ficará imerso em “Entre os olhos, o deserto”, e uma prévia do trabalho pode ser vista no linkhttp://www.miguelriobranco.com.br/portu/cine.asp 

105_170_A3_1, Antônio Dias
WALTERCIO CALDAS: CONJUNTO DE LIVROS-OBJETOS
O espaço seguinte apresenta, pela primeira vez reunidos, um conjunto de 22 livros-objetos de Waltercio Caldas. Artista que diz se preocupar muito e ter “um especial prazer pelos objetos tridimensionais”, ele observa que os livros “não poderiam ser compreendidos a não ser dentro de um contexto geral” do seu trabalho. Em sua extensa produção, os livros são “tratados como um tipo especial de objetos, porque com eles se pode trabalhar com a ideia de tempo, de sequência, e até a própria ideia de que o livro pode ser visitado, em que se pode ter uma experiência de avançar em um território novo, inventado pela questão gráfica”. As obras são “Para Rilke” (1992), “Aparelhos” (1979), “Voo noturno” (1967), “Camuflagem” (1992), “Giacometti” (1997), “A Suíte” (1997-2000), “Is = (the mirror) a veil?” [“É = (o espelho) um véu?”, 1997], “Livro Carbono” (1980), “A série Veneza” (1997), “O livro Velázquez” (1996), “Fra Angelico” (1998), “Matisse / Talco” (1978), “A simétrica” (1995), “O Pequeno Príncipe” (1978), “O Colecionador” (1974), “Momento de Fronteira” (1999), “Estudos sobre a vontade” (1975/2000), “De Arte” (2001), “Livro que não sei” (2002), “Rilke” (1996), “Safo (Fragmentos)” (2002), “Man Ray” (2004). Também está a obra “Poética” (2004), do artista.

momento_de_fronteira, Waltercio Caldas, 1999
“MISSÕES”, DE CILDO MEIRELES
Na grande sala de esquina, o público brasileiro tem a rara oportunidade de rever a impactante obra “Missão/Missões (Como construir catedrais)”, feita por Cildo Meireles em 1987, em alusão às sete missões fundadas pelos jesuítas no Paraguai, Argentina e no Sul do Brasil entre 1610 e 1767. A obra foi criada para a exposição itinerante “Missões 300 Anos: a visão do artista”, inaugurada em 1987, Brasília, com curadoria de Frederico Morais. Construída com 600 mil moedas, dois mil ossos e 500 hóstias, a instalação já percorreu o mundo, e foi um dos destaques da retrospectiva do artista na Tate Modern, em Londres, em 2008, a primeira individual de um brasileiro vivo realizada na instituição. Desde 1998 esta obra não é vista no Brasil. Nascido em 1948, no Rio, de uma família de indigenistas, Cildo Meireles vive e trabalha em sua cidade natal.
Continuando o percurso, cinco espaços são dedicados à obra de Antonio Dias, que está presente com treze trabalhos importantes, entre instalações, objetos e pinturas, dos anos 1960, 1970, 1980 e 1990.  Artista nascido em 1944, em Campina Grande, Paraíba, ele fez sua trajetória a partir do Rio, Milão, na Itália, e Colônia, na Alemanha. De 1964, ainda residente no Rio, são “Untitled” e “Jogo da náusea”. Feitas a partir de 1968, quando se mudou para a Europa – inicialmente Paris, e depois Milão – e passa um longo período sem vir ao Brasil, são “Environment for the Prisoner: The Day/The Night”, “Do It Yourself: Freedom Territory”, “Trama”, “History”, “To the Police”, “Project for ‘The Body’” “The Occupied Country”, e “The Wall Painter”. Também produzidas no exterior são “A Ilustração da Arte/Economia/Modelo” (1975), “The Electrician” (1986), e “Todas as cores dos homens” (1995). Somente no final da década de 1990 Antonio Dias volta a dividir sua residência entre Milão e Brasil.

untitled, Antônio Dias, 1964
A seguir, pode ser visto em dois espaços um conjunto de oito desenhos de Milton Machado, artista carioca nascido em 1947: “Cheiro da Corte”, “Pulmão”,  “Prato de resistência (en tenue de ville)”, todos de 1976, “Lei da selva” (1977), “Sacrificar a torre para salvar o Rei” (2010), “Oslo” (2011), “Sem fim” (2012), e “Carpaccio em quatro fatias sob chuva fina” (2013).
Logo após, em duas outras salas, estão dois trabalhos de José Damasceno: a instalação “Agregado” (1999), em que estantes estão amontoadas em precário equilíbrio, e “Can you hear me?” (2006), dois trompetes unidos pelo bocal. Nascido em 1968, no Rio, onde vive e trabalha, ele fez em 2008 uma grande individual no Museu Reina Sofia, em Madri, onde ocupou várias áreas além das expositivas, como fachada, biblioteca, jardins e escadas.
Na outra grande esquina do primeiro andar da Casa Daros estão cinco famosas fotografias de Vik Muniz, feitas a partir de instalações com diversos materiais, como os quatro mil soldadinhos de plástico colorido em “Toy Soldier” (2003), os milhares de diamantes no retrato de “Marilyn Monroe” (2004); a sopa de feijão no retrato de Che Guevara, em “Che (Black Bean Soup)” (2000); a calda de chocolate para retratar Freud em “Sigmund” (1997), e macarrão e molho em “Medusa Marinara” (1997). “Andy Warhol“ (2000), da série “Imagens de tinta” também está nesta sala. Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo, e construiu sua trajetória em Nova York, para onde foi aos 22 anos. Atualmente reside no Rio.
Na última sala, está o trabalho interativo “Humanoides” (2001), de Ernesto Neto, artista nascido no Rio em 1964, que nesta obra cria uma fusão em que o corpo da escultura veste o espectador, promovendo um reencontro com a vivência de gestação, amor, e percepção da organicidade do aconchego, que é deixado de lado em nosso cotidiano acelerado.


andy warhol, Vik Muniz, 2000

marilyn monroe, Vik Muniz, 2004
MINIBIOGRAFIA DOS ARTISTAS
  • Antonio Dias (1944, Campina Grande, Paraíba)
    Antonio Dias nasceu em Campina Grande, na Paraíba, mas ainda criança se muda para o Rio de Janeiro. Artista multimídia, tem a pintura como elemento de forte presença em seu trabalho. Em meados dos anos 1960, ganha uma bolsa do governo francês e vai morar em Paris. Desde então, nunca voltou ao Brasil, morando em diferente países, como Alemanha, Estados Unidos e Itália.
  • Cildo Meireles (1948, Rio)
    Primeiro artista brasileiro vivo a ganhar uma retrospectiva na Tate Modern, em Londres, é considerado um dos mais respeitados artistas contemporâneos do mundo. Conhecido por suas grandes instalações, Cildo Meireles vem desenvolvendo novas possibilidades para a arte conceitual a partir da relação com a experiência sensorial do espectador e o uso crítico de sistemas ideológicos e econômicos. Entre seus trabalhos marcantes, estão  Desvio para o vermelho,  Espaços virtuais: Cantos e Inserções em circuitos ideológicos.
  • Ernesto Neto (1964, Rio)
    O carioca Ernesto Neto tem como ponto central de seu trabalho a incessante investigação sobre o corpo humano e a natureza. Suas obras – um meio do caminho entre instalação e escultura  – foram criadas para que o espectador possa penetrar, habitar, sentir e até cheirar, permitindo que o público vivencie seu próprio corpo e múltiplas sensações através da experiência  com o trabalho. Neto costuma trabalhar com malhas finas e translúcidas de cores diferentes, preenchidas por isopor, miçangas e até açafrão e cravo em pó. A partir do final da década de 1990, o artista começa a trabalhar suas “naves”, estruturas de tecido transparente e flexível que podem ser adentradas. 
  • José Damasceno (1968, Rio)
    No começo da década de 1990, no Rio de Janeiro, José Damasceno abandonou o curso de arquitetura e se volta para as artes plásticas. Logo no início da carreira, recebe diversos prêmios nacionais e, em 1993, realiza sua primeira instalação, Arranque e deslocamento. Somente a partir de 2000 seu trabalho ganhou destaque internacional, com a participação em importantes bienais, como a de São Paulo, em 2002, e a de Veneza, em 2005. Damasceno explora os limites da escultura a partir de materiais industriais, como a madeira, o concreto e o alumínio. Em suas obras mais recentes, o artista também vem trabalhando a relação direta entre o trabalho e o espaço expositivo.


agregado, José Damasceno, 1999
  • Miguel Rio Branco (1946, Ilhas Canárias, Espanha)
    Considerado um dos mais importantes fotógrafos brasileiros da atualidade, Miguel Rio Branco nasceu nas Ilhas Canárias, Espanha, filho de um diplomata brasileiro. A partir de 1970, começou a se dedicar ao cinema experimental e à fotografia. Entre os temas constantes de sua obra, estão a violência, a sensualidade, a morte e a marginalidade. Usando recursos como transparências, sobreposições e colagens, Rio Branco cria cenários de continuidade e interrupção. Para muitos críticos, sua obra se situa nas passagens entre a fotografia e o cinema.
  • Milton Machado (1947, Rio)
    Artista multimídia, o carioca Milton Machado produz instalações, vídeos, desenhos, fotografias e telas. O artista e arquiteto, no entanto, começa sua trajetória com desenhos e aquarelas, em que predominam letras, frases e elementos gráficos. A obra de Milton Machado revela um particular interesse pelas questões de construção de imagem, além de ter uma forte orientação conceitual,segundo afirmam alguns críticos.
  • Vik Muniz (1961, São Paulo)
    Formado em publicidade pela FAAP-SP, Vik Muniz deixa São Paulo para ir morar em Nova Iorque, em 1983, onde vive e trabalha até hoje. Nos EUA, começa, então, sua trajetória artística, tendo como foco de investigação a memória, a percepção e a representação de imagens. Suas obras costumam trabalhar com ilusão de óptica, quase truques de superposições,  e materiais inusitados, como chocolate, açúcar, lixo, feijão, entre outros.
  • Waltercio Caldas (1946, Rio)
    Waltercio Caldas começou seus estudos de arte nos anos 1960 no MAM-Rio com o pintor Ivan Serpa. Seus trabalhos foram expostas em diversos países, como Holanda, Bélgica, Alemanha e Estados Unidos, e fazem parte de importantes coleções nacionais e estrangeiras. O artista costuma dizer que estuda a tridimensionalidade em todas obras que realiza, inclusive em seus desenhos, e tem como tema central a produção de linguagens, tanto plásticas, como poéticas.
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Serviço
“Made in Brasil”
21 de março a 9 de agosto de 2015
Casa Daros 
Rua General Severiano, 159, Botafogo, Rio, CEP 22290-040
Telefone: 21.2138.0850
De quarta a sábado, das 11h às 19h
Domingos e feriados, das 11h às 18h
Ingresso: R$14,00 / Idosos e estudantes com mais de 12 anos: R$7,00
Quartas-feiras: entrada gratuita  
http://www.casadaros.net




103_363_G1_1, Milton Machado