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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Solução para crise hídrica pode estar no reuso da água pela indústria

A crise hídrica que afeta o Sudeste do país vem sendo amplamente debatida no meio acadêmico, governamental e pela sociedade como um todo. Essas discussões vêm sendo ampliadas e o reuso de água se mostra como uma das possíveis alternativas à estiagem que levou alguns reservatórios a operarem com o chamado volume morto.
Alunos de mestrado em Administração Pública, Políticas Públicas e Planejamento da University of Southern California (USC) vão estudar o tema e apontar soluções a partir do reuso da água nas próximas duas semanas, quando estarão no Brasil realizando o laboratório de intercâmbio, a partir de parceria realizada com a FGV. Eles se reuniram no dia 25 de maio, sob a orientação dos professores Yann Duzert e Eric Heikkila, com representantes da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para discutir, em conjunto com governantes e especialistas brasileiros, soluções viáveis para a crise hídrica. Os nove estudantes americanos têm a missão de avaliar a realidade atual brasileira através de visitas técnicas a estações de tratamento de água e esgoto e traçar um paralelo a partir dos dados sobre a experiência de reuso da água em outros países. Os relatórios serão encaminhados para a Secretaria Estadual do Ambiente e vão auxiliar na elaboração de políticas públicas sobre o tema.
Bianor Cavalcanti, diretor Internacional da FGV, esteve presente no encontro e frisou a importância do trabalho desenvolvido nos últimos anos pelos técnicos brasileiros para proporcionar o arcabouço institucional da gestão de recursos hídricos no Brasil. “Houve um grande esforço no desenvolvimento de instituições na área de gestão de recursos hídricos, e o Inea é uma organização estadual muito importante nesse sentido, por reunir diferentes setores e proporcionar estabilidade para os técnicos que atuam nesse campo”, disse.
Economista especializado em meio ambiente e desenvolvimento, o consultor Luís Prado também participou da reunião com o grupo de alunos e apresentou um panorama da questão do reuso de água e aspectos da experiência de outros países, como Estados Unidos e Alemanha, que possuem extensas legislações. Segundo o estudo apresentado, nos últimos anos surgiram incentivos para a aplicação de recursos no reuso, como o aumento do custo do abastecimento e o crescimento da oferta de equipamentos específicos, mesmo com a ausência de conscientização sobre fatores relevantes para a disponibilidade de água, como mudanças climáticas.
Apesar de ainda não haver uma legislação específica, o Estado já busca criar o compromisso com o reuso da água. Desde 2003, as licenças ambientais já exigem o reaproveitamento do recurso natural para fins industriais, como no caso do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que prevê que toda a água deverá ser de reuso, exceto a destinada ao consumo humano. Uma das maiores empresas de infraestrutura do país, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) também já utiliza 92% de água de reuso em seu processo industrial.