Estudo produzido recentemente pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (DAPP) revelou a “Geografia do Encarceramento” no município do Rio de Janeiro, indicando a concentração de apenados [condenados a pena], residentes na cidade, por bairro e por endereço de moradia.
Coordenado pelo diretor da DAPP, Marco Aurélio Ruediger, o estudo visa ajudar o poder público a priorizar investimentos em cidadania e prevenção de violência nesses locais. “Há um déficit de complementaridade de políticas na área de segurança. Existe um foco muito grande em cima da repressão ao crime, mas isso não é suficiente porque falta o outro lado, que é o de não deixar o jovem ser cooptado pelo crime”, afirmou.
Os pesquisadores analisaram, nos sete primeiros meses deste ano, fichas de 18.438 detentos que passaram por prisões na cidade do Rio, com base em dados da Secretaria do Estado de Administração Penitenciária (SEAP). O universo representa 38% de todos os 48.479 presos do estado. Em números absolutos, 875 detentos moravam em Bangu. Em Bonsucesso - o primeiro do ranking se considerada a taxa de detentos por cem mil habitantes -, viviam 603 encarcerados. A lista segue com Campo Grande (541 presos), Santa Cruz (479) e Cidade de Deus (473). Em uma cidade com 160 bairros (segundo o Instituto Pereira Passos), só nesses cinco primeiros viviam 16% dos detentos.
De acordo com a socióloga Roberta Novis, uma das coordenadoras da pesquisa, Bonsucesso e Bangu têm um histórico de abandono pelo poder público. “Podemos dizer que não só há convergência de endereços desses presos, mas de questões sociodemográficas. Temos índices baixos de renda per capita e de renda média familiar. Um cenário de abandono. Há também questões como a de acesso a saneamento básico. Estamos sinalizando a necessidade de uma atenção particular para esses lugares”.
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