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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Atrizes e artistas abraçam causas ambientais e ajudam a mobilizar o grande público

Elas e eles são lindos, famosos e engajados. Atrizes e artistas têm, cada vez mais, se engajado voluntariamente em relevantes causas ambientais. O que, há alguns anos, era uma ação isolada de poucas celebridades, quase sempre as mesmas, passou a ser uma prática cada vez mais frequente, com impacto direto na audiência e retorno para as campanhas “abraçadas”.
Que o digam as ONGs Greenpeace, CI-Brasil, WWF-Brasil e HSI (Humane Society International) no Brasil, apenas para citar alguns exemplos. Com a ajuda de artistas comprometidos com suas lutas, estas entidades do terceiro setor viram multiplicar os voluntários, simpatizantes e os acessos e visitações às mídias que apresentam as suas ações. Em comum o fato que as celebridades não cobram nada por ceder a imagem às causas e o fato que só aceitam participar de ações que realmente acreditem e possam assinar embaixo e se “jogar” de corpo e alma. Algumas belas tornaram-se “embaixadoras” de causas do bem.
Desmatamento Zero – Não é novo para o Greenpeace Brasil ter a adesão de famosos para suas causas. A campanha #Desmatamentozero reuniu uma constelação de celebridades, de atores a cantores, passando por cineastas e figurinistas, vários dos quais foram até o Congresso ajudar na mobilização. Como a cantora Valesca Popozuda, o ator Paulinho Vilhena e a atriz Maria Paula. Por jamais aceitar verbas de empresas, a ONG globalmente depende dos voluntários e tem conquistado parceiros famosos ao redor do planeta. O mesmo acontece no Brasil. Marcos Palmeira também apoiou a campanha e é um verdadeiro ícone ativista. Está sempre envolvido nas boas causas, como a favor dos indígenas e participou dos eventos paralelos da Rio + 20: também defende a alimentação mais saudável, sendo dono de fazenda de produtos orgânicos na Serra Fluminense.
Desde 2012 o Greenpeace, junto à sociedade civil, vem coletando assinaturas para levar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei pelo Desmatamento Zero no Brasil, com amplo apoio popular. O projeto foi encaminhado ao Parlamento no dia 7 de outubro com uma grande mobilização. Pela proposta, fica proibido o corte de floresta mata nativa e não serão mais emitidas autorizações para novos desmatamentos. Essa petição, segundo o Greenpeace, é também uma maneira de chamar a sociedade para participar da construção de um futuro sustentável para o Brasil.
A atriz Letícia Spiller não só se engajou na causa, como também tornou-se a “embaixadora” da causa Desmatamento Zero para o Greenpeace Brasil “A luta pela preservação do meio ambiente sempre fez parte da minha vida e de meus familiares. Através das minhas viagens o que vi e vejo na Amazônia é aterrorizante e assustador. Como chegamos a isso?", questionou a atriz no lançamento da campanha. “É inacreditável! ”

Ela explicou que abraçou a campanha do Desmatamento Zero pelo Greenpeace, para ajudar a garantir um futuro com água limpa, clima ameno e alimento para todos. "Precisamos de uma lei para proteger nossas florestas. Uma lei que garanta o Desmatamento Zero", defendeu Spiller. “Podemos criar um futuro melhor para os nossos filhos e para as gerações futuras protegendo os maiores bens do planeta Terra. Se cada um fizer a sua parte, construiremos esse futuro juntos", disse Letícia Spiller. Também o famoso figurinista Ronaldo Fraga criou a camiseta para a campanha que foi literalmente vestida por famosos. A renda é revertida para a campanha.

Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia e porta-voz da campanha do Desmatamento Zero, acompanhou a adesão dessas celebridades bem de perto. Em entrevista à Plurale, ela confirma o impacto da adesão dos artistas à causa. “Chegamos a mais de 1,4 milhão de assinaturas até agora, o que representa cerca de 1% do eleitorado brasileiro. É uma marca bem expressiva”, diz.
Ela acredita que os famosos ajudam não só a trazer holofotes para a causa, mas também a despertar a atenção do grande público. “O meio ambiente não é uma causa só de alguns, mas de todos”, destaca Cristiane. Os artistas foram reunidos em jantar no Rio e Letícia, assim como vários outros tiveram participação decisiva. “ Vai muito além de só emprestar a imagem. É um engajamento de corpo e alma mesmo.”
Natureza falando – A Conservação Internacional (CI-Brasil) sempre teve um perfil bem discreto, low-profile, com foco principalmente nos estudos e trabalhos científicos. Mas este ano, em reposicionamento, passou também a adotar estratégias midiáticas a partir de campanha global, que teve estrelas hollywoodianas (como Penélope Cruz, Julia Roberts e Harrison Ford) e aqui também contou com um time e tanto de famosos.
A campanha “A natureza está falando” foi abraçado por Maitê Proença, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Juliana Paes, Rodrigo Santoro, Max Fercondini e uma “orquestra” de vips. A ação de conscientização dá vida a elementos da natureza, que em primeira pessoa, conversam com o espectador, convidando-o a refletir sobre como a ação do homem tem alterado o meio ambiente e como ela, a natureza, seguirá evoluindo - com ou sem a presença dos seres humanos. A ideia é sensibilizar a sociedade para uma mudança consciente de atitude, enquanto há tempo de se construir sociedades mais saudáveis e sustentáveis, onde as gerações atuais e futuras possam viver com bem-estar.
Em entrevista à Plurale, Rodrigo Medeiros, vice-presidente da CI-Brasil, explica que a ONG sentiu necessidade de fazer chegar seu trabalho e sua mensagem também para o grane público. “Nos últimos 30 anos, este tema foi abordado de forma muito tradicional, até chata, de certa forma. Queremos agora mostrar que estamos falando e trabalhando pela natureza, pelo bem-estar, em última forma, pela vida de todos”, diz.
A campanha global – com sete filmes - é um sucesso tendo alcançado cerca de 4 milhões de pessoas nas mais diversas mídias, como TV, cinema, internet, etc. Foi criada por ninguém menos do que Lee Clow, chairman da agência MAL/TBWA, o “mago” das criações para a Apple junto ao seu fundador, Steve Jobs. “Não estamos fazendo uma campanha institucional, sobre a nossa ONG, mas sim voltada para escolas, empresas, a sociedade de uma forma geral”, destaca Rodrigo. Em nova fase, outros filmes entrarão no ar, inclusive um apenas sobre a Amazônia. O vice-presidente da CI-Brasil comemora que dois irão passar em evento da COP-21, a Cúpula do Clima, que será realizada em Paris, entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro.
No filme, Maitê Proença dá voz à Água e pregunta em um tom indagador. “E se eu começar a faltar, como já vem acontecendo? Eles (seres humanos) vão começar a fazer guerra por mim, como fazem por todo o resto? É sempre uma opção. Mas não é a única.”
Água e animais – Cleo Pires é outra sempre engajada em causas relevantes. No fim de outubro foi uma das estrelas do Fórum das Águas, realizado no teatro do museu a céu aberto Inhotim, localizado em Brumadinho, Minas Gerais (saiba mais sobre o evento nas páginas 48 e 49 desta edição). Cleo esteve lá como “embaixadora” da Unesco no projeto “Água Potável nas Escolas”, programa socioambiental de conscientização do uso de recursos hídricos que está sendo implantado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A atriz esteve em Cabo Verde, na África, e doou do próprio bolso US$ 61 mil para o projeto. Ao lembrar a visita para plateia do evento em Inhotim, ficou emocionada ao confirmar o seu compromisso com a causa.
Não é só. Cleo declarou também o apoio à causa da Humane Society International (HSI) no Brasil, uma das maiores organizações globais de proteção animal, contra o consumo de ovos produzidos por galinhas confinadas em gaiolas em bateria. No Brasil, cerca de 95% das galinhas usadas na produção de ovos em escala comercial passam suas vidas inteiras confinadas em gaiolas de metal tão pequenas que elas não podem sequer andar ou esticar suas asas.

“Eu fiquei chocada quando a HSI me mostrou como os animais são tratados na produção de ovos no Brasil. Estou feliz por ter narrado o filme da organização ‘Ovos: Gaiolas versus Livres-de-Gaiolas’ e espero que ele informe muitas pessoas sobre a origem dos nossos alimentos. Tenho certeza de que muitos brasileiros também serão contra o tratamento extremamente desumano ao qual as galinhas são submetidas depois de assistir ao vídeo e farão escolhas mais éticas na hora de comprar alimentos”, disse Cleo. Ela gravou um vídeo que está na página da HSI no Brasil ((www.hsi.org/ovos)


Carolina Galvani, gerente sênior de campanhas de animais de produção da HSI no Brasil, explicou: “É realmente muito gratificante trabalhar com a Cleo Pires na conscientização sobre a realidade da produção de ovos no Brasil. O confinamento por toda a vida de galinhas poedeiras em gaiolas em bateria é uma das práticas mais cruéis da pecuária. Por isso, nós convidamos os consumidores a fazerem a diferença ao deixar os ovos produzidos por galinhas engaioladas fora de seus pratos”.

Maya Gabeira – A surfista profissional brasileira Maya Gabeira é a embaixadora do Programa Marinho, que acaba de ser lançado pela WWF-Brasil, campanha que também tem o apoio do surfista Felipe Toledo. Filha do ex-deputado e ambientalista Fernando Gabeira, Maya tem as causas ambientais no DNA. Em vídeo gravado para o lançamento a WWF-Brasil, a surfista – que acidentou-se ao surfar as ondas gigantes de Nazaré, em Portugal e guerreira e corajosa, caba de conseguir voltar ao mesmo local e enfrentar novamente uma super onda – explica a sua ligação com o mar e sua biodiversidade. “O mar é minha casa e meu trabalho. É a casa também de um quarto de brasileiros que vivem no litoral e dependem do mar para a sua sobrevivência, já que fornece energia, água, sal e alimentos para a população. ” Maya adverte que menos de 2% do ambiente marinho está protegido.
De acordo com a campanha da WWF-Brasil, com 10,8 mil km de extensão, a costa brasileira percorre 395 cidades, em 17 estados. Uma imensidão azul que abriga ¼ da população brasileira em um ecossistema único com 3 mil km de recifes de corais e 12% dos manguezais do mundo. É também um habitat com alta relevância econômica para o Brasil, tendo no turismo, na pesca e na exploração mineral seus principais alicerces, mas também com grande potencial biotecnológico e energético.

“Vivemos um momento crítico na conservação dos recursos marinhos do Brasil, que sofrem com a pesca excessiva, fraca fiscalização, poluição, exploração mineral, necessidade de políticas públicas adequadas para o bioma; a forte especulação imobiliária e consequente ocupação desordenada das cidades costeiras. Nossa atuação nos mares brasileiros visa chamar a atenção da sociedade para essa triste realidade, a importância da saúde dos oceanos para nossas vidas e como podemos nos mobilizar para protege-los”, explica a coordenadora do Programa Marinho e Mata Atlântica, Anna Carolina Lobo.