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segunda-feira, 18 de abril de 2016

FGV Energia propõe debate sobre a utilização de energia nuclear no Brasil

A FGV Energia lança, no dia 27 de abril, o Caderno Energia Nuclear, que busca estimular a reflexão sobre uma estrutura de planejamento energético, em que a definição do portfólio de fontes considere o potencial de desenvolvimento econômico e a geração de renda dos projetos de térmicas, sem que seja necessário abrir mão do controle de emissões e da sustentabilidade ambiental.
“O Brasil é reconhecido por priorizar a composição da sua matriz elétrica com forte participação das fontes renováveis, historicamente, por meio de projetos de hidrelétricas com grandes reservatórios e, mais recentemente, com a inserção das fontes eólica e solar. Porém, por questões ambientais associadas à localização do nosso potencial de expansão hidrelétrica, novas usinas não consideraram o alagamento de grandes áreas derivado da construção desses reservatórios. Com isso, temos reduzido a nossa capacidade de armazenamento, deixando o país mais suscetível a crises de fornecimento de energia, em função da variação dos regimes hidrológicos”, explica Felipe Gonçalves, coordenador de ensino e P&D da FGV Energia.
Por esse motivo, a produção de energia nuclear deve ser encarada com atenção. Dois fatores tornam o Brasil atrativo: o primeiro é que o país é um dos poucos que domina o ciclo do combustível nuclear e o segundo é que possui uma das maiores reservas de urânio do mundo.
“A energia nuclear é uma fonte limpa, que não emite poluentes atmosféricos nem gases do efeito estufa e é a quarta maior fonte geradora de eletricidade do mundo, sendo usada em mais de 30 países. Por isso, tem sido colocada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pela Agência Internacional de Energia (IEA) como uma das tecnologias a serem consideras nas iniciativas para redução de emissões”, afirma a pesquisadora da FGV Energia Renata Hamilton de Ruiz.
O Caderno apresenta os principais aspectos técnicos dessa tecnologia e como os mecanismos de segurança evoluíram ao longo do tempo. Questões como o armazenamento de rejeitos e os acidentes ocorridos na operação de usinas nucleares, no passado, são analisados de forma técnica e objetiva, com o propósito principal de informar a população a respeito dessa fonte, desvendando a realidade de aspectos que fazem com que seja tratada com maior apreensão.
Numa análise do panorama mundial da energia nuclear, percebe-se que países em desenvolvimento, como China, Índia e Rússia, estão investindo fortemente na energia nuclear, assim como países já desenvolvidos como EUA, Reino Unido e França. Por outro lado, além da necessidade de grandes montantes de investimentos, os projetos de usinas nucleares apresentam características específicas e perfil de risco que fazem o seu financiamento mais desafiador do que projetos de outras tecnologias de geração de energia e, deste modo, a renovação do Programa Nuclear Brasileiro ainda deve equacionar questões sobre confiabilidade tecnológica, aspectos jurídicos, institucionais e econômicos, apresentadas no trabalho.
O Caderno Energia Nuclear é o primeiro de uma série a ser lançado este ano pela FGV Energia. O próximo será sobre recursos energéticos distribuídos, com previsão de lançamento para início de junho.