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sábado, 4 de junho de 2016

Cinema e oficinas com refugiados em São Paulo


Filme dirigido por Eliana Caffé realizou oficinas com refugiados em São Paulo

A Assembleia Geral das Nações Unidas definiu o dia 20 de junho como o principal dia em lembrança à situação dos refugiados. A data, em voga desde 2001, é marcada por ações e atividades que visam conhecer e denunciar a situação particular e urgente na qual se encontram 43,7 milhões de refugiados ao redor do mundo.

O Brasil recebe milhares de refugiados todos os anos. São pessoas que procuram o país porque fogem deconflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos em seu pais de origem.

O filme Era o Hotel Cambridge, da diretora brasileira Eliana Caffé, narra a trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, juntos com trabalhadores sem-teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro de São Paulo. Em meio à tensão diária da ameaça do despejo, revelam-se dramas, situações cômicas e diferentes visões de mundo.

A preparação do projeto levou dois anos e foi gerido por um coletivo que permitiu transformar todo o edifício (que é zona de conflito real) no set criativo da filmagem. Esse coletivo foi composto por quatro frentes principais: equipe de produção do filme; lideranças da FLM (Frente de Luta pela Moradia); grupo dos refugiados e núcleo de estudantes de arquitetura da Escola da Cidade. Por meio oficinas dentro da ocupação surgiu a matéria prima para o aprimoramento do roteiro e da direção de arte. A ousadia do experimento garantiu autenticidade e força dramática ao o filme.

As oficinas realizadas na ocupação do Hotel Cambrigde foram determinantes para a criação do GRIST Grupo de Refugiados e Imigrantes Sem-Teto, iniciativa dos próprios moradores do local. “A diretora Eliana Caffé percebeu o grande número de refugiados nas ocupações e a ligação entre eles e brasileiros de baixa renda, principalmente o problema da falta de moradia. Todos os questionamentos levantados nesta etapa da filmagem despertaram e motivaram os refugiados a se organizarem em busca de soluções para problemas comuns. Depois de terminada a filmagem, o grupo continuou se encontrando e consolidou o coletivo, composto por imigrantes e refugiados de diversas etnias”, explica Pitchou Luhata Luambo, refugiado da República Democrática do Congo e coordenador do GRIST.

O GRIST organiza palestras e eventos com o objetivo de abordar pautas relacionados aos refugiados e imigrantes, como o problema da morosidade na obtenção da documentação, por exemplo. “Isso (a falta de documentação) impede que o refugiado esteja regularizado no país e, consequentemente, acarreta dificuldades para alugar uma casa, trabalhar e estudar, por exemplo. Nos nossos eventos incluímos debates sobre problemas enfrentados por refugiados e imigrantes no Brasil e no mundo e apresentamos a gastronomia, o artesanato e a música de países da África e do Haiti para criar uma aproximação com as pessoas. Para isso, fizemos também a campanha ‘REFUGIADOS, EU ME IMPORTO’. São ações que ajudam a combater a xenofobia, o racismo e a discriminação”, complementa Pitchou.

Era o Hotel Cambridge recebeu o Prêmio da Indústria – Cine en Construcción no 63º Festival de San Sebastián em 2015, e o Hubert Buls Fund 2015 – do Festival de Rotterdam​ e será lançado comercialmente em janeiro de 2017 com distribuição da Vitrine Filmes.


FICHA TÉCNICA

Sinopse:  Esse filme conta a inusitada trajetória de um grupo de refugiados que divide com os sem-teto uma ocupação no centro de São Paulo. Na tensão diária pela ameaça de despejo, revelam-se pequenos dramas, alegrias e diferentes visões de mundo dos ocupantes.

Direção: Eliane Caffé
Elenco: Zé Dumont, Suely Franco e Carmen Silva
Participação Especial: Lucia Pulido
Gênero: Drama
Produção: Aurora Filmes
Coprodução: Tu Vas Voir e Apoio