Em exposição na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, a Fundação Clóvis Salgado busca resgatar a obra do artista mineiro Farnese de Andrade, considerado um dos mais expressivos artistas de sua geração. O recorte, que ocupa a galeria de 8 de abril a 3 de julho, conta com 95 peças, exclusivamente objetos, produzidos entre as décadas de 70 e 90.
Inédita em Belo Horizonte a mostra, que tem curadoria de Marcus Lontra, já passou por São Paulo e Brasília, em formato reduzido.
Reconhecido pelo uso inventivo de objetos e assemblagens – colagem ou composição artística feita com materiais ou objetos diversos –, o artista retrata questões como religião, sexualidade, razão e loucura. Seu trabalho, fortemente autobiográfico, remonta à relação com a família mineira, a infância, o oceano e com o Rio de Janeiro, lugar onde a transgressão artística floresceu.
Por meio de suas obras, Farnese expressou seus medos, conflitos, realizações, desejos, tristezas e alegrias. Utilizando cores fortes e formas irregulares, as criações do artista são abstratas e feitas a partir de objetos envelhecidos e rudimentares, como restos de madeira e pedaços de santos, feitos de gesso e plástico. Apesar de altamente subjetiva, a produção do artista é extremamente acessível, graças ao uso que faz dos objetos para tratar de temas comuns à sociedade. Além disso, as obras são visualmente impactantes, despertando forte atração sensorial.
FARNESE DE ANDRADE
Estudou na Escola do Parque Municipal de Belo Horizonte entre 1945 e 1948, quando foi aluno de Guignard e conviveu com artistas como Amilcar de Castro, Mary Vieira e Mário Siléso. Em 1948, transferiu-se para o Rio de Janeiro e trabalhou como ilustrador para os suplementos literários de diversos jornais e revistas como O Diário de Notícias, Correio da Manhã, O Cruzeiro e Manchete. Começou a frequentar o ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1959, quando especializou-se em gravura em metal com Johnny Friedlaender e Rossini Perez, com quem produziu gravuras abstratas, trabalhando com formas regulares e cores fortes.
Em 1965, realizou um conjunto de desenhos eróticos e iniciou a série Os Obsessivos. Posteriormente, utiliza fotografias, armários, oratórios, gamelas, ex-votos, adquiridos em antiquários e depósitos de materiais usados. Desde 1967, utiliza resina de poliéster envolvendo materiais perecíveis. Contemplado em 1970 com o prêmioViagem ao Estrangeiro, do XIX Salão Nacional de Arte Brasileira, viajou para a Europa, morou em Roma e em Barcelona, onde manteve um ateliê. Em 1975, voltou para o Brasil e passou a morar definitivamente no Rio de Janeiro.
EVENTO
Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial
DATA
De 08 de Abril, Sexta a 03 de Julho, Domingo
HORÁRIO
Terça a sábado das 9h30 às 21h e domingos das 16h às 21h
LOCAL
Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard
INFORMAÇÕES PARA O PÚBLICO
(31) 3236-7400