Páginas

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A Universidade e os Desafios da Cultura Brasileira

15123433_1184566124959156_1738655995202993538_o
Criado em 1985, com a redemocratização, o Ministério da Cultura passou por um processo de extinção capitaneado por Michel Temer, quando assumiu a presidência após o afastamento de Dilma Rousseff. Após uma grande pressão da classe artística e de movimentos sociais, Temer voltou atrás, aumentou o orçamento do MinC em 40% e declarou que “a cultura é o mais importante bem do povo brasileiro”. No início de outubro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro anuncia reestruturação administrativa que extingue a Secretaria estadual de Cultura, fundindo-a com a Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. A instabilidade recente do setor, provocada pela ação governamental regressiva, demonstra a necessidade de discussão sobre a questão.
Mas mais que o contexto conjuntural recente, a urgência da discussão se refere sobretudo aos desafios colocados para a universidade quanto à importância da preservação e do incentivo às culturas populares ameaçadas; à entrada mais massiva de estudantes cujas famílias nunca tiveram acesso ao ensino superior; ao respeito às identidades de classe, étnicas e de gênero aí envolvidas; à necessidade de uma comunicação com a sociedade que rompa as barreiras da mídia dominante para a expressão da riqueza desta diversidade cultural.
Por isso, no segundo evento do ciclo “Diálogos universitários: Ciência, cultura e universidade”, o setor cultural do país será discutido na palestra “A universidade e os desafios da cultura brasileira”. Como integrantes da mesa, participarão Liv Sovik, Giovanna Xavier e Samuel Araújo. José Sergio Leite Lopes, diretor do CBAE, será o mediador do encontro.
Especialista em Estudos Culturais e professora da Escola de Comunicação da UFRJ, Liv Sovik possui graduação em Língua Inglesa e Literatura pela Universidade de Yale (EUA) e doutorado em Ciência da Comunicação pela USP. Residente há mais de 20 anos no Brasil, possui diversos estudos sobre cultura popular brasileira, com diversas publicações. Em 2001 recebeu, pela Revista Estudos Culturais Latino Americanos (UCLA), o prêmio Carlos e Guillermo Virgil pelo melhor ensaio do ano 2000. É autora de “Aqui ninguém é branco”, no qual analisa como representações de relações raciais influenciam os discursos identitários do brasileiro.
Doutora em História pela Unicamp, Giovana Xavier é professora adjunta na Faculdade de Educação da UFRJ. Seus trabalhos abordam como a intersecção entre raça e gênero atua sobre a sociedade brasileira, sendo a cultura negra no Atlântico sua linha de pesquisa atual. Este ano, Xavier integra o PET/Conexões de Saberes – Diversidade, projeto de extensão que produz estudos sobre relações étnico-raciais, cujas atividades compreendem desde ações afirmativas a expressões artísticas. Também realiza oficinas em escolas públicas parceiras, em conversas dos bolsistas do projeto com alunos. Seu próximo evento, Orikis: do Nilo aos Valores Civilizatórios Afrobrasileiros, trata-se de um curso que pretende sistematizar conhecimentos e saberes de matrizes africanas.
Estudioso do mundo do samba, Samuel Araújo é doutor em musicologia pela Universidade de Illinois (EUA) e professor de Música da UFRJ. Desde 2001 é coordenador do Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ, que explora a relação entre a música e a prática social. Preocupado com a responsabilidade social da universidade, participou da criação do Grupo Musicultura, formado em 2003 em uma parceria da Escola de Música com uma moradores da Maré, onde desenvolve trabalho etnomusicológico e etnográfico sobre a cultura musical local com a participação da própria comunidade e de outras pessoas que se identifiquem com as questões abordadas, que contemplam a regulação da vida pelo mercado, a exclusão social e a banalização da vida cotidiana.