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terça-feira, 14 de março de 2017

Exposiçao de trabalhos inéditos de Luiz Ernesto no Paço Imperial




Luiz Ernesto abre a individual “Antes de sair” no Paço Imperial

O Paço Imperial inaugura dia 16 de março, quinta-feira, às 18h, a exposição “Antes de sair”, de Luiz Ernesto.  O artista apresenta uma instalação inédita que une imagem e texto, lidando com os sentidos possíveis dessa relação, na medida em que no cotidiano estamos impregnados de imagens e textos descartáveis e ligeiros.  Para Luiz Ernesto este é um campo fecundo, que amplia a gama desses significados. 
Em 2007 ao esvaziar o apartamento de sua avó para vendê-lo o artista deparou-se com uma enorme quantidade de objetos, móveis e ambientes repletos de memórias e histórias. Em meio a um processo longo e dolorido, fez registros fotográficos dos cômodos e dos objetos que estavam sendo retirados de uma casa que havia sido marcante em sua infância. O que no início era um registro para recordação deu origem a um novo trabalho de arte.



Desde o ano 2000, Luiz Ernesto desenvolve pesquisas que discutem a relação entre imagens e palavras: “Palavras e imagens juntos tornam-se fecundos e têm sua gama de significados ampliada. Neste trabalho, memória e história são minhas principais matérias primas, objetos banais do cotidiano, móveis e ambientes nos quais o tempo imprimiu suas marcas. O que me interessa é explorar seus significados afetivos: as lembranças, as ocasiões, os lugares e as pessoas que aqueles suscitam. Ao longo do processo, fotos e textos tomaram seus próprios rumos libertando-se da obrigação de registrar fielmente a história vivida para gerar uma obra de ficção”, declara o artista.
A instalação “Antes de Sair” reúne cerca de 50 fotografias divididsa em dez grupos acompanhados de pequenos textos. O trabalho ocupa a sala “Academia dos Seletos” do Paço Imperial de 16 de março a 21 de maio de 2017.

Sobre o artista:
Luiz Ernesto Moraes é artista plástico e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Ex- aluno desta escola, Luiz Ernesto foi seu diretor de 1998 a 2002. Em 1992, contemplado com uma bolsa de estudos pelo Conselho Britânico, passou um ano na Escócia, no Glasgow Print Studio onde desenvolveu uma série de trabalhos em diferentes técnicas de gravura. Desde 1979, tem participado de exposições individuais e coletivas. 


Seu trabalho desenvolve-se em diversos meios, como desenho, pintura, objetos e fotografia e tem como ponto de partida os objetos banais do cotidiano. Para uma exposição sua em 1999, no Paço Imperial, o crítico Agnaldo Farias, assim se referiu ao trabalho do artista: “ As pinturas, desenhos e assemblages de Luiz Ernesto sempre se propuseram a animar as coisas de sua letargia para deixá-las transbordar, fazê-las abandonar seu estado inicial rumo a uma condição próxima. O insólito, dizem seus trabalhos, está aqui mesmo.” 

Desde 2001, Luiz Ernesto vem desenvolvendo um trabalho em fibra de vidro, resina de poliéster e fotografia. Sobre este trabalho o crítico Paulo Sérgio Duarte, num texto intitulado “ A solidão das coisas calmas”, escreveu: 

“ O que são esses trabalhos de Luiz Ernesto? Não são telas, nem é pintura, ao menos no sentido convencional. No entanto com esta se assemelham, não pela forma no sentido estrito, digamos que lembram a pintura pelo que em inglês chama-se shape. ... Na sua fabricação obedecem aos procedimentos da escultura. Têm um molde e lá o artista deita seus lençóis de fibra, seus solventes e suas figuras e suas palavras. 

...Apesar de suas dimensões, o verdadeiro tema dos quadros é a nostalgia de um mundo em miniatura, sem violência ou nervosismo, onde as coisas calmas pudessem usufruir a sua solidão.