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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Imersão para avaliar mercado e perspectivas de resseguro

Uma imersão de dois dias, feita por executivos de seguros, resseguros, brokers, autoridades de supervisão do mercado, identificou os pontos-chaves para a continuidade do crescimento do resseguro no País, durante o 6º Encontro de Resseguro, evento promovido, em conjunto, pela CNseg, Escola Nacional de Seguros e Fenaber. Entre os dias 5 e 6, especialistas discutiram diversos aspectos para ampliar a taxa de penetração do resseguro, incluindo-se a criação de produtos para áreas específicas de seguros, como Saúde Suplementar, as assimetrias dos mercados que precisam ser corrigidas, além do balanço de 10 anos do fim do monopólio em 2017. 
Em discurso, o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, assinalou que o mercado de seguro demostrou resiliência mesmo com o agravamento da crise econômica, ao exibir expansão nominal bastante razoável. No ano passado, o mercado cresceu 9,2%, alcançando, sem contar com saúde suplementar, R$ 239 bilhões em 2016. Com a inclusão do faturamento estimado das operadoras de saúde, na casa de R$ 160 bilhões, a chamada receita do mercado ampliado de seguros atingiu quase R$ 400 bilhões. “Em 2016, ano crítico para o País, depois de um 1º trimestre decepcionante, as taxas se recuperaram gradativamente e, ao final do ano, obtivemos crescimento de 9,2%, portanto apenas um ponto percentual abaixo do ano anterior”, destacou Coriolano.

No caso do mercado supervisionado pela Susep, reconheceu que a expansão foi liderada por um pequeno numero de modalidades, com destaque para os planos de previdência (VGBL, principalmente), seguro de vida individual e apólices de Garantia e Rural, uma concentração que também indica que o mercado foi mais duramente afetado pela crise.
Mas Coriolano acredita que o mercado segurador já superou o pior momento da recessão de 2016.  Não só porque a taxa de expansão ter se ampliado trimestre a trimestre, depois do susto causado pela forte desaceleração no começo do ano passado. Mas também porque o resultado do primeiro bimestre do ano já é representativo, ao voltar à casa dos dois dígitos. “Neste início de ano, os números dos dois primeiros meses apontam para uma satisfatória estabilidade, já que, em fevereiro, considerando-se o acumulado dos últimos 12 meses, alcançamos uma evolução de 10,6% sobre igual período do ano anterior, voltando, portanto, ao mesmo nível de 2015”, lembrou ele.
E a perspectiva é positiva, porque existe a previsão de lançamento de produtos que já tiveram a regulamentação aprovada ou em via de ser, ampliando o mercado potencial. Ele se refere ao Universal Ljfe, à modalidade de capitalização para os planos e seguros de saúde; à nova lei de licitações públicas que amplia a participação do seguro garantia; ou ao fim do monopólio no seguro de Acidentes do Trabalho. Nichos de grandes riscos  ou massificados que exigem a parceria com as empresas de resseguros, para que o mercado possa demonstrar ter capacidade de ampliar a proteção de patrimônios, saúde e rendas, e, em consequência, contribuir para o desenvolvimento do país em bases sustentáveis.
Outros discursos foram feitos na abertura. O diretor presidente da ANS, José Carlos de Souza Abrahão, voltou a pedir que as resseguradoras criem planos para as operadoras de saúde, lembrando que a agência reguladora, nesse sentido, têm feito ações para ampliar a transparência e governança do setor, necessárias para dar a previsibilidade exigida nos negócios de resseguros. O superintendente da Susep, Joaquim Mendanha de Ataídes, destacou estudos para aproximar as práticas das seguradoras e resseguradoras brasileiras dos mercados globais e deu a entender que, na próxima reunião do CNSP, deverão ser aprovadas novas medidas em prol do fortalecimento de seguros.
O presidente da Fenaber, Paulo Pereira, fez um breve balanço dos 10 anos de mercado de resseguros livre. No período, o mercado saiu de um órgão monopolista de resseguros para 128 players presentes no País; e a receita pulou de R$ 3,8 bilhões por ano para os atuais R$ 10 bilhões de 2016, destacou ele, reclamando que ainda há alguns nós regulatórios que podem frear o potencial de crescimento.
Neste primeiro dia, diversas palestras dão uma visão holística do mercado.  Pela manhã, duas foram proferidas-“Perspectivas para a Economia no Brasil”, apresentada pelo economista, Alexandre Schwartsman, da Schwartsman&Associados; e com participação de Claudio Contador, da Escola Nacional de Seguros; e Andrea Keenan, da A.M. Best. E o projeto de Lei 3555, debatido por Andre Tavares, da Tavares Advogados; João Marcelo Santos, da Santos Bevilaqua Advogados; e Marcelo Mansur, da Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados; e Sergio Ruy Barroso de Mello, da Pellon Advogados.
À tarde, será a vez dos painéis técnicos- “Inovação do Seguro de Vida: Agregando Valor ao Produto”, com Alessandra Monteiro, do IRB Brasil Re; João Carlos Botelho, da Safra Vida e Previdência; e Marcos Spiguel, da Sul América Seguros de Pessoas e Previdência.
Outro será a “Colocação Preferencial de Resseguro”, com Diogo Ornellas, da Susep; Eduardo Menezes, da Bradesco Auto Re; e Marcia Cicarelli, da Demarest Advogados. O painel “A Fragilidade da Classe Média e suas Consequências para o Seguro” será discutido por Alexandre Leal, da CNseg; e Walter Stange, da ARS Advanced Risk Solutions. Já o painel “Assimetrias Entre os Mercados Local e Internacional de Resseguro” será debatido por Bruno Freire, da Austral Resseguradora; Marco Castro, do Lloyd's; e Rubens Teixeira Junior, da Allianz Seguros.
Por fim, o painel que fará um balanço dos 10 anos do mercado de Resseguro e os próximos passos ficará a cargo de Carlos Varela, da Fasecolda - Federação das Seguradoras da Colômbia; Paulo Eduardo de Freitas Botti, da Terra Brasis Resseguros; e Rodrigo Botti, também da Terra Brasis Resseguros.