A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags/Unasul) e o Instituto Nacional de Higiene, Epidemiologia e Microbiologia (Inhem/Cuba) promoveram, de 8 a 10 de maio, o I Colóquio de Latino-Americano de formação em Saúde Pública e III Colóquio Brasil-Cuba de formação em Saúde Pública. Em sua primeira edição, o Colóquio Latino-Americano foi pensado de maneira mais abrangente para facilitar não somente o diálogo entre instituições brasileiras e cubanas, mas também incorporar as experiências e os desafios de outras instituições vizinhas, responsáveis pela formação e a qualificação de quadros estratégicos para os sistemas de saúde da região. Durante três dias, professores, dirigentes e alunos de instituições formadoras do Brasil, Cuba e diversos outros países latino-americanos discutiram experiências, oportunidades e desafios relacionados à formação em saúde pública e o papel das instituições formadoras no aprimoramento da governança e da gestão dos serviços, programas e sistemas de saúde regionais.
Antes de dar início as discussões do Colóquio foi realizada uma cerimônia de abertura que contou com a participação dos diretores e coordenadores dos maiores centros e instituições de saúde da América Latina. Estiveram presentes o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde Marco Menezes, o diretor da ENSP Hermano Castro, o diretor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Paulo Cesar de Castro Ribeiro, o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública de Cuba Lázaro Díaz, a diretora do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde Carina Vance, o vice-diretor do Instituto Nacional de Higiene, Epidemiologia e Microbiologia (Inhem/Cuba) Disnardo Raúl Pérez, o diretor do Instituto Nacional de Saúde dos Trabalhadores de Cuba (INSAT) Waldo Díaz, e o decano da Faculdade de Tecnologia da Saúde de Havana/Cuba Antonio Rodríguez.
Na ocasião, Marco Menezes, representando a presidência da Fiocruz, ressaltou a importância da realização do evento para América Latina, principalmente devido ao momento político, no qual a população vem sofrendo enormes perdas de direitos. “Um evento como esse nos ajuda a articular cada vez mais a formação em saúde pública na América Latina. Nos ajuda também a ver e entender a saúde de uma forma mais ampla”, destacou. Para o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública de Cuba Lázaro Díaz, ampliar o Colóquio Brasil-Cuba foi uma enorme felicidade, pois com uma boa formação em saúde um país pode ser ainda melhor. O vice-diretor do Instituto Nacional de Higiene, Epidemiologia e Microbiologia (Inhem/Cuba) Disnardo Raúl Pérez, destacou em sua fala durante a cerimônia de abertura a importância do fortalecimento da formação em Saúde Pública.
Para o diretor do Instituto Nacional de Saúde dos Trabalhadores de Cuba (INSAT) Waldo Díaz, o Colóquio representou uma oportunidade para sabermos qual formação em Saúde Pública queremos, além de conhecer as experiências de outros países irmãos. O decano da Faculdade de Tecnologia da Saúde de Havana/Cuba Antonio Rodríguez avaliou a realização do Colóquio como um momento para harmonizar a formação em Saúde Pública. A diretora do Isags, Carina Vance defendeu a importância de ampliar cada vez mais a participação dos países para uma maior compreensão da Saúde Pública. Em sua fala, o diretor da ENSP Hermano Castro destacou o momento atual do país, de dificuldades econômicas, ataques diários ao SUS, perda de direitos trabalhistas e previdenciários e a importância de, diante desse cenário, formar quadros de saúde que possam lutar e defender o SUS. “Espero que tenhamos discussões ricas durante esses três dias e mais do que isso, que saiam daqui ideias e propostas para o Sistema Único de Saúde, para que avancemos cada vez mais em uma saúde digna para todos”, defendeu Hermano.
A formação dos formadores em Saúde Pública
Após a cerimônia de abertura teve início a conferencia inaugural do I Colóquio de Latinoamericano de formação em Saúde Pública e III Colóquio Brasil-Cuba de formação em Saúde Pública, intitulada A formação dos formadores em Saúde Pública para América Latina: desafios e oportunidades, a conferência foi proferida pelo diretor da Universidade Nacional do Rosário (Argentina) Mario Rovere e coordenada pelo diretor da Fiocruz Petrópolis Felix Rosemberg.
Mario Rovere citou em sua apresentação a relação que existe entre formação de formadores, medicina e saúde pública e destacou qualquer proposta educativa que seja exclusivamente ministerial ou acadêmica vai ter sempre uma debilidade em relação a hibridação necessária diante das necessidades das instâncias formadoras e das instâncias do mundo do trabalho no complexo campo da saúde pública.
Segundo Mario, se realmente queremos produzir uma reforma no modelo educativo, é preciso entender que essa reforma no modelo educativo necessita de outra forma de aprender, e que a formação de formadores não é a repetição de outros modelos, mas sim a formação de outro tipo de formador, de outro modelo educativo. “A Saúde Pública que temos adiante não é a que tivemos no passado. Um modelo de formação repetido não seria a nossa solução”, destacou ele.