A FGV Energia lançou, no dia 24 de maio, um caderno especial com a temática dos carros elétricos. Essa publicação é a sétima de uma série que vem, desde 2014, analisando temas de relevância para o setor energético do Brasil e do mundo.
Nesta edição dos Cadernos FGV Energia, os pesquisadores analisam os impactos e desafios da inserção dos carros elétricos no mercado brasileiro. Para tanto, primeiramente busca-se entender por que o mundo está considerando cada vez mais esse tipo de veículo. São duas as explicações possíveis: a transição energética que está ocorrendo no mundo todo em resposta ao aquecimento global e a maior eficiência energética dos carros elétricos quando comparados aos veículos à combustão interna, além do fato de ser um nicho de mercado a ser desenvolvido, repleto de oportunidades de negócios para vários setores da economia.
Em relação à primeira questão, em novembro de 2016, entrou em vigor o Acordo de Paris, no qual a maior parte dos países do mundo se comprometeu a limitar o aumento da temperatura global neste século em até 2 graus em relação aos níveis pré-industriais. Para esse fim, os países devem reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE). Um dos setores da economia global que mais emite GEE é o de transportes. Assim, a fim de descarbonizar esse setor, uma transição para a mobilidade elétrica é necessária, levando em conta que para esse esforço realmente ter efeito, a eletricidade que abastece os veículos deve vir de uma fonte renovável, que não emita GEE.
Em segundo lugar, os carros elétricos são mais eficientes que os veículos convencionais usados atualmente – a eficiência energética de um carro elétrico ultrapassa 80%, enquanto que, em um carro à combustão interna, esse valor se situa entre 15% e 20%. Dessa forma, os carros elétricos representam a evolução natural da tecnologia veicular – que vem se desenvolvendo desde a invenção do automóvel no século XIX.
Tendo essas necessidades em mente, a mobilidade elétrica já vem se desenvolvendo a diferentes velocidades ao redor do planeta – países como Noruega, Holanda, China e EUA são destaques mundiais no assunto. No Brasil, os carros elétricos ainda estão chegando timidamente. No final de 2016, existiam no país pouco mais que 3.600 carros movidos a eletricidade. A expectativa é de maior desenvolvimento na próxima década, quando os automóveis elétricos devem alcançar 2,5% do total de veículos licenciados em 2026, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A publicação explica, porém, que vários desafios ainda precisam ser transpostos para os carros elétricos se desenvolverem no Brasil, assim como em outros países. A disponibilidade de infraestrutura de recarga, o preço ainda elevado das baterias, a baixa autonomia dos carros elétricos quando comparados a veículos convencionais, além da necessidade de incentivos para maior adoção são alguns dos entraves para o desenvolvimento dessa tecnologia. Os pesquisadores destacaram, porém, que novas oportunidades de negócios surgem do advento dos carros elétrico para os diversos setores envolvidos – elétrico, automotivo e de mobilidade como um todo.
Durante o evento de lançamento, esses desafios e oportunidades foram discutidos pelos representantes do governo, José Mauro Ferreira Coelho e Ricardo Gorini (EPE); Reive Barros (Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL); Bruno Cecchetti (Enel Brasil); Marco Saltini, (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores - ANFAVEA); Ângelo Leite (Grupo Serttel); Celso Novais (Programa Veículo Elétrico da Itaipu Binacional; e Claudia do Nascimento Martins (Associação Brasileira do Veículo Elétrico - ABVE).
A publicação está disponível para leitura no site.