Pesquisa de opinião pública realizada pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP) durante o mês de agosto aponta que a insatisfação dos brasileiros no atual contexto se reflete numa falta de confiança generalizada na presidência (83%), nos políticos (78%) e nos partidos (78%), expressa em todas as regiões, faixas etárias e de renda. Por outro lado, em relação ao futuro, o brasileiro mostra-se majoritariamente otimista, com 54% dos respondentes considerando que a qualidade de vida nos próximos cinco anos vai estar melhor do que nos dias de hoje. A coleta das informações em campo, realizada pelo Ibope, contou com 1.568 entrevistados de diversos municípios, em todo o território nacional.
O estudo buscou entender os valores que orientam escolhas e preferências dos indivíduos hoje e no futuro, optando por focar na temática da confiança como eixo orientador e balizador da análise e da discussão dos dados coletados em campo. A pesquisa em duas etapas: a primeira, denominada “A Confiança no Brasil”, destaca a confiança dos indivíduos sobre a política, a economia e a estrutura social em geral, associando essas variáveis às expectativas do brasileiro a respeito do futuro esperado para o próprio indivíduo e para a sociedade. Na segunda, chamada de “O Coração do brasileiro”, analisou-se o comportamento dos brasileiros diante de várias questões de nossa estrutura social.
“Tudo aponta para uma eleição que vai ser um momento pivotal da política brasileira, como poucos nós tivemos. O Brasil não conseguiu construir consenso, a não ser o consenso na desconfiança no sistema político e nos atores políticos. Então, 2018 está se armando como um grande palco no qual uma série de ajustes e contas para fechar vai ser resolvida. Ou seja, qual o rumo o país vai ter? Qual a configuração política vai liderar esse rumo? E qual a expectativa eu vou ter para o Brasil no futuro? ”, questiona o diretor da DAPP, Marco Aurelio Ruediger.
No conjunto, percebe-se que os brasileiros continuam polarizados em percepções e campos opostos. Entretanto, alguns pontos são comuns: não prescindem do papel do Estado para solucionar a questão das desigualdades sociais, bem como para melhorar a economia e garantir a proteção básica à população, como saúde, segurança e educação, mas não querem a interferência dele em outras questões.
“Ainda que hoje a avaliação do quadro brasileiro seja a pior possível, a avaliação para daqui a cinco anos é muito otimista. Isso é bom por um lado, mas, por outro, é altamente problemático, porque vai jogar sobre a eleição do ano que vem e sobre o sujeito que for eleito um peso fenomenal de responder a todas essas demandas represadas e fazer todos os ajustes no sistema, que hoje é disfuncional e está descolado. Será uma tarefa hercúlea e que, se não for administrada a contento, levará a uma situação que, em dois anos, o próximo presidente vai atravessar uma crise abissal”, aponta Ruediger.
O estudo completo está disponível no site