TEATRO GLAUCIO GILL apresenta o espetáculo “BLUE - Bonjour Tristesse”, com a Renato Vieira Cia de Dança
Esta nova temporada do espetáculo traz de volta aos palcos cariocas o bailarino Bruno Cezario
Teatro Glaucio Gill apresenta o espetáculo “BLUE - Bonjour Tristesse”, com a Renato Vieira Cia de Dança, é o novo espetáculo que estará em cartaz no Teatro Glaucio Gill de 3/11 a 3/12/2017. No início de 2017, impactado pela crise geral que domina o país, atordoado pelas mudanças súbitas e difíceis de serem assimiladas, o coreógrafo Renato Vieira resolveu absorver o impacto entrando numa sala de ensaio. Reuniu um novo grupo de bailarinos – somente homens - e começou a experimentar movimentos, ouvindo o blues. Tendo a literatura sempre como um dos pontos de partida de suas criações, Renato Vieira somou a este universo a poesia da polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012), cujo lema foi “Prefiro o ridículo de escrever poemas ao ridículo de não escrevê-los.” A poesia CEM PESSOAS, em off na voz de Sura Berditchevsky, está presente no espetáculo.
A criação coreográfica foi dividida com Bruno Cezario, que assinou também os figurinos. Bruno, que cumpria uma agenda de apresentações internacionais, terminou recentemente uma tournée com a Cie Gilles Jobin na Rússia. Liberado de seus compromissos fora do país, pôde finalmente retornar aos palcos cariocas. Deste encontro entre o som pungente do blues e a poesia de Szymborska nasceu o novo espetáculo, “BLUE - bonjour tristesse”, que chega mostrando a Renato Vieira Cia de Dança numa formação diferente – juntos, e em solos, duos e trios, ao lado de Bruno Cezario estão em cena novos bailarinos de diferentes procedências, selecionados por Renato.
- Estou experimentando uma formação diferente na companhia – explica Renato.
Novos bailarinos, novas histórias de vida e dança. Como o blues dá espaço para o improviso, os bailarinos terão espaço para trabalhar com a improvisação ficando mais comprometidos com o processo de criação. Soraya Bastos, bailarina inaugural da companhia, não está em cena nessa nova criação, mas acompanhou todo o processo como assistente.
A MÚSICA
O ponto de partida no processo criativo foi o blues, mas ao longo do processo a trilha musical veio se abrindo para variadas intervenções sonoras, incluindo textos, fragmentos verbais e uma forte linha percussiva - tudo criado por Felipe Storino, que compõe pela primeira vez para a companhia. Ele fala de sua inspiração: - O som bate rebate, no corpo se molda, entra, reverbera, distorce, treme, escuta, sente e dança um blues. Duas únicas músicas não compostas por Storino estão presentes no espetáculo, ambas na voz de Nina Simone: Sinner Man e Strange Fruit, esta última uma referência no processo criativo.
- Pelo universo que estamos tratando nesse trabalho, não poderia deixar de lado Strange Fruit, que é uma música emblemática de sua época e perfeita para esses dias em que vivemos tanta intolerância racial, sexual, política, religiosa. Não tenho a pretensão de levantar nenhuma bandeira. Mas, como artista, sinto necessidade de colocar em cena o que tem me perturbado tanto, explica Renato Vieira.
Strange Fruit foi composta como um poema escrito por Abel Meeropol, em 1930. Professor judeu que dava aulas no Bronx, o poema foi a forma que ele encontrou para expressar seu horror diante do linchamento de dois homens negros. A música foi eternizada pela voz de Billie Holiday, que a cantou pela primeira vez em 1939, no Cafe Society. Eleita pela revista Time como a “canção do século”, Strange Fruit ganhou também belíssimas interpretações de Nina Simone, Carmen McRae, Diana Ross, Cassandra Wilson, Cocteau Twins, Antony and the Johnsons, Siouxsie & The Banshees, Wynton Marsalis, entre outras.
A POESIA DE WISLAWA SZYMBORKA
O poema abaixo está presente no espetáculo, em áudio gravado pela atriz Sura Berditchevsky.
Cem pessoas
Em cada cem pessoas
Aquelas que sempre sabem mais: cinquenta e duas.
Inseguras de cada passo: quase todo o resto.
Prontas a ajudar, desde que não demore muito: quarenta e nove.
Sempre boas, porque não podem ser de outra maneira: quatro — bem, talvez
cinco.
Capazes de admirar sem invejar: dezoito.
Levadas ao erro pela juventude (que passa): sessenta, mais ou menos.
Aquelas com quem é bom não se meter: quarenta e quatro.
Vivem com medo constante de alguma coisa ou alguém: setenta e sete.
Capazes de felicidade: vinte e alguns, no máximo.
Inofensivos sozinhos, selvagens em multidões: mais da metade, por certo.
Cruéis, quando forçados pelas circunstâncias: é melhor não saber nem
aproximadamente.
Peritos em prever: não muitos mais que os peritos em adivinhar.
Tiram da vida nada além de coisas: trinta (mas eu gostaria de estar errada).
Dobradas de dor, sem uma lanterna na escuridão: oitenta e três, mais cedo ou
mais tarde.
Aqueles que são justos: uns trinta e cinco.
Mas se for difícil de entender: três.
Dignos de simpatia: noventa e nove.
Mortais: cem em cem – um número que não tem variado.
(Wislawa Szymborka)
FICHA TÉCNICA
Direção e concepção Geral: Renato Vieira
Coreografias: Renato Vieira e Bruno Cezario
Bailarinos: Bruno Cezario, Dinis Zanotto, Elton Sacramento, Felipe Padilha,
Flávio Arco-Verde, João da Matta, João Mandarino, Marlon Ailton
Trilha sonora original: Felipe Storino
Voz em off: Sura Berditchevsky
Assistente de ensaio: Soraya Bastos
Iluminação: Binho Schaefer
Programação Visual: Cristhianne Vassão
Fotografias: Bruno Veiga
Cabelos: Émilien Blanchard. Di Xavier, Anderson Peres
Operação de Luz: Jon Thomaz
Operação de Som: Denise Mendes
Figurino: Bruno Cezario
Direção de produção: Tatyana Paiva
Realização: Renato Vieira Cia de Dança
Agradecimentos: Bia Radunsky, Tanit Galdeano, Sura Berditchevsky, Manoela Cardoso, Eloisa Menezes, Toni Rodrigues, Ana Vitória, Ester Weitzman
CURRÍCULOS
RENATO VIEIRA CIA DE DANÇA – Companhia carioca de dança, em cena desde 1988, com direção geral de Renato Vieira, é reconhecida pela produção contínua de espetáculos que aliam o popular ao erudito, passando pelo experimentalismo, sem abrir mão da qualidade técnica de seus dançarinos. A companhia busca tornar acessível a dança como manifestação artística para todos os públicos, entendendo que assim atrai novos olhares para a dança contemporânea e contribui na formação de novas platéias para as artes em geral.
RENATO VIEIRA - Diretor artístico e coreógrafo
Renato Vieira é figura presente e atuante em diversas áreas da cena contemporânea. Começou sua carreira com o lendário Lennie Dale, dançou com Dalal Achcar, fundou o grupo Vacilou Dançou com Carlota Portella, e no final dos anos 80 criou a Renato Vieira Cia de Dança, que apresenta regularmente criações inéditas, entre elas Terceira Margem, Ritornelo, Dociamargo, Poeira e Água, Rizoma, Boca do Lobo, no me digas que no. Suas obras receberam destaque na imprensa, boas críticas e foram apresentadas em diversas cidades do país, além de Costa Rica e Portugal.
Como coreógrafo convidado assinou peças para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o Teatro Guaíra, o Teatro Municipal de Niterói, o Balé da Cidade de São Paulo, para a Cia de Dança de São José dos Campos, onde acumulou o cargo de Diretor. Ministrou cursos no Japão e na Alemanha, e durante vários anos deu aulas formando bailarinos e marcando, com seu estilo, uma geração. Pioneiro na direção de movimento para teatro, televisão e cinema assinou mais de quarenta espetáculos, em parcerias com Gustavo Gasparani, Pedro Brício, Claudio Botelho e Charles Moeller, Wolf Maya, entre outros.
Entre as produções mais recentes que contaram com sua contribuição destacam-se LiLi, S’imbora – O Musical, SamBra,o musical – 100 anos de Samba, Gilberto Gil – Aquele Abraço, o Musical, Samba Futebol Clube (pelo qual recebeu o Prêmio Cesgranrio 2014 na Categoria Especial), As Mimosas da Praça Tiradente, O Som da Motown (que codirigiu), Sassaricando, Sassariquinho, Cole Porter – Ele Nunca Disse que me amava, South American Way entre muitos outros. Recebeu o prêmio Coca-Cola de melhor coreografia pelo infantil A Coruja Sofia. Assinou a coreografia de Abertura dos Jogos Pan Americanos e foi durante dez anos o coreógrafo da Comissão de Frente da Escola de Samba Grande Rio. Pelo conjunto de sua obra recebeu, em 2004, o Prêmio Icatu Holding, com uma residência de seis meses na Cité des Arts, em Paris, França.
BRUNO CEZARIO- Coreógrafo e figurinista
Bruno Cezario é considerado pela crítica especializada do Brasil e exterior como um dos mais importantes bailarinos de sua geração. Estreou profissionalmente aos 16 anos em Romeu e Julieta, uma adaptação do original de Shakespeare concebida e dirigida por Sergio Britto e coreografada por Renato Vieira, passando assim a fazer parte de todas as criações da Renato Vieira Cia de Dança. Integrou paralelamente o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro sob as direções de Jean-Yves Lormeau e Dalal Achcar estreando nesse palco, aos 17 anos de idade, o L'après-midi D'un Faune, de Nijisky, voltando a interpretá-lo como Bailarino Convidado na comemoração do aniversário de 100 anos da obra, em 2013.
Viveu na Europa, onde dançou com o Ballet du Grand Théâtre de Genève, na Suiça; em Estocolmo com o Cullberg Ballet; na França no Ballet de l'Opéra de Lyon; e em Madrid, onde recebeu de Nacho Duato o título de Primeiro Bailarino na Compañía Nacional de Danza. Dançou peças de mais de 40 coreógrafos internacionais e nacionais, dentre eles William Forsythe, Jiří Kylián, Sasha Waltz, Lucinda Childs, Rachid Ouramdane, Philippe Decouflé, Natalia Makarova, Tatiana Leskova e Matz Ek.
Voltando ao Rio de Janeiro, criou em parceria com Renato Vieira todas as obras da companhia desde então, além de assinar figurinos e trilhas sonoras. Também cria para outras peças teatrais, e faz trabalhos como Diretor de Movimento. Recebeu o prêmio de Melhor Coreografia no 3o Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças pela peça Tãotão, de Pedro Kosovski e direção de Cacá Mourthé. Foi coreógrafo convidado da Cia de Ballet da Cidade de São José dos Campos,da Compañía Nacional de Danza (Costa Rica).
Criou também uma das peças coreográficas que constituem o espetáculo Peh Quo Deux, da PeQuod / Companhia de Teatro de Animação, que tem direção geral de Miguel Vellinho. Participou como ator dos longas-metragens Ensaio, de Tania Lamarca, e Exilados do Vulcão e Noite de Paula Gaitan. Como melhor bailarino recebeu os prêmios: Rio Dança 2001 e Você E A Dança. Atualmente dança também com a Cie Gilles Jobin de Genebra, Suíça.
SERVIÇO
BLUE bonjour tristesse
Com a Renato Vieira Cia. de Dança
ESTRÉIA DIA 3 DE NOVEMBRO de 2017
Temporada de 3 de novembro a 3 de dezembro de 2017
Local: Teatro Glaucio Gill
Praça Cardeal Arcoverde, s/n. Copacabana.
Telefone: (21) 2332-7904
Vendas internet: https:// ingressorapido.com.br
Sexta a segunda, 20h
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Duração: 60 minutos
Classificação etária: 14 anos
O Teatro Glaucio Gill é um espaço da Secretaria de Estado de Cultura/
FUNARJ