O FGV Management reuniu diretores e especialistas em Recursos Humanos de diversas empresas da iniciativa pública e privada para debater o impacto das transformações de carreira nas organizações, atração e retenção de talentos, no RH em Foco. Os encontros ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília entre os dias 7 e 9 de novembro.
Nas três praças foram apresentados alguns pontos analisados pela pesquisa “O Futuro do Trabalho”, feita em parceria com a PriceWaterhouseCoopers junto a 113 profissionais de RH, em 2015. A pesquisa levantou sete questões: convergência tecnológica, ambiente, cultura e gestão; novos modelos de vínculo e impacto; mudanças no perfil das profissões; mudanças no contrato psicológico; bem-estar; novas formas de controle e integração homem e máquina.
Em São Paulo, Maria José Tonelli, professora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP), explicou que esses pontos provocam intensos debates nas corporações, sobretudo no que se refere a modelos de gestão organizacionais distintos convivendo no mesmo ambiente de trabalho e o impacto na gestão de pessoas. “A composição da força de trabalho é cada vez mais diversificada e complexa e novas configurações ganham destaque”, afirma.
Um exemplo desse movimento foi trazido pela Globosat, representada por George Riche, diretor de RH, e Fabile Migon, gerente de Aquisição de Talentos e Desenvolvimento Organizacional. Os executivos contaram que o grande desafio do grupo, controlador de uma carteira de canais diversificados que incluem, entre outros, Multishow, Off, Bis, Sportv e GNT, é se tornar atrativo tanto para uma nova geração que chega ao mercado de trabalho e que tem como meta trabalhar no Google, Facebook e Netflix, quanto para novos assinantes, que têm à sua disposição novas formas de entretenimento via redes sociais. Para alcançar esse desafio, um primeiro passo é requalificar a hierarquia da organização. “Na Globosat, um estagiário tem voz para sugerir novos processos e novas formas de trabalho. Justamente porque ninguém melhor para falar com um millenium que outro millenium”, explica Riche.
Outro passo para essa requalificação foi narrado por Fabile Migon. Ela conta que o departamento de RH reestruturou a área de mídias sociais para se alinhar a esses desafios na área digital e na tecnologia, sem descuidar da humanização da marca. “Relançamos nossa página do Facebook, Instagram e criamos uma página no Linkedin. Por meio dessas plataformas, intensificamos a postagem de nossas participações em eventos de recursos humanos e o engajamento de nossos colaboradores nos megaeventos do grupo. Um exemplo foi o Rock´n Rio, onde os envolvidos fizeram uma espécie de making off, mostrando como é o seu trabalho na Globosat”.
Por meio das redes sociais, incentiva-se que os próprios colaboradores gravem vídeos para processos seletivos. A executiva explica que muitas vagas são oferecidas por meio desses canais. “Para isso, produzimos pequenos vídeos informais, onde um colaborador explica as competências e habilidades desejadas para a função. Uma recente vaga foi preenchida por um candidato que também respondeu gravando um vídeo. O resultado foi muito marcante”, exemplifica.
Para Luiz Ernesto Migliora, diretor do FGV In Company, a tendência das empresas é que elas reduzam o seu tamanho e comecem a trabalhar com pessoas fora da organização, atuando como consultores, cada vez mais especializados em temas de seu domínio. “Nesse novo modelo de negócios, é muito importante garantir a capilaridade nos mais diversos níveis, evitando que a empresa tenha que se desenvolver em diversas direções saindo do seu core business”, explica.
“Consultores serão especializados, e terão demanda pelo seu conhecimento, já que as empresas cuidarão exclusivamente dos seus negócios, sendo mais enxutas”.
Paulo Mattos de Lemos, diretor do FGV Management, destacou a importância de se mostrar bons exemplos de gestão também na iniciativa pública. “É importante disseminar o exemplo do CADE (Conselho de Administração da Defesa Econômica), que apresentou no RH em Foco em Brasília seu modelo de completa informatização de processos, para inspirar novas reflexões a respeito de melhorias na produtividade e no ambiente de trabalho”.
O caso do CADE foi analisado no RH em Foco, que ocorreu em Brasília, no dia 8. Participaram Mariana Boabaid Dalcanale Rosa, diretora do CADE, José Luiz Kugler, professor da EAESP, que apresentou o programa de Big Data, e Luiz Ernesto Migliora.
Completando o ciclo, o RH em Foco ocorrido no Rio de Janeiro contou com a participação de Raissa Lumack, vice-presidente de Recursos Humanos na Coca-Cola, que apresentou um trabalho sobre Conflito Geracional, e do professor João Lins Pereira Filho, da EAESP.