Os efeitos dos 11 dias da greve dos caminhoneiros, ocorrida no final de maio, ainda estão sendo sentidos. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) apontou que os setores mais impactados em maio pela paralisação foram o Comércio (90,5%) e a Indústria (89,5%), seguidos por Serviços (66%) e Construção (64%). A pesquisa especial das sondagens ouviu empresários e consumidores, que responderam se foram atingidos, e revelaram suas expectativas para o futuro.
Analisando cada setor, a freada maior foi em máquinas e equipamentos, veículos automotores, reboques e carrocerias e outros equipamentos de transporte (100%), da Indústria. No Comércio, o segmento de veículos, motos e peças (94,1%) foi o que mais sofreu. Serviços de transportes (90,4%) e serviços prestados às famílias (82,5%) foram os destaques negativos nesse setor. Já na Construção, o segmento de obras de arte especiais e outros tipos de obras (84,1%) foi o mais atingido.
Segundo a coordenadora das sondagens do FGV IBRE, Viviane Seda, a paralisação afetou a atividade econômica como um todo, mas o efeito prolongado deve ser percebido mais fortemente pela Indústria. “O setor foi o mais atingido em junho, com a citação de 59% das empresas. Também foi o que apresentou maior proporção de empresários citando a greve como fator a impactar negativamente as perspectivas para os próximos seis meses”, sinalizou a economista.
Consumidores também foram prejudicados
A maioria dos consumidores, cerca de 52%, disse ter sido afetada negativamente. Quase 40% declararam não ter sido atingidos ou não souberam responder; 8,6% viram a greve como positiva. A faixa de renda familiar mais elevada, com ganhos acima de R$ 9.600 mensais, foi a mais impactada negativamente (59,2%).
Incerteza podem reduzir consumo e investimentos
Empresários e consumidores também se mostraram menos otimistas com relação à economia nos próximos meses. Segundo a pesquisa, para os consumidores o principal motivo é a falta de confiança no governo (77%), seguido por incertezas políticas (64%) e ritmo lento da economia (47%). Além disso, dificuldade de conseguir emprego é citada por 42% dos entrevistados. Já para os empresários, o fator que mais influencia negativamente é o ritmo lento da economia (62%), as incertezas políticas (57%) e a falta de confiança no governo (48%).
“A greve elevou ainda mais o nível de incerteza. Considerando que os agentes econômicos são avessos ao risco, consumidores tendem a adiar compras e as empresas adiam os investimentos. Todos os fatores que vinham influenciando negativamente a confiança se acentuaram”, analisou Viviane.