O governo que tomará posse no ano que vem terá enormes desafios. Com o intuito de debater e propor políticas públicas que permitam o Brasil retomar o caminho do crescimento sustentável, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), em parceria com o Comitê para Desenvolvimento do Mercado de Capitais (Codemec), reúne nos dias 1º e 2 de outubro gestores dos setores público e privado, pesquisadores e especialistas em diversas áreas. O encontro acontece no Centro Cultural FGV (Praia de Botafogo,186. Rio de Janeiro/RJ), entre 8h30 e 18h.
Participam do evento nomes como Thomas Tosta de Sá, presidente executivo do Codemec; Paulo Manoel Protásio, presidente do Conselho Diretor do Codemec; Guilherme Afif, presidente do Sebrae Nacional; Luiz Ildefonso Simões Lopes, presidente executivo da Brookfield; e Carlos Rebello, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Na pauta do primeiro dia estão temas relevantes para a economia, como a criação de um novo padrão de sistema previdenciário, com destaque para um modelo misto de repartição e capitalização, que tem sido debatido por economistas dos candidatos à Presidência. Outro assunto relevante é o investimento em infraestrutura logística e social e a participação do BNDES nesse processo.
Para Manoel Pires, coordenador do Observatório de Política Fiscal do FGV IBRE e um dos debatedores, mesmo mudando o regime é fundamental realizar a reforma previdenciária. “O sistema de repartição pressupõe que a geração presente irá financiar a atual geração de aposentados. No regime de capitalização a geração atual de trabalhadores forma sua própria poupança para financiar sua aposentadoria. Assim, o regime é por definição equilibrado. O problema é que como as pessoas se aposentam cedo, elas acumularão uma poupança pequena. Na prática, portanto, seria necessário instituir uma idade mínima. Ou seja, o regime de capitalização deveria vir acompanhado da mesma reforma que tem que ser feita no regime de repartição. Portanto, só me parece fazer sentido discutir a capitalização depois que for feita essa reforma dos parâmetros do sistema atual”.
No segundo dia, o debate irá girar em torno do papel do empreendedorismo para o desenvolvimento da inovação e da tecnologia nacional, impulsionados pelas novas fontes de financiamento com o fortalecimento do mercado de capitais. Ao final, o encontro contará com uma mesa de debate sobre o cenário eleitoral.
“Estou muito otimista quanto ao papel do mercado de capitais no desenvolvimento econômico e social do Brasil e isso ocorrerá por três razões. Primeiro, o governo periodicamente transfere dinheiro do Tesouro para o BNDES, emprestando às empresas a juros subsidiados. Esse dinheiro acabou e a nova política do BNDES já é voltada, inclusive, para outras fontes de recursos que vêm do mercado de capitais. Em segundo lugar, a taxa de juros (Selic) caiu. Com a queda os investidores terão que buscar outras formas de investimentos, como títulos de dívida e debêntures. Terceiro, e mais importante de tudo, é o que eu chamo de “o novo papel” das micro e pequenas e médias empresas, maiores geradoras de emprego e inovação na economia, que não dependem do governo e que contam com instrumentos do mercado de capitais para se financiar como o ‘crowdfund’ e os fundos de venture capital e private equity”, analisou Tosta de Sá.
O evento é aberto a profissionais, estudantes e pessoas interessadas nos temas que estão em debate. Para mais informações e inscrições, acesse o site.