O Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas abriu no dia 30 de março, às 20h, no Chalé Cristiano Osório, a exposição José Raimundo: a pintura além do jardim, com 40 trabalhos do artista mineiro residente em Pouso Alegre.
A pintura de José Raimundo traz elementos figurativos recorrentes, como casarios, igrejas, trabalhadores e animais distribuídos em paisagens idílicas que excluem qualquer crueza do mundo. Seu trabalho nos oferece cenas ingênuas: a lida no campo é alegre, assim como procissões e festejos, os pássaros voam em céu azul, bois pastam em invernadas verdejantes, as árvores são invenções floridas e simétricas, em composições que exaltam a felicidade em cada pincelada. O uso de uma perspectiva planar, ausente de pontos de fuga, remete à produção de xilogravuras do Nordeste e, mais longinquamente, a ilustrações medievais. À maneira do bom jardineiro, José Raimundo organiza sua composição e distribui suas cores fortes de modo a presentear o observador com o sonho de um mundo idealizado. Não seria outra a função dos jardins que a de nos prover de pequenas amostras de um Paraíso possível.
José Raimundo nasceu em 1960, na zona rural de Silvianópolis, pequena cidade vizinha de Pouso Alegre, com os costumes característicos das cidades do sul de Minas: vida pacata profundamente vinculada ao campo, festas religiosas e tradições. Mais tarde, mudou-se para Pouso Alegre, onde trabalhou inicialmente como jardineiro e, depois, como ajudante no ateliê do artista plástico Ferrão. Começou a desenhar alguns croquis nos intervalos do trabalho no ateliê. No início, insatisfeito com o resultado de seu traço, foi incentivado por Ferrão a pintar. Como resultado, teve seus trabalhos incluídos na V Bienal de Naïfs do Brasil, em Piracicaba-SP, em 2000. A partir daí, já mais confiante e sempre incentivado por Ferrão, iniciou um ciclo de produção bastante intenso, fazendo pinturas de médio a pequeno porte, além de xilogravuras e linoleogravuras, com uma temática profundamente vinculada às suas origens.