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sábado, 24 de março de 2012

Exposição Robert Polidori



O Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas abriu no dia 3 de março, às 20h, a exposição Robert Polidori. Fotografias, que esteve em cartaz no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro e no Museu da Casa Brasileira (MCB), em São Paulo. A mostra, com 39 imagens, é uma retrospectiva da obra do artista e apresenta seus principais ensaios realizados desde os anos 1980, tais como as séries sobre as cidades de Pripyat e Chernobyl, 15 anos após o acidente nuclear ocorrido em 1986; Havana; Beirute e Nova Orleans devastada pelo furacão Katrina, em 2006.
A exposição Robert Polidori. Fotografias traz também cenas urbanas de Alexandria (Egito), Varanasi (Índia) e Amã (Jordânia), que enfocam a construção civil e ruas comerciais desses lugares, além de três exemplos do ensaio realizado por Polidori em Nova York, nos anos 1980, quando registrou o interior de apartamentos atacados por vândalos. Naquela época, grupos de jovens costumavam invadir e depredar apartamentos em que o morador, quase sempre um idoso solitário, havia recentemente morrido. Essa situação foi a primeira a despertar no artista a vontade de registrar com sistemática os resultados materiais de um acontecimento violento. São as únicas imagens da exposição mostrando a cidade de Nova York, onde Polidori vive e trabalha, no entanto revelam de maneira exemplar os interesses que envolvem seu trabalho.
Com uma impressionante riqueza de detalhes, em livros extensos e imagens quase sempre de grande porte, Robert Polidori trata de grandes desastres naturais ou sociais que marcam a história contemporânea. Como nos registros de vandalismo em Nova York, ele registra cidades, interiores ou fachadas, que sofreram alguma espécie de violência ou abandono. Os espaços são registrados após o acontecimento, seja uma guerra ou um furacão, e são mostrados quase sempre vazios. Sem aderir a ideologias específicas, Polidori cria um comentário ácido sobre as conseqüências de diferentes políticas internacionais. Sua forma de olhar e investigar o mundo faz com que as paredes esburacadas por rajadas de balas no Líbano se pareçam com a decadência das fachadas de casas cubanas, faz com que Chernobyl se pareça com Cuba ou Nova Orleans.
Robert Polidori nos mostra nestas 39 fotografias expostas como o mundo destroçado pode ser belo, sem, no entanto, deixar de causar um profundo mal-estar. Os mesmos detalhes que criam imagens de uma beleza estonteante, mas que em nenhum momento é apaziguadora, registram em nossa memória o porquê dessas diferentes tragédias.
SOBRE ROBERT POLIDORI
Nascido em Montreal, Canadá, em 1951, Robert Polidori vive e trabalha em Nova York. Nos anos 1970, atuou como assistente de Jonas Mekas no Anthology Film Archives, em Nova York, e realizou diversos filmes experimentais. Em 1979, concluiu mestrado na State University of New York, em Buffalo, passando a se dedicar integralmente à fotografia still. Entre 1998 e 2007, trabalhou como fotógrafo da revista The New Yorker, colaborando regularmente também para publicações como Geo, Architectural Digest Germany, Nest Magazine, Newsweek e Vanity Fair. Polidori realizou diversas exposições coletivas e individuais, entre as quais se destaca New Orleans after the Flood, no Metropolitan Museum of Art, Nova York, em 2006.
A mostra foi elaborada por Robert Polidori, em parceria com Heloisa Espada, da equipe de curadores do IMS. Antes dela, Polidori participou de duas exposições coletivas no Brasil, nas quais mostrou um número reduzido de trabalhos: em 2000, integrou as mostras Brasília de 0 a 40 anos e, em 2008, Brasil: desFocos (O Olho de Fora).