O Surrealismo foi um Movimento fundado pelo poeta André Breton que a princípio tinha apenas expressão literária e caminhava ao lado do Dadaísmo, posteriormente, Breton foi reunindo, em torno de si, artistas plásticos, muitos saídos do movimento Dadá (que já anunciava sua morte nos anos 20). A ênfase no caráter poético, mesmo quando passou para a pintura e a escultura (segundo alguns críticos os pontos mais fortes do Surrealismo, devido ao forte apelo das imagens na descrição de aspectos subconscientes) sempre foi uma de suas principais características.
O Surrealismo foi profundamente ligado a uma filosofia de pensamento e ação, em que a liberdade era extremamente valorizada. Apesar de seu ativismo e até incongruência serem bem próximos ao dadaísmo, difere-se deste principalmente por ter uma vocação construtiva que faltava ao seu antecessor. Mesmo após ter sido extinto enquanto movimento, muitos artistas prosseguiram realizando suas obras a partir de suas premissas, como Miró, Dali e Frans Arp. É considerado o movimento mais forte e controverso do período entre guerras, tendo se espalhado pelo mundo inteiro e influenciado várias gerações. Além da França, foi especialmente forte nos EUA, inspirando, por exemplo, o Expressionismo Abstrato, principalmente pelo fato de que muitos artistas europeus acabaram se refugiar no país durante a Segunda Guerra. Desde o começo do movimento, Breton pretendia afinar a arte com a política contemporânea.
Em 1925, no quinto número da Revista La Révolution Surréaliste, o artista já anuncia a adesão do Movimento ao Comunismo. O Surrealismo pretendia explorar a força criativa do subconsciente, valorizando um anti-racionalismo, a livre associação de pensamentos e os sonhos, norteado pelas teorias psicanalíticas de Freud. O automatismo, que buscava lograr o controle da mente racional através da expressão de um pensamento que não passasse por censuras, era uma das técnicas utilizadas pelos surrealistas. Foi um movimento (seguindo a tradição dos demais movimentos do século XX) composto por grandes individualidades, que deram importantes e diferenciadas contribuições para o Surrealismo.
Seus principais expoentes foram: Hans Arp, Joan Miró, Kurt Schwitters, Marcel Duchamp, Max Ernst, Salvador Dali, André Masson, René Magritte, entre outros. Além disso, parte da incongruência associada ao movimento, além das diferenças pessoais entre seus vários membros, devia-se a pelo menos duas fortes e contraditórias tendências do Surrealismo: uma mais próxima ao dadaísmo e mais niilista, contrária a todos os conceitos de arte tradicional (exemplificada por Marcel Duchamp) e outra ainda guiada por valores estéticos (que pode ser representada, por exemplo, por Salvador Dali e Magritte).
O alto grau de beleza estética que os trabalhos possuíam também eram considerados, de certa forma, contraditórios ao princípio do acaso e do automatismo como métodos de produção. O frottage, desenhos a partir de “decalques“ sobre superfícies irregulares e a colagem (ver verbete), montagens predominantemente incongruentes, eram alguns métodos utilizados pelos surrealistas para explorar suas potencialidades inconscientes.
Os principais adeptos do primeiro método eram Max Ernst (inventor do método, entre suas obras, “Histoire naturelle“, de 1929), Miró e Masson, enquanto expressivos trabalhos de collage foram realizados por Kurt Schwitters e até pelo poeta André Breton. Uma das muitas provas de que as influências do Surrealismo extrapolaram as fronteiras de um movimento (além da inspiração que forneceu a vários artistas e gerações) pode ser exemplificada por obras de Picasso como “Guernica“, bastante próximas das premissas artísticas propostas pelos surrealistas, apesar dele mesmo nunca ter pertencido ao grupo.