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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Seminário destaca a importância da conservação e gestão de dados científicos

Os desafios e as práticas para preservar, gerir e difundir os conhecimentos produzidos por universidades e instituições científicas foram temas de encontro na Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro. O “Seminário Repositórios Digitais de Acesso Aberto: práticas e desafios”, realizado pelo Sistema de Bibliotecas da FGV, reuniu, em 21 de setembro, especialistas de diferentes partes do país. Os palestrantes apresentaram para uma plateia de cerca de 250 bibliotecários, estudantes e interessados no assunto suas experiências e as tendências na área.
Marieta de Moraes Ferreira, diretora do Sistema de Bibliotecas da FGV, considerou o evento uma oportunidade única de trocar experiências com diferentes instituições acadêmicas e de pesquisa. “É uma satisfação podermos trocar experiências e pensar estratégias para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade da informação no nosso país”, declarou na abertura.
Segundo a diretora, o tema é relevante, pois os repositórios assumiram papel fundamental no mundo contemporâneo – em tempos de mundo digital, internet e comunicação dinâmica. “Os repositórios digitais são as janelas para que as instituições acadêmicas possam disponibilizar a sua produção, disponibilizar os seus acervos, tornar conhecido aquilo que é feito nas universidades. O grande desafio que se coloca hoje para nós é fazer com que este conhecimento circule na sociedade”, destacou.
Pela manhã, as bibliotecárias da Fundação, Márcia Bacha e Maria do Socorro Almeida, apresentaram a estrutura do repositório digital da instituição, as ferramentas utilizadas na gestão, as mudanças que permitiram aprimoramento do sistema, realizadas em parceria com o setor de Tecnologia, além das metas para o próximo ano.
Luana Faria Sales, analista em Ciência e Tecnologia da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), destacou a importância de preservar e disponibilizar não só as pesquisas, como também os dados nos quais os estudos se baseiam. Para a especialista, os dados são hoje tão importantes quanto às publicações e devem ser tratados de forma correta e organizada para que possam ser reutilizados por diferentes áreas de atuação.
“Não basta termos repositórios, é preciso criarmos serviços inovadores. É preciso muita gestão, curadoria e toda uma infraestrutura que permitam que dados se interliguem. Mas o repositório pode ser um começo”, analisou Luana.
Já o coordenador de Articulação, Geração e Aplicação de Tecnologia do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Milton Shintaku, disse que acredita que os profissionais devem estar preparados para gerir também dados governamentais e lembrou a Lei da Transparência. O tecnologista apresentou projetos realizados no Instituto e ressaltou a importância de usar recursos inovadores no aprimoramento da gestão de dados. “A evolução da tecnologia e as necessidades de adequação à nova realidade de serviços digitais realçam os desafios de atender melhor os usuários de informações”.
Na parte da tarde, a discussão ficou em torno dos dados estatísticos e da preservação dos repositórios digitais. Elenara Almeida apresentou o portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), destacando a democratização do conteúdo (em torno de 6 milhões de usuários em todo o Brasil), a criação de repositório de autores nacionais, além do crescimento da produção brasileira de artigos científicos, que passou de 14 mil, em 2001, para 61 mil, no ano passado.
Em seguida, Miguel Ángel Márdero Arellano, coordenador da Rede Brasileira de Preservação Digital Serviços Cariniana do IBICT, em Brasília, abordou a proteção a longo prazo das informações digitais, ressaltando que deve ser colaborativa, em rede, e deve estar claro como será o acesso no futuro. Para Arellano, “a preservação digital é um processo social e cultural, porque nela se aplicam critérios. É também um procedimento legal porque define os direitos e os privilégios necessários para a manutenção permanente dos registros científicos”. O especialista alertou ainda que atualmente poucos repositórios estão preparados para tratar com metadados de preservação, colocando em risco o acesso às informações no futuro.