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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Aumenta média de anos de estudos de trabalhadores brasileiros, aponta FGV IBRE

Os trabalhadores brasileiros tinham, em média, 9,7 anos de estudo em junho deste ano, aponta levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE). O indicador avançou 1 ponto desde março de 2012, quando era de 8,7 anos. O estudo utiliza como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Bruno Ottoni, responsável pelo estudo e pesquisador associado do FGV IBRE e IDados, analisou os números dividindo por setor. De acordo com os dados, o setor agropecuário se mantém na lanterna, com 5,6 anos de estudo em média por trabalhador, apesar de ter sido o que mais avançou no período analisado, de 4,5 anos em março de 2012 para 5,6 em março deste ano – um salto de 1,1 ponto.
“Em junho de 2018 o setor agropecuário se manteve estável em relação ao trimestre anterior. Já em março deste ano houve aumento dos anos de estudo, comparativamente a dezembro de 2017. Esse aumento pode se dever ao crescimento do PIB do setor, que foi forte no ano passado, e tende a ser relevante também este ano. Esse crescimento da atividade da agropecuária pode estar fazendo com que o setor consiga absorver os novos entrantes, que têm mais anos de estudo. Portanto, o crescimento da média de escolaridade pode sim, estar relacionado ao crescimento relativamente mais forte desse setor nos últimos meses”, analisou o pesquisador.
Outros destaques são o setor de Educação, que tinha em março a maior média entre todos os analisados (12,6), seguido por Serviços, com média de 11,8 anos de estudo. Para Ottoni, o bom desempenho deste último está relacionado ao aumento do número de vagas. “O setor de Serviços tem sido, desde a década de 1980, o que mais tem gerado postos de trabalho na economia brasileira. O crescimento do emprego nesse setor está diretamente associado ao aumento da sua participação na atividade econômica. Lembrando que desde a década de 1980 a Indústria tem perdido participação, enquanto o setor de Serviços tem aumentado sua importância. Portanto, o nível educacional mais elevado está provavelmente ligado ao fato desse setor estar absorvendo os novos entrantes, que estão estudando mais do que as gerações anteriores.
Em todos os setores houve avanço no nível de escolaridade. No Comércio, o indicador subiu de 9,1 para 9,7; o setor da Indústria teve salto de 8,8 para 9,6 anos. Já no de Transportes a média que era de 8,5 em 2012 alcançou 9,3 em março deste ano.
Maior parte dos trabalhadores têm ensino médio
O estudo mostrou ainda que a maioria dos trabalhares têm entre 10 e 12 anos de estudo, ou seja, ingressaram ou concluíram o ensino médio – quase 40% da população economicamente ativa (PEA) e 38,5% da população ocupada (PO). Em compensação, a população com 0 a 4 anos despencou, passando de 22% em março de 2012 para 15,4% em junho deste ano.
“As novas gerações que entram no mercado de trabalho estão ficando mais tempo na escola. Não estamos analisando aqui qualidade, mas anos de estudo. Hoje o abandono acontece mais no ensino médio. O crescimento é uma tendência generalizada na população, tanto no mercado formal como no informal”, explicou o pesquisador.