A exposição do pintor baiano Waldomiro de Deus, que comemorará meio século de pintura, reúne 30 obras criadas nas décadas de 60, 70, 80, 90 e nos primeiros anos no novo milênio. O trabalho revela um universo pictórico rico que inclui desde recriações da natureza e da vida cotidiana do povo brasileiro até grandes tragédias nacionais e internacionais como o ataque às torres gêmeas de Nova York, ocorrida há 10 anos, o atentado terrorista a uma estação de Madri, na Espanha, o recente tsunami que atingiu o Japão depois de um terremoto de 8.9 graus na escala Richter, o acidente ocorrido na construção da Estação Pinheiros do Metrô de São Paulo.
A curadoria da mostra é do crítico de arte Enock Sacramento, que acompanha a carreira do artista há mais de três décadas e está escrevendo sua biografia. Considera suas pinturas “projeções de um Brasil profundo e como manifestação cultural digna de ser vista e refletida". Segundo o curador, “a obra plástica de Waldomiro tem um espectro temático muito amplo e, além de se referenciar em acontecimentos de grande repercussão, também se volta para a natureza, da celebração do amor, da solidariedade e da elevação espiritual”.
Nascido em Itajibá, no interior da Bahia, a primeira coisa que impactou o artista foi a paisagem, a flora, a fauna, a natureza. A obra mais antiga da mostra é uma paisagem, realizada com guache sobre cartolina. Utilizou esses materiais porque foram os únicos que ele encontrou na casa de um antiquário de São Paulo, onde trabalhou como jardineiro. Pintando até altas horas da noite, Waldomiro sentia sono durante o dia e por isso foi demitido do emprego. Levou seus primeiros guaches para o Viaduto do Chá e com o produto da venda sobreviveu modestamente. Sua primeira exposição individual ocorreria em 1962, no Parque Água Branca, em São Paulo.
Naquela exposição, Waldomiro conheceu o decorador Terry Della Stuffa, que se tornou seu mecenas, apresentando-o ao mundo artístico e social de São Paulo. Participou da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, da IX Bienal Internacional de São Paulo e mostras nacionais e internacionais De 1969 a 1973 viajou para a Europa, Ásia e América Latina. Em Israel morou num convento. Místico, afirma que foi lá que sentiu, “num raio de luz azul que veio do céu, a presença de Deus”. Waldomiro foi tema de mestrados de aspectos sócio-cultural, filosóficos e teológicos, além de livros e literatura de cordel. “É um dos pintores brasileiros mais conhecidos e alunos de centenas de escolas fazem frequentemente releitura de suas obras” afirma Enock Sacramento ao destacar que “Waldomiro de Deus é um valor emblemático no contexto da arte brasileira e sua obra faz jus à sua grande popularidade”.
A obra de Waldomiro de Deus integra numerosas coleções particulares e oficiais do Brasil e de vários países. E, entre os vários críticos de arte que demonstraram apreço por sua obra figuram Mário Schenberg, Theon Spanudis, Olney Krüse, Walmyr Ayala, Lélia Coelho Frota, Pierre Santos, Oscar D’Ambrósio, Paulo Klein, Jos Luyten, Sol Biderman e outros. Jorge Amado afirmou textualmente, em 1979, que “jogral a misturar as cores como quem faz versos ou inventa um passo de dança, recriando a vida com amor, Waldomiro de Deus nos oferece com sua pintura o que de melhor existe: o gosto de viver, a fraternidade, a ternura”.
Serviço:
Exposição “Waldomiro de Deus – 50 Anos de Pintura”
Abertura: 28 de setembro, às 19h
Visitação: de 29 de setembro a 13 de novembro, terça a domingo, de 12h as 19h – Grátis
Patrocínio: Correios
Realização: Centro Cultural Correios