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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Artigos: História em Quadrinhos- A Importância no Processo de Aprendizagem


Quadrinhos, charges, cartoons – promova a produção textual
em sala de aula através destas leituras que encantam tanto as crianças!


As Histórias em Quadrinhosoriginalmente surgidos na Inglaterra, na década de 1950, e trazendo na bagagem forte influência do estruturalismo francês, o interresse dos Estudos Culturais voltou-se primeiramente para os problemas da sociedade e da linguagem. Na década de 1980, com o surgimento do conceito de pós-moderno, ultrapassam as fronteiras da Grã-Bretanha, chamando a atenção de estudiosos de outros paises, sobretudo dos Estados Unidos da América.
Rompendo com as noções de sacralidade da arte e com a diferenciação entre alta e baixa cultura, os Estudos Culturais passam a privilegiar a interdisciplinaridade e seu corpus deixa de ser apenas a literatura. A tarefa a qual se propunha não era a da simples inversão de um modelo, tornando central o que estava renegado até então á margem da critica, mas estava ligada, isto sim, ao fomento da política da diferença, buscando romper com uma determinada hegemonia de temas.
A discussão aqui proposta sobre as Histórias em Quadrinhos alinha-se com a perspectiva dos Estudos Culturais de repensar a transmissão da leitura dentro da sociedade. Todos os exemplos elencados foram retirados das histórias do personagem Chico Bento do quadrinista Mauricio de Sousa, por ser este o ator central da pesquisa que desenvolvo a respeito da questão da identidade nacional nos quadrinhos que deve ser utilizada pela escola como um recurso facilitador da aprendizagem.
Propor uma discussão sobre o uso das revistas em quadrinhos para o desenvolvimento da leitura que se insira dentro da ótica educacional, tendo como objeto de estudo as Histórias em Quadrinhos, pode parecer uma certa impertinência.
O livro Pra Ler o Pato Donald de Ariel Dorfman e Armand Mattelart (1987) no inicio da década de 1970, tratou o tema quadrinhos sob ponto-de-vista da análise critica e, desde então, não é mais possível pensar nas historinhas – ai incluídas as infantis – como simples leitura inocente, mas como um objeto de aquisição de conhecimentos.
Em 1979, Umberto Eco (2000) publica Apocalípticos e integrados, um estudo semiológico da cultura de massa e dos meios de comunicação. No capitulo intitulado O Mito do Superman, Eco narra alguns episódios que ilustram bem o poder de persuasão das histórias em quadrinhos. São casos de autores que tiveram que declarar publicamente, levados por enxurradas de cartas de leitores descontentes, razões pelas quais haviam criado ou eliminado este ou aquele personagem; mortes nos quadrinhos que são publicados por respeitáveis jornais junto aos obituários e pelas quais universidades e escolas públicas respeitam um minuto de silencio; enfim, toda uma gama de reações as quais, Eco nos lembra, já aconteciam em séculos passados, quando leitores indignados escreviam aos autores de seus feuilletons favoritos lhes cobrando esta ou aquela atitude perante algum personagem mais carismático. O que há de novo no caso da reação ás histórias em quadrinhos é a forma maciça como esta é esquecida pela escola como recurso pedagógico.
A comunidade de leitores fiéis não só vibra e acompanha as peripécias de seus personagens como também, fenômeno mais recente, consome produtos nos quais estes apareçam reproduzidos ou que faça alusão a eles. Eco concluiu que a leitura de quadrinhos alcançou um grau de inserção na sociedade contemporânea comparável apenas ás figuras mitológicas.
A civilização de massa oferece-nos um exemplo evidente de mitificação na produção dos massa media e, em particular, na indústria das comic strips, as “estórias em quadrinhos”:(...) aqui assistimos á participação popular de um repertório mitológico claramente instituído de cima, isto é, criado por uma indústria jornalística, porém particularmente sensível aos caprichos do seu público, cuja exigência precisa enfrentar (Eco, 2000: 244).
Essa exigência que precisa ser continuamente enfrentada, essa constante manobra entre uma linguagem e seu público consumidor imprime certa flexibilidade aos quadrinhos, ou melhor diríamos, certa dificuldade de rotulá-los dentro de um gênero, com características fixas, facilmente identificáveis, e que as instituições escolares não podem fechar os olhos para esta importante ferramenta educacional


LEITURA E OS QUADRINHOS

Quando aprendemos a ler, percebemos ao nosso redor um mundo totalmente novo, repleto de palavras e significados que dão nome às coisas existentes, esclarecem idéias e sentimentos e nos mostram uma realidade completamente diferente, que aos poucos vamos dominando.
Aprender a ler é um acontecimento extraordinário na vida de qualquer ser humano, não importa a língua que ele fale. Muitas vezes não nos damos conta disso e de tudo o que a capacidade de ler pode nos trazer. A leitura exige dedicação, quanto mais lemos, mais capazes nos tornamos de ler. ( ABREU, p.5).
O ato de ler é o processo de “construir significado” a partir do texto. Isso se torna possível pela interação entre os elementos textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior for à concordância entre eles, maior possibilidade de êxito na leitura.
A interação entre o texto escrito e o leitor é diferente daquela estabelecida entre duas pessoas quando conversam. Nessa última situação, estão presentes muitos aspectos, além das palavras: gesticulações, expressão facial, entonação da voz, repetições, perguntas que dão significados à fala.
COCCO (p.3 e 4) afirma que:
Na leitura o leitor, está diante de palavras escritas por um autor que não está presente para completar as informações. Por isso, é natural que forneça ao texto informações enquanto lê. Contudo o texto também atua sobre os esquemas cognitivos do leitor. Assim duas pessoas tendo o mesmo texto podem entender mensagens diferentes porque seus esquemas cognitivos e o conhecimento de mundo são diferentes.
A leitura envolve a busca de significado de um texto e se processa na medida em que o leitor consiga interagir com ele. Sabe-se, no entanto, que essa interação é diferenciada para cada leitor e dependendo dos seus conhecimentos sobre o assunto e de seus interesses e objetivos.
A exploração de textos diversificados é uma prática pedagógica que proporciona o desenvolvimento da expressividade, do uso funcional da linguagem, da leitura e da reflexão sobre o mundo.
A criança quando esta desenvolvendo a leitura gosta de lê coisas do seu cotidiano, que fazem parte do seu mundo e neste ponto que a escola deve intervi trabalhando com as revistas em quadrinho para garantir que a leitura se torne um processo atrativo e prazeroso.
A Importância da Leitura de revistas em quadrinhos.
Quando motivada a lê desde criança pela escola e família a criança tenda a desenvolver um habito positivo da leitura, por isso temos que ter em mente a importância das revistas em quadrinho para a construção dos aspectos cognitivos da educando toda a comunidade escolar, todos os pais, pedagogos precisam estar seriamente convencidos da importância da leitura da revista em quadrinhos para a vida social e cultural, se quiserem contribuir para melhorar a situação de aquisição da leitura temos que usar instrumentos que a tornem prazerosa. Essa mesma convicção deve ser então transmitida aos que estão aprendendo a ler de maneira apropriada a fase de seu desenvolvimento podem utilizar as revistas em quadrinhos como recursos de promoção da aprendizagem.
A pesquisa sobre leitura projetou nova luz sobre seu significado, não só em relação às necessidades da sociedade, mas também às do individuo. O direito de ler significa igualmente o de desenvolver as potencialidades intelectuais, espirituais, o de aprender e progredir.
Poderíamos lembrar que as histórias em quadrinhos, ao gerar novas ordens e técnicas narrativas, mediante a combinação original de tempo e imagens em um relato de quadros descontínuos, contribuíram para mostrar a potencialidade visual da escrita e o dramatismo que pode ser condensado em imagens estáticas (Canclini, 2000: 339).
As artes se relacionam umas com as outras, de uma forma desterritorializada, o que amplificaria seu potencial de comunicação e conhecimento. E é dessa maneira “obliqua”, enviesada, que as práticas culturais atuam no desenvolvimento político e social do educando.
Assim como não podemos falar senão de culturas de fronteira, também não há linguagem que não seja hibrida. Ou seja, o que parecia ser tão peculiar aos quadrinhos, não lhes é uma característica exclusiva.
Exclusiva ou não, o que o fato dos quadrinhos serem formados por figuras e palavras traria de especifico para esta linguagem.
Essa capacidade de disseminação, a faculdade de serem facilmente absorvidos explicaria o porquê dos mesmos serem largamente utilizados em campanhas educativas as mais variadas. Nos países da América Latina serviam como meios de resistência e critica ás ditaduras militares e desde o final do século XIX, O Menino Amarelo, uma das primeiras histórias em quadrinhos com personagem continuado publicado semanalmente num jornal, já contava com a critica social como um de seus maiores trunfos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BENJAMIN, Walter, O Narrador In: Os Pensadores; São Paulo: Abril Cultural, 1980.
BARTHES, Roland. A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG,1998.
CANCLINI. Nestor Garcia. Culturas hibridas – Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Editora da USP, 2000.
CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote de la Mancha. São Paulo: Editora Nova Cultura, 2003.
CIRNE, Moacy. Para ler os quadrinhos – Da narrativa cinematográfica á narrativa quadrinizada. Petrópolis: Vozes, 1975.
_________. Vanguarda: um projeto semiológico. Petrópolis: Vozes, 1975.
_________. História e critica dos quadrinhos brasileiros. Rio de Janeiro: Europa/FUNARTE, 1990.
_________. Quadrinhos, paixão e sedução. Petrópolis: Vozes, 2000.
DOBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Campinas: Papirus, 1993.
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2000.
FERNANDES, Anchieta. Literatura & quadrinho (do verbal ao iconográfico). In: Revista Vozes número 6, Petrópolis, 1976.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
GAGNEBIN, Jeanne-Marie. Walter Benjamin. São Paulo: Brasiliense, 1993.
KATZ, Samuel Chaim etal. Quadrinhos e ideologia. Revista de Cultura Vozes, n.7. Petrópolis: Vozes, 1973.
LIMA, Luiz Costa (org.) Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra. 2000.
McCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 1995.
MOYA, Álvaro de. História da história em quadrinhos. São Paulo: Brasiliense, 1996.
PEIRCE, Charles S. Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000
SANTAELLA, Lucia, Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002
SILVA, Tomaz Tadeu da (org). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
APIVAK, Gayatri C. Can the Subaltern Speak? In: Bill Ashcroft et alli. The Post-Colonial Studies Reader. Londres: Routledge, 1997;
YÚDICE, George. Debates atuais em torno aos estudos culturais nos Estados Unidos. Artigo apresentado na ANPOLL, Grupo de Trabalho de Literatura Comparada, UFBA, 1997.



A proposta de atividade a seguir é para alunos que já são alfabetizados e que iniciaram suas produções de texto.

Os alunos tem, desde as fases iniciais, um encantamento pelos quadrinhos. As histórias tem ações rápidas, de fácil compreensão e provocam boas risadas nas crianças.

O gosto pela leitura muitas vezes começa pelos quadrinhos, pois é um tipo de texto que torna o ato de ler divertido. Há determinadas histórias que foram lidas por muitas vezes pelo mesmo aluno, pois o infante identifica-se com as personagens e situações expostas.

É importante que o professor aproveite essa fase dos quadrinhos, pois a tendência é que esse período passe, fato este necessário, uma vez que o aluno precisa ter contato com outros tipos de literatura.

Primeiramente, o professor deve selecionar algumas revistas em quadrinho, de preferência as mais antigas, pois as crianças precisarão recortá-las.

O educador distribui para cada aluno uma folha de papel A4 em branco, que deverá ser dobrada ao meio, de modo que fique com duas faces brancas.

Após a entrega das folhas, para cada aluno o professor distribuirá uma revista em quadrinhos. E então, o educador terá três opções de atividades. Vejamos:

Primeira: Pedir que os alunos escolham uma história e a reformule. Neste caso, os estudantes não poderão mudar a figura e a disposição das personagens em cada quadrinho. O único intuito nesta atividade é fazer com que eles criem novos diálogos ou até mesmo novas situações às personagens sem, contudo, modificar o ambiente, as personagens e os objetos de cada cena. Os alunos deverão recortar cada quadrinho e modificar apenas os diálogos das personagens para iniciarem a montagem da história em quadrinhos.

Segunda: Solicitar que os alunos escolham as personagens e seus posicionamentos em cada quadrinho, os objetos de cada cena, a seqüência da história, etc. Depois, os infantes deverão escrever diálogos para cada quadrinho que montou.

Terceira: Neste caso, além das solicitações da segunda opção, o professor deverá sugerir que os pupilos recortem diálogos aleatórios para sua colagem. Ou seja, o estudante não criará diálogos, mas deverá escolher ao longo das histórias dos quadrinhos falas compatíveis e mais coerentes possíveis com a cena montada.

É importante que o professor explique como o aluno deverá montar a história em quadrinhos na folha em branco e enfatize a necessidade da história ter um sentido lógico: começo, meio e fim. Além disso, o educador deverá explanar a importância da história em quadrinhos ter um objetivo: de entreter (cômico), de passar um moral (ensinamento), de fazer uma crítica (sátira), etc.

Essa atividade desenvolve a escrita, o sentido de coerência pela associação da imagem (cena) com o diálogo, a coordenação, a criatividade, o gosto pela leitura e produção de texto, além da integração entre professor-aluno e aluno-aluno.