A cada ano, cerca de 600 mil crianças com menos de 5 anos morrem na América Latina por causas evitáveis.
Há 6 milhões de desnutridos na mesma faixa etária.
Dos 237 milhões de menores de 16 anos da região, 60% são pobres.
“A pobreza aumenta o número de crianças vivendo na rua, que, por sua vez, faz crescer a violência contra menores, a prostituição e o trabalho infantil”, afirmou Marta Mauras, diretora regional do Unicef para a América Latina e Caribe.
Desde 1990 para reduzir a mortalidade infantil e materna, aumentar o número de crianças com primário completo e combater a prostituição, o trabalho e a violência contra menores.
Crianças pobres são 84 milhões na AL
A pobreza entre as crianças na América Latina, incluindo o Brasil, aumentou drasticamente na última década, de acordo com relatório divulgado ontem pelo Unicef ( Fundo das Nações Unidas para a Infância ).
Segundo o Unicef, mais de 84 milhões de crianças e adolescentes na América Latina vivem atualmente em condições de pobreza, enquanto aumenta a diferença entre os riscos e os riscos e os pobres na região.
Relatórios recentes e detalhados sobre a pobreza revelam que os programas de ajuste econômico contribuíram de modo decisivo para um declínio nos padrões de vida nos setores mais vulneráveis da sociedade, especialmente crianças e adolescentes.
A distribuição de renda na região tornou-se mais desigual a partir de 1970, de acordo com o relatório, divulgado em preparação da 3a. Conferência Hemisférica sobre Políticas Infantil e Social, que começa na próxima quinta-feira, em Santiago ( Chile ).
O relatório do Unicef nota que as crianças não são as únicas vítimas da crescente pobreza da América Latina, já que 50% da população da região vive abaixo do nível de pobreza.
O relatório ressalta que as crianças também enfrentam outros problemas sociais, incluindo trabalho infantil, abuso, violência e consumo de drogas.
Calcula-se que 120 mil crianças, muitas entre 6 e 7 anos, são empregadas como domésticas, sem receber pagamento.
Além disso, as crianças têm sofrido com a diminuição dos programas governamentais na maioria dos países. “Os programas sociais básicos, aos quais toda a criança tem direito, foram seriamente afetados na última década de acordo com o estudo.
O relatório aponta ainda que a pobreza infantil tornou-se mais um fenômeno urbano. Durante a década de 80, o número de pobres na região aumentou e até 60 milhões de pessoas, concentradas nas cidades.
O índice de mortalidade infantil permanece em mais de 50 mortes por mil nascidos vivos no Brasil. Em Cuba, são 10 mil.
Subnutrição
É uma deficiência de nutrientes essenciais e pode ser o resultado de uma ingestão insuficiente devido a uma dieta pobre; de uma absorção deficiente do intestino dos alimentos ingeridos (má absorção); do consumo anormalmente alto de nutrientes pelo corpo; ou da perda excessiva de nutrientes por processos como a diarréia, sangramento (hemorragia), insuficiência renal.
Hipernutrição
É um excesso de nutrientes essenciais e pode ser o resultado de comer demais (ingestão excessiva); ou do uso excessivo de vitaminas ou outros suplementos.
A desnutrição se desenvolve em fases: primeiro ocorrem alterações na concentração de nutrientes no sangue e nos tecidos, a seguir acontecem alterações nos níveis de enzimas, depois passa a ocorrer mal funcionamento de órgãos e tecidos do corpo e então surgem sintomas de doença e pode ocorrer a morte.
O corpo necessita de mais nutrientes durante certas fases da vida, especialmente na infância e adolescência; durante a gravidez; e enquanto a mãe está amamentando. Na velhice as necessidades alimentares são menores, mas a capacidade de absorver os nutrientes também está freqüentemente reduzida. Assim, o risco de subnutrição é maior nestas etapas da vida, e ainda mais entre pessoas economicamente desprovidas.
Avaliação nutricional
Para avaliar o estado nutricional de uma pessoa, o médico precisa conhecer a dieta e problemas médicos que possam existir, realizar um exame físico, e algumas vezes solicitar exames de laboratório - os níveis sangüíneos de nutrientes e substâncias que dependem dos níveis destes nutrientes (como hemoglobina, hormônios da tiróide e a transferrina) podem ser medidos.
Para determinar a história dietética de uma pessoa, o médico pergunta que alimentos foram comidos nas 24 horas prévias e que tipos de alimentos normalmente são consumidos. É muito comum pedir à pessoa que mantenha um diário de comida no qual ele anote tudo o que comer durante alguns dias. Durante o exame físico, o médico observa o aspecto geral e o comportamento da pessoa bem como a distribuição da gordura do corpo e avalia o funcionamento dos órgãos e sistemas.
Deficiências nutricionais podem causar várias doenças. Por exemplo:
Hemorragia gastro-intestinal pode causar anemia por deficiência de ferro. | |
Uma pessoa sendo tratada com altas doses de vitamina A para acne pode desenvolver dores de cabeça e visão dupla como resultado da concentração da vitamina A. |
Qualquer sistema do corpo pode ser afetado por uma desordem nutricional. Por exemplo:
o sistema nervoso é afetado pela deficiência de niacina (pelagra), deficiência de tiamina - vitamina B1 (beribéri), deficiência ou excesso de vitamina B6 (piridoxina), e deficiência de vitamina B12. | |
O paladar e o olfato são afetados pela deficiência de zinco | |
O sistema cardiovascular é afetado pelo beribéri, pela obesidade, por uma dieta com muita gordura que leva à hipercolesterolemia e à doença coronariana, ou por uma dieta com excesso de sal que conduz à hipertensão. | |
O trato gastro-intestinal é afetado pela pelagra, deficiência de ácido fólico e alcoolismo. | |
A boca (lábios, língua, gengivas e membranas mucosas) é afetada pela deficiência de vitaminas do complexo B e pelo escorbuto (deficiência de vitamina C). | |
A deficiência de iodo pode resultar no aumento da glândula tireóide. | |
Uma tendência aumentada para sangramentos e sintomas cutâneos como erupções, secura e inchação por retenção de líquidos (edema) podem acontecer no escorbuto, deficiência de vitamina K, deficiência de vitamina A e no beribéri. | |
Os ossos e articulações são afetados pelo raquitismo (deficiência de vitamina D), osteoporose e escorbuto. |
Fatores de risco
As crianças formam uma faixa da população particularmente susceptível à subnutrição, pois elas precisam de uma maior quantidade de calorias e nutrientes para o seu crescimento e desenvolvimento.
Elas também podem desenvolver deficiências de ferro, ácido fólico, vitamina C e cobre se receberem dietas inadequadas.
A ingestão insuficiente de proteínas, calorias e outros nutrientes pode conduzir à desnutrição protéico-calórica, uma forma particularmente severa de subnutrição, que retarda o crescimento e o desenvolvimento.
Na medida em que as crianças chegam à adolescência, suas exigências nutricionais crescem devido ao aumento das suas taxas de crescimento.
As gestantes ou mães que amamentam têm uma necessidade aumentada de todos os nutrientes para prevenir a subnutrição nelas e no seu bebê.
O bebê de uma mãe alcoolista pode ser física e mentalmente prejudicado pela síndrome alcoólica fetal, pois o abuso de álcool e a subnutrição resultante afetam o desenvolvimento fetal.
Uma criança que é amamentada exclusivamente ao seio pode desenvolver deficiência de vitamina B12 se a mãe for uma vegetariana que não come nenhum produto de origem animal.
Quem tem risco de subnutrição?
As crianças com pouco apetite. | |
Adolescentes que passam por surtos de crescimento rápido | |
Velhos | |
Pessoas que têm doença crônica do trato gastrointestinal, fígado, ou rins | |
Pessoas em dietas rigorosas por muito tempo | |
Vegetarianos | |
Pessoas com dependência de álcool ou outra droga que não se alimentam adequadamente | |
As pessoas que tomam remédios que interferem com o apetite ou com a absorção ou exceção de nutrientes | |
Pessoas com anorexia nervosa | |
Pessoas que têm febre prolongada, hipertireoidismo, queimaduras, ou câncer |
Pessoas idosas podem ficar subnutridas por causa da solidão, incapacidades físicas e mentais, imobilidade ou doença crônica. Além disso, sua capacidade de absorver os nutrientes está reduzida, contribuindo para problemas como anemia por deficiência de ferro, osteoporose e osteomalácia.
O envelhecimento é acompanhado de uma perda progressiva da massa muscular, independentemente de doenças ou deficiência dietética. Essa perda responde pela redução que acontece no metabolismo, pela diminuição do peso corporal e pelo aumento da taxa de gordura do corpo de aproximadamente 20 a 30 por cento nos homens e 27 a 40 por cento em mulheres. Por causa dessas mudanças e uma redução na atividade física, as pessoas mais velhas necessitam menos calorias e menos proteínas do que as pessoas mais jovens.
Pessoas com alguma doença crônica que cause má absorção tendem a ter dificuldade em absorver vitaminas lipossolúveis (A, D, E, e K), vitamina B12, cálcio, e ferro. As doenças do fígado prejudicam o armazenamento das vitaminas A e B12 e interferem com o metabolismo de proteínas e glicose.
Pessoas que têm doença renal, incluindo aquelas em diálise, são propensas a deficiência de proteínas, ferro, e vitamina D.
A maioria dos vegetarianos não come carne, mas come ovos e laticínios. A deficiência de ferro é o único risco desse tipo de dieta.
Vegetarianos tendem a viver mais e a desenvolver menos condições incapacitantes crônicas do que as pessoas que comem carne. Porém, a saúde melhor dessas pessoas também pode ser resultado da abstenção de álcool e tabaco e da tendência delas se exercitarem regularmente.
Vegetarianos que não consomem nenhum produto animal estão em risco de desenvolverem deficiência de vitamina B12, além de ferro.
Muitas dietas da moda afirmam aumentar o bem-estar ao reduzir o peso; porém, dietas altamente restritivas são nutricionalmente insalubres: essas dietas podem resultar em deficiências de vitaminas, minerais e proteínas; em doenças que afetam o coração, rins e o metabolismo e até mesmo em algumas mortes. Pessoas em dietas muito hipocalóricas (menos de 400 calorias por dia) não conseguem manter a saúde por muito tempo.
Entre o extremo da inanição e a nutrição adequada, há vários graus de nutrição inadequada, como a desnutrição protéico-calórica, uma das principais causas de morte em crianças nos países em desenvolvimento.
Desnutrição protéico-calórica
A desnutrição protéico-calórica é causada por uma ingestão inadequada de calorias, resultando em uma deficiência de proteínas e micronutrientes (nutrientes necessários em quantidades pequenas, como vitaminas e alguns minerais). O crescimento rápido, uma infecção ou uma doença crônica pode aumentar a necessidade por nutrientes, particularmente nas crianças que já são subnutridas.
Sintomas
Há três tipos de desnutrição protéico-calórica: seca (a pessoa está magra e desidratada), molhada (a pessoa está inchada por causa de retenção de líquidos) e um tipo intermediário.
O tipo seco, chamado marasmo, é resultante da fome quase total. A criança que tem marasmo ingere muito pouca comida, freqüentemente porque a mãe não pode amamentar e é extremamente magra devido a perda de músculo e gordura corporal. Quase invariavelmente desenvolve alguma infecção.
O tipo molhado é chamado kwashiorkor, uma palavra africana que significa "primeira criança-segunda criança". Vem da observação de que a primeira criança desenvolve kwashiorkor quando a segunda criança nasce e substitui a primeira criança no peito da mãe. A primeira criança, desmamada, passa a ser alimentada com uma sopa de aveia que tem baixa qualidade nutricional comparada com o leite de mãe, assim a criança não se desenvolve. A deficiência de proteína no kwashiorkor é normalmente mais significativa que a deficiência calórica, resultando em retenção fluida (edema), doença de pele, e descoloração do cabelo. Como as crianças desenvolvem kwashiorkor depois que são desmamadas, elas são geralmente mais velhas do que as que tem marasmo.
O tipo intermediário de desnutrição protéico-calórica é chamado kwashiorkor - marasmático. Crianças com esse tipo retêm algum fluído e tem mais gordura corporal do que as que tem marasmo.
O kwashiorkor é menos comum do que o marasmo e normalmente acontece como kwashiorkor - marasmático. Tende a ser limitado a algumas partes do mundo (África rural, Caribe, Ilhas do Pacífico, e Sudeste da Ásia) onde as comidas utilizadas para desmamar os bebês - como inhame, mandioca, arroz, batata-doce e bananas verdes - são deficientes em proteína.
A deficiência de proteína prejudica o crescimento do corpo, a imunidade, a cicatrização e a produção de enzimas e hormônios. Tanto no marasmo quanto no kwashiorkor a diarréia é comum.
O desenvolvimento comportamental pode ser extremamente atrasado na criança severamente subnutrida e pode acontecer retardamento mental. Normalmente, uma criança que tem marasmo é mais severamente afetada do que uma criança mais velha que tem kwashiorkor.
Prognóstico
Até 40% das crianças que têm desnutrição protéico-calórica morrem. A morte durante os primeiros dias de tratamento normalmente é causada por um desequilíbrio eletrolítico, uma infecção, hipotermia ou parada cardíaca.
A recuperação é mais rápida no kwashiorkor do que no marasmo.
Os efeitos a longo prazo da desnutrição na infância são desconhecidos. Quando as crianças são tratadas adequadamente, o fígado e o sistema imunológico se recuperam completamente. Porém, em algumas crianças, a absorção intestinal de nutrientes permanece comprometida. O grau de prejuízo mental está relacionado a quanto tempo uma criança ficou subnutrida, quão severa foi a desnutrição e com que idade começou