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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Deise Quintiliano propõe nova maneira de compreensão do cinema nacional em seu novo livro, com lançamento nesta segunda, dia 08, no Cine Jóia


Utilizando-se de conceito cunhado pelo inglês Daniel Frampton, autora  busca em “Filmosofia no cinema nacional contemporâneo”  uma leitura original da sétima arte, a partir da análise dos filmes “Meu nome não é Johnny” e “Cinema, aspirinas e urubus”
            A partir do conceito de “filmosofia”, criado pelo escritor, crítico e produtor inglês Daniel Frampton, em 2006, a pesquisadora e escritora Deise Quintiliano buscou fazer de seu novo livro “Filmosofia no cinema nacional contemporâneo” um manifesto em favor de uma nova maneira radical de compreensão do cinema. A autora parte da idéia de Frampton de que o cinema pensa, a câmera pensa, para além das tomadas de decisão do cineasta. Não se trata de tentar diminuir ou minimizar a representatividade do cineasta, mas de optar por uma avaliação apoiada na liberdade e na inteligência fílmica, como uma chave inédita de compreensão do que se passa no telão. O livro será lançado nesta segunda-feira, dia 08, às 18:30h, no Cine Jóia, em Copacabana, com projeção do filme "Cinema, Aspirinas e Urubus" em seguida.
Uma espécie de casamento entre filme e filosofia está na ordem do dia. A exemplo do movimento intentado por teóricos literários, nos anos 1970, atualmente, confrontamo-nos com estudiosos, acadêmicos e pesquisadores que parecem buscar a melhor e mais adequada película para dar conta dos ensinamentos de Aristóteles, de Nietzsche, de Kant, de Hegel, de Sartre, de Platão. Em regra, esses professores-filósofos preocupam-se sobremaneira com a forma como um filme contém histórias e caracterizações passíveis de precisar, pertinentemente, os conceitos filosóficos que analisam. Muitas produções na esfera do "filme-filosofia" simplesmente ignoram técnicas cinematográficas, atendo-se à trama projetada, ao roteiro concebido e à motivação dos personagens. Ao trazerem à cena o peso da filosofia acadêmica, esses escritos acabam, não raro, promovendo uma transdisciplinaridade compulsória ao associar as duas disciplinas em dessimetria, como água e óleo.
Ocorre, então, uma inversão de papeis: o filme coloca-se, aqui, a serviço da filosofia, é refém de seus pressupostos, deve mostrar uma realidade codificada, consoante às necessidades do articulista-filósofo. O filme é, assim, deixado de lado enquanto o problema é lançado e respostas são fornecidas, com finalidade didática. Esses clássicos questionamentos, todavia, negligenciam ricas possibilidades interpretativas, que são progressivamente abandonadas, estimulando os alunos a ignorarem o movimento sinestésico som-imagem, por exemplo, para se concentrarem tão somente nos personagens e no fio condutor da trama propriamente dita.
A sobrevivência dessa jovem interlocução transdisciplinar, que pode se revelar extremamente fecunda, depende de como utilizar o filme com vistas a agenciar uma real articulação entre disciplinas distintas. A filmosofia chama a atenção para o fato de que filmes representam mais do que isso, não se esgotando nos diálogos e complôs que encenam, por isso, não deve haver filmes mais ou menos afeitos à inspeção filmosófica. O trabalho de Frampton pode ser compreendido, então, como muito mais (ou muito menos) do que um catálogo de abordagem de problemas metafísicos, questionando conhecidos conceitos filosóficos.
O livro traça uma diretriz difícil, laboriosa e original, com o objetivo de extrair de dois filmes brasileiros contemporâneos uma criatividade investigativa, com claro apelo ora não mais à hermenêutica, à interpretação, mas à semiologia, à co-construção das imagens que também falam. Os filmes de eleição foram O meu nome não é Johnny (de Mauro de Lima) e Cinema, aspirinas e urubus (de Marcelo Gomes), nos quais trajetórias de personagens e a subjetividade dos protagonistas são enfatizadas.
O resultado mais concreto nesse processo de reavaliação fílmica, enquanto um pensamento, representa uma radicalização do modo de compreender o filme. Contando com o seu olhar arguto, cabe ao espectador a decisão final sobre a validade do método e a operacionalidade do conceito de filmosofia, afinal, segundo premissas filmosóficas, ele é o responsável soberano por sua vistoria do filme, tanto quanto o leitor pelos sentidos que depreende da leitura de cada livro.

SERVIÇO
08/12 – Lançamento do livro “Filmosofia no Cinema Nacional Contemporâneo”, de Deise Quintiliano, no Cine Jóia
Horário: 18:30h
Endereço: Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 680 – Copacabana
Informações:  2236-5671
Entrada franca